Theobaldo caiu no chão e Matteo olhou para Gabriel. Como se tivesse consciência depois, Gabriel correu para ver o tio, mas ao checar seus batimentos, notou que ele estava morto.
Matteo suspirou e olhou o tio ensanguentado no chão, ele parecia distante, como se não acreditasse na traição do tio, por um segundo eu senti pena. — O que vamos fazer agora?— Gabriel perguntou para o irmão. — Vou enviar o pen drive para a equipe de investigação de Milena, talvez consigam descobrir para quem estavam sendo enviadas essas informações.— Matteo disse olhando para o tio caído no chão.— Limpem essa bagunça!— ele ordenou para alguns capangas que o observavam, em seguida se retirou. Assim que Matteo sumiu pelos corredores da mansão, Gabriel me puxou em um canto. — E agora? Isso pode acabar com os nossos planos.— Gabriel sussurrou. — Não... Avise papai, ele vai saber o que fazer.— disse tranquilamente. — Certo. Gabriel se retirou e eu fiquei observando os capangas de Theobaldo o arrastarem pelo chão e limparem o sangue. Qual desculpa iram dar para a imprensa? Na verdade não tinha muita importância, havia pessoas da máfia Adsa em todo lugar, isso não seria um problema para Matteo. No dia seguinte voltamos para a casa de Matteo, ele entregou o pen drive para a sua equipe de investigação, e também pediu para tentarem descobrir quem estava ajudando Theobaldo a conseguir essas informações. Gabriel conversou com meu pai, mas o que eles iram fazer, Gabriel mantinha em segredo e eu só sabia o básico. Gabriel se ofereceu para ajudar a equipe de investigação, o que o fazia ter livre acesso para falsificar algumas informações e manter o plano em andamento. Enquanto os dias passavam, Matteo parecia mais distante e frio. Gabriel viajou a negócios com a equipe de investigação para Veneza, para investigar o computador e a casa de Theobaldo, para conseguir mais informações sobre o pen drive, enquanto eu permanecia sozinha na casa de Matteo. Tudo naquela casa era calmo demais, provavelmente Matteo não resolvia a maioria dos seus assuntos ali, porque Milena morava naquele lugar e não queria assustar a filha, o que de certa forma era um exemplo. — Se arrume!— ouvi alguém dizer, me despertando dos meus pensamentos. Olhei para a porta do quarto e vi Matteo. — Me arrumar?— perguntei confusa. — Vou viajar para uma reunião e não posso te deixar aqui sozinha. Gabriel não está aqui para ficar de olho em você e não te confiaria a mais ninguém. Se arrume. Uma empregada irá trazer uma roupa, e preciso que fique pronta em uma hora.— Matteo disse e se retirou rapidamente. Matteo era um pouco arrogante, o que ele achava? Que eu era propriedade dele? Alguns minutos depois uma empregada bateu na porta, ela deixou uma caixa e se retirou rapidamente. Peguei a caixa e coloquei em cima da cama, logo me apressei para me arrumar. Tomei um banho rápido e fui fazer uma maquiagem simples com alguns produtos que haviam no quarto. Por último coloquei o vestido e o salto que haviam trago. Quando terminei me olhei no espelho e sorri com o resultado. O vestido tinha a cor creme, era de alça, bem justo e colado no corpo. O pano do vestido era cetim, o que valorizava meus seios e minhas pernas. O vestido era curto, mas elegante e sensual. O salto por sua vez, era preto que combinava perfeitamente com minha maquiagem, que tinha tons neutros. Meus cabelos ruivos estavam soltos e um pouco encaracolados nas pontas, o que formava uma moldura perfeita para a minha pele branca. Abri a porta, e desci para o hall onde Matteo me esperava. Como de costume, ele estava de terno, tão elegante e sensual que me deixou com frio na barriga. Enquanto descia as escadas, e sentia seus olhos percorrerem meu corpo. — Está pronta?— Matteo perguntou. — Não pareço pronta?— perguntei o olhando nos olhos. Matteo me encarou, mas não me respondeu, logo se virou e saiu pela porta. Segui Matteo e o vi indo para o fundo da sua mansão. Não iríamos de carro? Quando me deparei havia um enorme helicóptero em um espaço aberto, provavelmente feito para o pouso daquelas máquinas. Entramos no helicóptero e colocamos os fones que protegiam nossos ouvidos, logo o piloto ligou a máquina e subiu. A máquina começou a voar e logo vi a grande mansão ficando pequena, ele voou sobre a Itália e eu admirava as pequenas casas lá de cima, a noite estava linda. Uma hora depois, pousamos sobre um enorme edifício e descemos do helicóptero. Matteo sem dizer nada ajeitou o terno e vimos um homem se aproximar. — Quem bom que chegou senhor, já estão a sua espera.— o homem disse e Matteo o seguiu. Segui os homens, e descemos de elevador. Quando o elevador se abriu, estávamos em um lindo restaurante, ele era muito chique, e as pessoas sentadas sob as mesas, demonstravam que não era qualquer um que habitava o local. — Por favor, sigam-me.— o homem disse e nos levou a uma mesa, onde uma mulher esperava Matteo. Ao nos ver, ela se levantou e abriu um sorriso encantador. — Matteo! Que felicidade que eu tenho ao te ver.— ela disse o cumprimentando com um beijo na bochecha. — O prazer é meu, Cristal.— Matteo disse com um sorrisinho. A mulher me encarou confusa e depois voltou a olhar para Matteo. — Não sabia que iria trazer companhia, a minha já não é suficiente?— a moça fez biquinho. Matteo sorriu, e me olhou. — Essa é Yhelena, uma amiga.— Matteo disse me encarando nos olhos. A mulher me olhou e com um sorriso falso pediu para nós nos sentarmos. Assim que nos sentamos, o garçom veio nos atender. — Boa noite, já escolheram o que vão pedir?— o garçom perguntou gentilmente. — Lagosta?— Cristal perguntou para Matteo, que confirmou com a cabeça.— Três lagostas e um vinho branco. O garçom anotou e se retirou rapidamente. — Muito bem, qual seria o motivo da reunião?— Matteo perguntou olhando para a moça. O semblante da mulher mudou e ela olhou para mim. Matteo notou o receio de Cristal ao falar sobre o assunto em minha presença, mas ele mandou prosseguir e ela continuou. — A polícia interceptou uma de nossas entregas, ao chegar na França. A heroína acabou não chegando no local, pois foi apreendida. Precisamos encontrar outras rotas para levar o produto, pois a polícia está na nossa cola.— a mulher disse quase que em um sussurro. Matteo suspirou fundo e encarou a moça. A moça tinha olhos verdes e cabelos loiros, parecia inofensiva, mas provavelmente tinha uma arma presa em sua coxa direita. Ela fazia parte da máfia de Matteo, e com certeza era uma das líderes que tomavam conta do contrabando de drogas, inteligente eu diria, quem iria desconfiar daquele rostinho angelical?! — Sei que está com muitas coisas na cabeça por causa de Milena, mas eu precisava te informar, para acharmos uma solução o mais rápido possível. Nossos clientes não podem esperar a poeira baixar, temos que seguir com as nossas entregas.— a mulher disse seriamente. — Tudo bem... Preciso pensar sobre isso, amanhã nos encontramos aqui?— Matteo perguntou. — Sim... Preciso supervisionar algumas entregas, e vou ficar na cidade por mais dois dias, vamos conversando. Vai ficar aonde está noite?— Cristal perguntou. De repente o garçom se aproximou com os pratos e nos serviu, logo se retirou novamente. — No Úsuga, é um dos melhores hotéis daqui, já reservei o quarto.— Matteo suspirou. — Estou hospedada lá também, posso te dar uma carona...— Cristal disse e Matteo concordou com a cabeça. Jantamos enquanto Matteo e Cristal conversavam das estratégias para as rotas, era cansativo ouvir eles conversarem. Quando acabamos, Cristal nos levou para o hotel e Matteo foi até a recepção retirar a chave. — Boa noite, reservei um quarto.— Matteo disse seriamente. — Senhor Matteo? É sempre um prazer.— a recepcionista disse entregando a chave para Matteo. Olhei para Matteo confusa, ele só havia reservado um quarto? Subimos no elevador, e Cristal desceu no 5° andar, enquanto eu e Matteo subimos para 11° em total silêncio. Quando descemos, Matteo logo se dirigiu para o quarto, e eu entrei ainda confusa. Matteo fechou a porta e eu fiquei parada perto da porta. Ao notar a minha confusão, Matteo me olhou enquanto desabotoava seu terno. — Sim, vamos dormir no mesmo quarto hoje. Não posso te deixar em um quarto sozinha, pois não tem ninguém para te vigiar.— Matteo disse terminando de desabotoar a blazer do terno.