O chão pareceu se mover. O ar ficou mais pesado. O tempo desacelerou.
Não é possível. Isso é impossível.
— Diana... — minha voz saiu mais rouca do que deveria.
Ela se virou, assustada. Tinha aquela expressão de quem não sabe se deve correr ou se desculpar.
— Senhor Damian? Eu... cheguei mais cedo hoje. Queria compensar a confusão de ontem...
— Venha até minha sala. Agora.
Ela hesitou.
— Eu fiz algo errado?
— Agora, Diana.
Ela engoliu seco e me seguiu com passos contidos.
Assim que a porta se fechou, a encarei com intensidade. Cada gesto dela parecia um eco do passado. Uma chave para o enigma que me foi legado.
— Você tem uma marca no ombro. Uma mancha de nascença.
Ela franziu o cenho.
— Tenho, sim. Por quê?
Me aproximei.
— Posso vê-la?
Ela recuou, insegura. Mas viu algo no meu olhar que a fez parar. Respirou fundo, afastou o tecido da blusa. E lá estava ela. A marca. A forma. A mesma imagem da fotografia.
É ela.
A criança da foto. O elo da promessa. O coração do legado.
E, talvez, o m