Fiquei ali, ajoelhado, por um segundo a mais do que devia. O som do meu próprio coração ecoava como um tambor de guerra, abafando até mesmo o gotejar lento do sangue de Gustavo.
Aquela frase... ainda dançava no ar como uma sentença:
"Você devia ter morrido com Ícaro."
Elena se aproximou, parando junto à porta. A expressão dela era de urgência contida.
- Precisamos sair. Agora.
Me levantei devagar, com os olhos ainda presos no corpo de um homem que eu conhecia há mais de uma década.
Um bom agente. Leal. Pai. Amigo.
Agora... apenas mais um número na contagem de mortos por estarem no meu caminho.
A raiva era uma coisa quente. Mas agora... era fria. Precisa. Cirúrgica.
- Estão limpando o terreno - murmurei. - Cortando os últimos fios que ainda me ligavam a algo além dessa guerra.
Elena me encarou com aquela dureza que só ela sabia usar.
- Isso não é mais uma operação, Héctor. É uma caça. E você é o animal no centro do mapa.
Ela tinha razão. Eles sabiam.
Sabiam quem eu era, onde eu estava,