Lina

A felicidade que sinto hoje parece grande demais para caber dentro do meu peito. É como se, depois de tanto tempo vivendo na escuridão, finalmente tivesse encontrado uma fresta de luz.

Nunca imaginei que seria capaz de sentir isso. Nunca imaginei que ser feliz fosse possível depois de tudo que vivi. Meu filho foi o primeiro milagre. Rodrigo... o segundo.

Minha infância foi uma cicatriz aberta. Dizer que tive uma mãe é um exagero bondoso. Aquela mulher nunca me ofereceu amor, cuidado ou sequer respeito. Ela me criou com raiva no olhar e crueldade nas mãos. O prazer dela era me machucar, como se eu fosse a raiz de todos os seus fracassos.

Lembro com clareza daquele dia em que ela chegou em casa furiosa, gritando após ser demitida de mais um emprego.

— Se você não existisse, minha vida seria diferente! — ela cuspiu as palavras com desprezo. — Você é uma maldição! Nem o seu pai te quis!

Crescer ouvindo isso quebra qualquer criança. E o pior é que, mesmo após tanta dor, ainda me