Alexander Blake ●
— Você está com cara de quem acabou de sair de um funeral, irmão. — a voz de Gaspar ecoa carregada de provocação, aquele mesmo tom insolente que ele cultivava desde moleque e nunca perdeu.
Levanto os olhos lentamente em sua direção, o semblante duro, sem paciência para o joguinho. Não digo nada, apenas tomo mais um gole da cerveja, deixando o líquido amargo escorrer pela garganta enquanto o encaro em silêncio. Gaspar não se intimida — nunca se intimida — apenas ergue uma sobrancelha, e logo um sorriso zombeteiro se abre em seus lábios, como se tivesse descoberto algo que me recuso a admitir.
— É ela, não é? — ele cutuca, a voz carregada de deboche. — Você ainda está se remoendo porque Aneliese não te dá a mínima?
Sinto a garrafa ranger em minha mão quando a aperto com força, segurando a vontade de retrucar.
— Ela tem me ignorado nos últimos três dias. — confesso por fim, a voz grave e sem paciência, antes de virar mais um gole. — Essa formalidade exagerada dela está