● Alexander Blake ●
Afrouxo a gravata devagar, como quem retira de si o peso de um dia inteiro carregado demais. O tecido desliza pelo pescoço, e num gesto automático, atiro a peça em algum canto do escritório. O espaço já não tem a menor aparência de ambiente corporativo — está mais para o rastro de um furacão. Não é difícil adivinhar o motivo: Jade passou por aqui algumas horas atrás. Eu, claro, estava ausente, preso em mais uma das intermináveis reuniões que parecem se multiplicar a cada semana. Entediada, ela deve ter mexido em papéis, aberto gavetas, talvez remexido no que não deveria. Depois, como um vendaval passageiro, foi embora. O caos ficou.
O relógio marca 16h50. A tarde escorreu pelos meus dedos, exaustiva, arrastada… mas seria injusto dizer que não houve recompensas. O almoço com Aneliese foi, sem sombra de dúvidas, a melhor parte do meu dia. Aquela pausa entre compromissos não foi apenas um intervalo, foi um respiro. Um lembrete de que existe vida além das paredes de vi