Merda.
Minha cabeça pulsa como se mil tambores retumbassem ao mesmo tempo. Tento abrir os olhos, mas a claridade me atinge em cheio. Gemei baixo, levando a mão à testa.
Por que diabos eu fui sair ontem?
Aquela memória fragmentada e o gosto amargo da culpa começavam a tomar forma. Viro o rosto, em busca de alguma pista, e então...
Pera aí.
Franzo a testa. Este não é o meu quarto.
Os olhos se arregalam. O teto, a colcha, o cheiro tudo errado.
Sento-me de supetão, ignorando a dor latejante.
Droga. Droga. Droga!
— Merda... Eu não acredito que me deixei levar por um babaca qualquer!
— Obrigado pelo "babaca qualquer" — diz uma voz rouca atrás de mim, carregada de sono e sarcasmo.
Congelo.
Sinto o sangue gelar, um arrepio percorrendo a espinha como um raio cortante. Meu estômago afunda.
Não. Pode. Ser.
Viro o rosto lentamente, temendo o que vou encontrar.
E lá está ele. Deitado, os braços cruzados atrás da cabeça, olhos semicerrados, me observando com um sorriso torto nos lábios.
— Meu Deus.