Capítulo 2
Naquela noite, Rodrigo finalmente voltou para casa. Como de costume, ele foi direto para o escritório para trabalhar em alguns documentos da empresa. Passou horas ocupado, mas estranhamente Melissa não apareceu.

Normalmente, Melissa fazia de tudo para seduzi-lo e convencê-lo a fazer amor com ela, mas naquela noite estava surpreendentemente quieta.

Rodrigo franziu a testa, levantou-se e foi para o quarto que dividiam. Ao abrir a porta, ele percebeu que Melissa não estava lá. Algo parecia fora do normal. Ele saiu do quarto e, ao descer as escadas, ouviu a voz da empregada:

— Senhora, seja bem-vinda.

Melissa respondeu com um leve aceno de cabeça e subiu as escadas. No topo, seus olhos se encontraram com os de Rodrigo.

Ele, com a voz fria e controlada, perguntou:

— Onde você estava?

Por dentro, Melissa soltou uma risada amarga. Onde ela estava? Será que ele realmente se importava?

— Fui enviar uma encomenda. — Melissa respondeu. Ela havia decidido mandar o contrato de divórcio pelo correio, mas com entrega programada. No dia em que fosse embora, o contrato chegaria às mãos de Rodrigo. Por isso, ela completou. — É um presente para você. Daqui a dez dias, você saberá o que é.

Rodrigo soltou um riso desdenhoso:

— Você sempre faz essas coisas difíceis de entender. Nós nos vemos todos os dias. Precisa mesmo recorrer a algo tão exagerado como enviar algo pelo correio?

Por fim, ele deixou escapar um "ridículo" gelado antes de retornar ao escritório.

Melissa pensou consigo mesma:

"Em breve, você não precisará mais me ver. Não haverá mais encontros diários, nem essa convivência forçada."

Em dez dias, ela partiria, e ele finalmente poderia realizar seu desejo de retomar seu caso com Agatha.

Com essa ideia na cabeça, Melissa foi para o quarto e começou a arrumar suas coisas. Roupas, sapatos... tudo o que ele havia dado a ela, Melissa decidiu deixar para trás.

Até mesmo a única foto de casamento que eles tinham foi jogada dentro de uma caixa de papelão.

Quando Rodrigo entrou no quarto, encontrou o ambiente já parcialmente vazio. Ele franziu a testa e perguntou:

— O que você está fazendo?

— Jogando coisas fora. — Melissa respondeu. — Vou me desfazer do que é velho e comprar tudo novo.

Rodrigo pegou o porta-retratos com a foto do casamento que estava dentro da caixa. Ele ergueu a moldura e perguntou:

— E isso? Como você vai comprar outra igual?

Melissa olhou diretamente para ele e disse:

— E se eu dissesse que quero tirar uma nova foto de casamento com você? Você aceitaria?

Como eles haviam se casado em segredo, nunca houve uma cerimônia oficial. Até mesmo a única foto que tinham foi tirada às pressas e de forma privada, seguindo as exigências de Agatha. Afinal, ela fazia questão de interferir em tudo, abusando do fato de ser madrasta de Rodrigo.

— Você sabe como é a relação entre nossas famílias. Não podemos tirar fotos públicas de casamento. — Rodrigo disse, jogando o porta-retratos de volta na caixa com indiferença.

O olhar de Melissa escureceu.

Rodrigo a observou de canto de olho e, de repente, disse:

— Mas, se você quiser, podemos tirar umas férias para uma nova lua de mel. Posso arranjar um tempo para isso.

Melissa ficou surpresa com o que ouviu e levantou o olhar, incrédula:

— Sério?

Rodrigo assentiu:

— Durante nossa lua de mel, eu estava ocupado demais com o trabalho. Desta vez, quero compensar você.

Antes que Melissa pudesse dizer qualquer coisa, o celular de Rodrigo começou a tocar. O toque era inconfundível: a música exclusiva de Agatha. Ele atendeu prontamente, e a voz de Agatha soou do outro lado da linha:

— Rodrigo, o horário do leilão foi adiantado. Venha agora, estou esperando por você.

— Já estou indo. — Rodrigo desligou e, sem demonstrar qualquer hesitação, virou-se para Melissa. — Jante sozinha esta noite, preciso ir ao leilão.

Dessa vez, Melissa não respondeu de imediato como costumava fazer. Em vez disso, disse:

— Eu também quero ir ao leilão. Vamos juntos.

Rodrigo franziu a testa, impaciente:

— É um evento de negócios. O que você vai fazer lá?

Melissa respondeu com um leve sorriso, mas suas palavras carregavam uma ironia sutil:

— Posso fazer companhia para sua madrasta. Ela está sempre sozinha, precisa de alguém ao lado dela, não acha?

Rodrigo estreitou os olhos, analisando-a com um olhar frio, antes de ceder com desdém:

— Se você quer tanto assim, venha.

Dentro do carro, Melissa percebeu que os enfeites no painel haviam sido trocados. Agora, tudo estava decorado em um tom de roxo, a cor que ela mais detestava, mas que era inconfundivelmente associada a Agatha.

Rodrigo notou a expressão de Melissa, mas respondeu em tom casual, como se aquilo não tivesse importância:

— Os antigos já estavam velhos. Resolvi trocar por algo novo.

Melissa deu um sorriso forçado. Sua vontade de discutir morreu antes mesmo de nascer.

Quando chegaram ao local do leilão, os convidados já haviam se acomodado. Agatha estava sentada cercada por colegas da empresa. Rodrigo caminhou diretamente até ela, sentou-se ao seu lado e começou a conversar animadamente, supostamente sobre negócios. Melissa, por outro lado, foi completamente ignorada, como se não estivesse ali.

Durante o intervalo, alguns empresários importantes convidaram Agatha para uma sala privativa. Melissa, que havia saído para atender uma ligação sobre sua recente decisão de pedir demissão, passou pelo corredor e ouviu vozes vindas da sala.

— Você está no auge da sua beleza, Sra. Agatha. Deve ser difícil ficar tão sozinha desde que seu marido morreu, não é? — Provocou um dos homens, com um tom carregado de malícia. — Você ainda é tão jovem. Como aguenta viver sem um homem na cama? Por que não deixa a gente ajudar você a resolver isso? Aposto que gosta de um pouco de diversão. Afinal, você gosta de velhos, não é?

Naquele momento, um grito de indignação ecoou de dentro da sala.

Antes que Melissa pudesse reagir, viu uma figura familiar passar rapidamente por ela. Era Rodrigo. Com passos determinados e um olhar furioso, ele abriu a porta da sala privativa e, sem hesitar, agarrou pelo colarinho o homem que havia acabado de insultar Agatha.
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