Quando o Silêncio Se Desfaz
O silêncio entre nós não era incômodo. Era denso. Quente.
Carregado de significados e não-ditos.
Após aquela noite, em que nos entregamos um ao outro como se não houvesse um amanhã, cada gesto carregava um peso novo, como se tivéssemos cruzado uma fronteira invisível e perigosa.
Leonardo estava de pé no terraço da sede da Athena, observando a movimentação lá embaixo.
Era cedo, e o sol surgia tímido entre as nuvens pesadas. O ar da manhã tinha cheiro de terra molhada, e havia um silêncio quase sagrado pairando no ambiente.
Eu me aproximei devagar, os pés descalços fazendo quase nenhum ruído no piso frio.
Ao ouvi-lo suspirar, hesitei por um momento.
Ainda estávamos aprendendo a nos ler, e, depois da intensidade da noite anterior, parte de mim não sabia como me comportar.
— Não dormiu bem? Minha voz saiu suave, como um toque na pele.
Ele virou o rosto para mim, os olhos castanhos captando a luz do sol e ganhando tons dourados.
Havia algo diferente nele