CAPÍTULO 05 – PRESA FÁCIL

Alcancei o limite mais alto possível, o anoitecer se aproximava, enquanto buscava varrer com os olhos o ambiente abaixo em busca de algum sinal do lobo que me caçava. Sabia que a contagem já havia acabado há algum tempo e ouvi suaves quebras de galhos no chão, sem conseguir identificar se vinham da fera que me procurava ou de outro animal na floresta.

Tentei acalmar minha respiração, até que uma voz grossa e ameaçadora ecoou pela fauna: - Aaaa, humaninha, é mais sagaz do que imaginei, camuflou seu cheiro! - Uma risada sinistra declarou: "Deixou as coisas mais divertidas!"

Tapei a boca quando percebi que suas patas pesadas vinham a toda velocidade em minha direção. Orei em minha mente, implorando a qualquer Deus disponível que me tornasse invisível ao meu inimigo mortal. - Vou te achar, ratinha! - Seu uivo era rouco e divertido; ele obviamente estava se deleitando em seus jogos.

Tentei subir ainda mais alto, temendo ser vista. Meus pés escorregaram no galho, fazendo-o trincar. O som crocante ecoou pela floresta, fazendo meu coração gelar. Torci para que a sede de me pegar o deixasse distraído aos sons emitidos pelo ambiente.

- TE ACHEI, MINHA PRESA! -  De súbito, pulei do galho, vendo-o escalar a árvore sem dificuldades. Seus movimentos eram ágeis, suas garras afiadas fincavam o tronco que me mantinha a alguns metros de distância do lobisomem que tentava me alcançar. Imaginei aquelas patas fincando em minhas entranhas, e o pensamento provocou mais tremores de medo. Peguei o estilete do bolso e apontei em sua direção.

- Eu não vou morrer sem lutar, está me ouvindo?! - Gritei em uma última promessa. - Serei forte pelo Conan! - Esbravejei, pedindo em uma prece aos meus pais e minha irmã que me concedessem força de onde estivessem.

- Ah, Humana, é exatamente isso que quero. Lute até definhar na minha boca, como um cervo desesperado por sua vida! - Os olhos da fera estavam dilatados, quase negros, seus pelos eriçados. Nunca havia visto um lobo tão grande, uma fera selvagem que salivava por sua presa indefesa. Em um piscar de olhos, ele alcançou o galho que me sustentava. Estávamos a pelo menos uns 8 metros de altura. Fui me afastando para a ponta do galho enquanto ele se aproximava com sutileza.

- Qual é o seu plano de fuga, coelhinha? - Com os caninos à mostra, ele explodiu em um rosnado desafiador.

- Não se aproxime, não vou hesitar em te ferir com isto! - Ergui o estilete na mão, apontando em sua direção.

Ele riu da minha postura defensiva e saltou sobre o meu corpo, nos levando bruscamente para o chão. Batemos em alguns galhos que amorteceram nossa queda, mas ao chegar ao solo, minha cabeça bateu no mato, fazendo meus sentidos girarem. O Alfa impiedoso abocanhou meu tornozelo já ferido, fazendo-me arfar de dor. Começou a me arrastar pela floresta, deixando um rastro de sangue que jorrava da minha perna entre seus dentes afiados. Tentei erguer o corpo para atacá-lo com o estilete, mas a dor na cabeça me fez cair novamente e quase desmaiar. Comecei a chutá-lo com a outra perna, forçando-o a responder com mais pressão em sua mordida. Enquanto isso, minhas costas eram arranhadas pelo chão cheio de pedras e galhos. Peguei uma pedra que havia desviado e a chutei com a perna livre, fazendo-o me encarar. Lancei a pedra diretamente em seu focinho, obrigando-o a largar minha perna e se afastar enquanto balançava a cabeça e passava a pata no local ferido.

O sangue escorreu pelo seu focinho, criando gotas em seu pelo e ameaçando manchar sua boca. Ele parou de frente para mim e se sentou, sorrindo. O sangue o tornava ainda mais ameaçador, e ele passou a enorme língua em seu nariz, provando do seu próprio sangue.

- Humana, Humana, você quer sofrer antes de morrer? - Rangeu sobre as presas.

- Por que não me devora logo? - Gritei. - Prefiro que me mate aqui e agora do que me leve de volta para perto do Conan e o obrigue a ouvir meus gritos de desespero enquanto me devora."

- É com isso que está preocupada? - Ele gargalhou. - Não teme a dor da morte?

- Temo deixar um ser inocente, como meu sobrinho, nas mãos de um psicopata como você! - Puxei a perna ferida, avaliando-a. A dor era insuportável, minha carne estava exposta. Queria gritar e chorar de dor, mas não podia ceder. Tirei a camiseta e a enrolei em volta do tornozelo, improvisando um curativo, a amarrei. Ao contrário do que imaginei, o lobo à minha frente me examinava sem impedir minhas ações. Seu olhar era analítico, percorrendo cada centímetro do meu corpo. Estranhamente, seus olhos pousaram em meus seios semiexpostos pelo sutiã de renda clara. Ele se manteve ali por alguns momentos, até que me encorajei a provocá-lo.

- Agora está me olhando de forma predatória diferente. Ambos me dão calafrios!

- Não seja convencida, humana, talvez seja o único lugar que tenha mais carne para saborear quando a devorar! - Feroz, ele ameaçou me morder novamente.

- Se você me quisesse morta, teria deixado aqueles lobos do cemitério me matarem ou teria me matado na árvore, mas está me arrastando pela floresta de volta para a cabana, por quê? - Questionei intrigada, suas ameaças não condiziam com suas ações, ele queria que eu sentisse medo, eu sentia que havia um plano por trás de suas ações.

- Vejo que sua semelhança com sua irmã vai além das aparências - Por fim, ele declarou, transformando-se em homem novamente. Sua beleza era de fato surreal; se não fosse pela dor angustiante e sua sede por me matar, poderia contemplar seu corpo esculpido.

- Agora você está me olhando de forma predatória, humana! - Havia ousadia em seus lábios levemente curvados de canto.

- Não seja condescendente, Rei Alfa. - Ignorei, dando de ombros para o seu comentário desconcertante.

Ele se aproximou, sem pedir permissão, me pegou em seus braços e voltou a caminhar sentido à cabana.

- Me solta! Você não ia me devorar? - Me contorci, tentando me soltar de seus braços fortes, sem efeitos.

- Você pode voltar se arrastando com o tornozelo quebrado ou posso te levar na boca como um cadáver morto! - Havia uma intensidade cruzando no fundo de seus olhos, do qual eu não conseguia decifrar. Me contentei em ser carregada, retornando à cabana, quando ele simplesmente me jogou no chão.

- Aii.... - Reclamei. - Onde está Conan? - Procurei com os olhos preocupada.

- Não está mais aqui! - Ele declarou frio.

- O que você fez com ele? - Tentei levantar-me com raiva, mas a dor era demasiada, me forçando a ficar onde estava. - Você deu sua palavra! - O lembrei.

"Ele está bem e seguro!" - Por fim, um lobo na entrada da cabana declarou, o mesmo que havia me ameaçado anteriormente.

- O que pretendem fazer comigo?! - Exclamei tremula.

Ao fundo, ouvi uns rugidos de longe vindos da floresta, parecia uma matilha de lobos avisando que estavam chegando.

- O que está acontecendo?! - Gritei olhando para o Alfa que fitava o lobo que antes estava na porta da cabana.

- Você, minha presa, serviu de isca para atrair seus cúmplices! - Ele respondeu irônico.

- Cúmplices? Não tenho cúmplices, já disse... Por isto você não me matou. - Olhei para o Alfa que tinha estampado em seus olhos uma fúria bizarra. - Por isto me arrastou e deixou rastros de sangue na floresta, você queria que eles me farejassem e encontrassem!

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