Capítulo 3
Olhei para o rosto de cada um deles — pessoas por quem eu tinha sacrificado tudo, pessoas que amei incondicionalmente. Agora queriam me descartar por uma estranha com o sangue "certo".

Mamãe rapidamente quebrou o silêncio:

— Claro que Alexa vai ceder a viagem para Sophia. Afinal, ela é quem mais ama a família.

Antes que eu pudesse protestar, ela continuou:

— Alexa, vá preparar o jantar. Você precisa fazer um banquete hoje para comemorarmos nossa viagem que está por vir.

Eu não aguentei mais. Levantei-me para sair.

— Comemorem sem mim. Vou jantar fora.

— Vamos embora amanhã. Vai pra onde? Já fez as malas? — Rosnou meu pai.

— O quê, os Ômegas agora são tão fracos que nem conseguem arrumar a própria mala? — Retruquei.

Alexander tentou me seguir.

— Alexa, espera…

Virei para ele, com os olhos da minha loba brilhando:

— Cala a boca.

Meu pai e Alexander ficaram paralisados enquanto eu saía.

Fui sozinha a um spa e gastei mil dólares num tratamento de beleza, depois carreguei um cartão-presente com dez mil.

Sem uma família inteira para sustentar, esta loba finalmente podia esbanjar!

Fiquei fora até a lua estar alta antes de voltar pra casa. Quando cheguei, estava tudo em silêncio.

Nenhuma mensagem da mente coletiva da Alcateia, nenhuma ligação, nenhum texto — todos estavam dormindo tranquilamente, como se nada tivesse acontecido.

Assim que empurrei a porta, minha loba rosnou furiosa por dentro.

Algumas das minhas roupas, sapatos, equipamentos de treino, medalhas de Gama e troféus de batalha tinham sido jogados no quintal como lixo.

Fui para o meu quarto. E lá estava ela — Sophia — sentada diante da minha penteadeira.

Ela usava meu robe de seda mais caro e experimentava meus colares de pedras de cura na frente do espelho.

Ao me ver entrar, ela me lançou um sorriso arrogante e desafiador:

— Irmã, você vai dormir na neve durante a viagem. Que tal já dormir no quintal agora pra ir se acostumando?

Ela continuou:

— Suas roupas e joias são lindas. Suas reservas de viagem de luxo também. Já deixei você aproveitar tudo isso por tantos anos — tá na hora de devolver tudo pra mim, não acha?

Meu sangue não estava só fervendo — minha loba gritava por sangue. Todo o treinamento de controle da raiva em combate foi por água abaixo.

Antes mesmo que eu percebesse, minhas garras estavam para fora, atingindo seu rosto e deixando um arranhão sangrento na hora.

— Aaah! — Ela gritou, me encarando com ódio. — Você ousa me bater?

Ela avançou para revidar. Mas no instante em que meus pais abriram a porta do quarto, ela fingiu cair no chão, cobrindo o rosto e chorando:

— Irmã, me desculpa, eu não queria isso... Foi a mamãe quem disse que eu podia usar seu quarto...

— Se você não quiser, eu durmo no quintal agora mesmo. — Disse ela, ainda cobrindo o rosto e fazendo drama.

Mamãe correu até ela, cheia de carinho. Meu pai me olhou com reprovação.

— Alexa, o que deu em você? Peça desculpas à Sophia agora mesmo e vá dormir no quintal!

Ele continuou:

— É para o seu próprio bem! Quando estivermos na Europa, vai estar muito frio pra dormir na neve. Dormir no quintal já vai te ajudar a se acostumar!

Fiquei firme, liberando minha aura de Gama, fazendo os lobos de Sophia e dos meus pais tremerem. Falei com firmeza:

— Quem precisa sair daqui não sou eu.

Sophia gemia no chão, cobrindo o rosto:

— Está doendo tanto... Me desculpa, mamãe, papai. A culpa é minha, deixam que eu vou embora. — Sempre se fazendo de vítima. Bem típico.

Mamãe quase chorava de preocupação:

— Vou buscar algumas ervas de cura.

Foi então que Alexander apareceu na porta. Ele olhou para nós duas, seus olhos parando no rosto de Sophia.

— O que aconteceu? — Perguntou, com a voz estranhamente distante.

— Sua companheira atacou a pobre da Sophia. — Rosnou meu pai.

Alexander me olhou com decepção nos olhos:

— Alexa, como você pôde?

Então era assim. Meu próprio companheiro tomando o lado deles.

Assim que todos saíram, selei meu quarto com pedras mágicas e ativei o sistema de segurança. Um recurso de dez mil dólares. Dinheiro bem gasto.

Arranquei toda a roupa de cama com o cheiro dela e joguei no lixo. Queimei ervas que cortavam qualquer resíduo de aroma dela. Eu não queria sonhar com o cheiro dela impregnado nos meus lençóis.

Na manhã seguinte, mamãe bateu na minha porta.

— O que foi aquilo? Passei horas para tentar entrar no seu quarto! Você acordou todo mundo na casa!

— Não fui generosa? Dei mais tempo pra você ficar com ela. Deveria me agradecer.

— Você ficou louca? Ela é sua irmã!

— Ah, agora você lembra que eu sou da família? Pensei que com a volta dela, eu já tivesse sido totalmente substituída.

Alexander estava atrás dos meus pais, com uma expressão indecifrável.

— Alexa, precisamos conversar.

— Não tenho nada a dizer a um companheiro que não está do meu lado. — Respondi friamente.

Sophia fingiu ser pacificadora:

— Por favor, não briguem. Essa viagem devia ser feliz. Não deixem que eu estrague tudo, vou me sentir péssima.

— Viu como ela é compreensiva? Diferente de você, que só sente ciúmes! — Rosnaram meus pais.

Mamãe acrescentou:

— Seu comportamento está piorando. Deixa ela ficar com sua reserva! E não repita isso de novo, vamos deixar passar dessa vez.

Papai rosnou:

— Te mimamos demais! Uma filha da Alcateia deveria saber o seu lugar, nenhuma filha se recusa a deixar os pais entrarem! Essa rebeldia merece punição. Só assim você aprenderia a respeitar!

Sam deu uma risadinha:

— Mana, com esse ciúmes e esse temperamento, nossos pais podem até recusar te ter como filha.

O irmão que eu criei e mimei com tudo.

Sophia me olhou com um brilho de triunfo nos olhos, já se imaginando no meu lugar.

Meus pais arrastaram as malas até mim:

— Anda logo, temos que sair senão vamos perder o transfer de luxo pro aeroporto. O pai adotivo de Sophia já está nos esperando no terminal.

— As malas estão no corredor. — Disse mamãe. — Você vai ficar em casa hoje organizando nossas coisas, certificando-se de que tudo esteja embalado direitinho. Depois, vá nos buscar no lounge do aeroporto.

Olhei para as dez enormes malas de grife, cinco delas pertencentes a Sophia, cada uma pesando mais de vinte quilos, e sorri:

— Claro. Podem ir. Depois que eu terminar tudo, vou buscar vocês.

Alexander hesitou antes de seguir meus pais.

— Alexa, não demore.

Enquanto todos saíam, eu os observei ir.

Que esperem.

Eu já sabia exatamente o que faria.

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