Olhei para o rosto de cada um deles — pessoas por quem eu tinha sacrificado tudo, pessoas que amei incondicionalmente. Agora queriam me descartar por uma estranha com o sangue "certo".
Mamãe rapidamente quebrou o silêncio:
— Claro que Alexa vai ceder a viagem para Sophia. Afinal, ela é quem mais ama a família.
Antes que eu pudesse protestar, ela continuou:
— Alexa, vá preparar o jantar. Você precisa fazer um banquete hoje para comemorarmos nossa viagem que está por vir.
Eu não aguentei mais. Levantei-me para sair.
— Comemorem sem mim. Vou jantar fora.
— Vamos embora amanhã. Vai pra onde? Já fez as malas? — Rosnou meu pai.
— O quê, os Ômegas agora são tão fracos que nem conseguem arrumar a própria mala? — Retruquei.
Alexander tentou me seguir.
— Alexa, espera…
Virei para ele, com os olhos da minha loba brilhando:
— Cala a boca.
Meu pai e Alexander ficaram paralisados enquanto eu saía.
Fui sozinha a um spa e gastei mil dólares num tratamento de beleza, depois carreguei um cartão-presente com dez mil.
Sem uma família inteira para sustentar, esta loba finalmente podia esbanjar!
Fiquei fora até a lua estar alta antes de voltar pra casa. Quando cheguei, estava tudo em silêncio.
Nenhuma mensagem da mente coletiva da Alcateia, nenhuma ligação, nenhum texto — todos estavam dormindo tranquilamente, como se nada tivesse acontecido.
Assim que empurrei a porta, minha loba rosnou furiosa por dentro.
Algumas das minhas roupas, sapatos, equipamentos de treino, medalhas de Gama e troféus de batalha tinham sido jogados no quintal como lixo.
Fui para o meu quarto. E lá estava ela — Sophia — sentada diante da minha penteadeira.
Ela usava meu robe de seda mais caro e experimentava meus colares de pedras de cura na frente do espelho.
Ao me ver entrar, ela me lançou um sorriso arrogante e desafiador:
— Irmã, você vai dormir na neve durante a viagem. Que tal já dormir no quintal agora pra ir se acostumando?
Ela continuou:
— Suas roupas e joias são lindas. Suas reservas de viagem de luxo também. Já deixei você aproveitar tudo isso por tantos anos — tá na hora de devolver tudo pra mim, não acha?
Meu sangue não estava só fervendo — minha loba gritava por sangue. Todo o treinamento de controle da raiva em combate foi por água abaixo.
Antes mesmo que eu percebesse, minhas garras estavam para fora, atingindo seu rosto e deixando um arranhão sangrento na hora.
— Aaah! — Ela gritou, me encarando com ódio. — Você ousa me bater?
Ela avançou para revidar. Mas no instante em que meus pais abriram a porta do quarto, ela fingiu cair no chão, cobrindo o rosto e chorando:
— Irmã, me desculpa, eu não queria isso... Foi a mamãe quem disse que eu podia usar seu quarto...
— Se você não quiser, eu durmo no quintal agora mesmo. — Disse ela, ainda cobrindo o rosto e fazendo drama.
Mamãe correu até ela, cheia de carinho. Meu pai me olhou com reprovação.
— Alexa, o que deu em você? Peça desculpas à Sophia agora mesmo e vá dormir no quintal!
Ele continuou:
— É para o seu próprio bem! Quando estivermos na Europa, vai estar muito frio pra dormir na neve. Dormir no quintal já vai te ajudar a se acostumar!
Fiquei firme, liberando minha aura de Gama, fazendo os lobos de Sophia e dos meus pais tremerem. Falei com firmeza:
— Quem precisa sair daqui não sou eu.
Sophia gemia no chão, cobrindo o rosto:
— Está doendo tanto... Me desculpa, mamãe, papai. A culpa é minha, deixam que eu vou embora. — Sempre se fazendo de vítima. Bem típico.
Mamãe quase chorava de preocupação:
— Vou buscar algumas ervas de cura.
Foi então que Alexander apareceu na porta. Ele olhou para nós duas, seus olhos parando no rosto de Sophia.
— O que aconteceu? — Perguntou, com a voz estranhamente distante.
— Sua companheira atacou a pobre da Sophia. — Rosnou meu pai.
Alexander me olhou com decepção nos olhos:
— Alexa, como você pôde?
Então era assim. Meu próprio companheiro tomando o lado deles.
Assim que todos saíram, selei meu quarto com pedras mágicas e ativei o sistema de segurança. Um recurso de dez mil dólares. Dinheiro bem gasto.
Arranquei toda a roupa de cama com o cheiro dela e joguei no lixo. Queimei ervas que cortavam qualquer resíduo de aroma dela. Eu não queria sonhar com o cheiro dela impregnado nos meus lençóis.
Na manhã seguinte, mamãe bateu na minha porta.
— O que foi aquilo? Passei horas para tentar entrar no seu quarto! Você acordou todo mundo na casa!
— Não fui generosa? Dei mais tempo pra você ficar com ela. Deveria me agradecer.
— Você ficou louca? Ela é sua irmã!
— Ah, agora você lembra que eu sou da família? Pensei que com a volta dela, eu já tivesse sido totalmente substituída.
Alexander estava atrás dos meus pais, com uma expressão indecifrável.
— Alexa, precisamos conversar.
— Não tenho nada a dizer a um companheiro que não está do meu lado. — Respondi friamente.
Sophia fingiu ser pacificadora:
— Por favor, não briguem. Essa viagem devia ser feliz. Não deixem que eu estrague tudo, vou me sentir péssima.
— Viu como ela é compreensiva? Diferente de você, que só sente ciúmes! — Rosnaram meus pais.
Mamãe acrescentou:
— Seu comportamento está piorando. Deixa ela ficar com sua reserva! E não repita isso de novo, vamos deixar passar dessa vez.
Papai rosnou:
— Te mimamos demais! Uma filha da Alcateia deveria saber o seu lugar, nenhuma filha se recusa a deixar os pais entrarem! Essa rebeldia merece punição. Só assim você aprenderia a respeitar!
Sam deu uma risadinha:
— Mana, com esse ciúmes e esse temperamento, nossos pais podem até recusar te ter como filha.
O irmão que eu criei e mimei com tudo.
Sophia me olhou com um brilho de triunfo nos olhos, já se imaginando no meu lugar.
Meus pais arrastaram as malas até mim:
— Anda logo, temos que sair senão vamos perder o transfer de luxo pro aeroporto. O pai adotivo de Sophia já está nos esperando no terminal.
— As malas estão no corredor. — Disse mamãe. — Você vai ficar em casa hoje organizando nossas coisas, certificando-se de que tudo esteja embalado direitinho. Depois, vá nos buscar no lounge do aeroporto.
Olhei para as dez enormes malas de grife, cinco delas pertencentes a Sophia, cada uma pesando mais de vinte quilos, e sorri:
— Claro. Podem ir. Depois que eu terminar tudo, vou buscar vocês.
Alexander hesitou antes de seguir meus pais.
— Alexa, não demore.
Enquanto todos saíam, eu os observei ir.
Que esperem.
Eu já sabia exatamente o que faria.