Dou um passo à frente, e ela dá um passo para trás.
Eu poderia dizer que posso explicar, mas, porra, eu não posso. É exatamente isso, e não há meias palavras para dizer a verdade. Seu pai a vendeu. O que eu poderia fazer? Deixá-la naquela casa com seu digníssimo pai e exemplar madrasta?
– Ange... – ela me interrompe.
– Me responda! – ela exige. As lágrimas fogem de seus olhos e deslizam pela pele do rosto, inchada por causa do sono.
Permaneço em silêncio. Verbalizar será ainda mais doloroso para ela.
Angelic balança a cabeça, compreendo. Ela desliza a mão pelas bochechas, de uma forma brusca, depois se vira e caminha em direção à sala.
– Angelic – chamo.
Não espero que ela seja racional. Na verdade, penso em lhe dar espaço para entender que eu fiz o melhor, considerando a situação. No entanto, quando ouço o barulho do elevador sendo acionado, sei que ela não tem os mesmos planos que eu.
Saio do escritório em passos largos, praticamente correndo até a sala. Quando chego, as portas do e