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— Chegamos, senhor. — Disse o motorista educadamente.

— Obrigado, Thomas. — Respondeu Gabriel, num tom neutro.

Ele abriu a porta e saiu do carro sem sequer lançar um olhar a Isla.

Era como se ela não estivesse ali.

Isla permaneceu no banco de trás, paralisada por um instante. Seus lábios estavam cerrados. Sua mente ainda estava confusa com as palavras que ele dissera antes, com a maneira como ele exigira que ela desse a Delphine o cargo de modelo principal do desfile.

Soltou um longo suspiro trêmulo antes de finalmente sair do carro.

Quando chegaram à cobertura, Gabriel desapareceu escada acima. Um tempo depois, ele voltou para a sala de estar, já sem o terno. Havia trocado de roupa, vestindo algo mais confortável, porém elegante. Uma calça preta com uma camisa preta justa e um paletó marrom que lhe conferia uma autoridade natural.

Isla estava sentada no sofá, com o tablet no colo. Ela navegava por novos designs de brincos, verificando as listas de pré-encomendas, tentando se distrair com o trabalho. Quando Gabriel parou na frente dela, ela ergueu o olhar.

— Não precisa me esperar esta noite. — Disse ele com casualidade.

— Vou chegar tarde.

Antes que ela pudesse responder, ele se virou e saiu.

A porta se fechou com um clique suave.

Isla o observou até que desaparecesse do corredor.

Depois balançou a cabeça lentamente.

Não adiantava discutir. Com Gabriel, as palavras sempre se voltavam contra ela.

Respirou fundo e forçou-se a voltar ao trabalho.

Terminou as tarefas, desligou o tablet e se preparava para descansar quando o celular vibrou.

O nome na tela a fez sorrir de leve: Bestie.

Era Betsy.

— Alô? — Atendeu, a voz cansada.

— Onde você se meteu, Isla? — A voz de Betsy soou do outro lado, meio irritada, meio preocupada.

— Esperei por você o dia todo!

— Me desculpe. — Isla suspirou.

— Aconteceu uma coisa e não consegui ligar. Já estou em casa. E, por favor, nem pergunte o motivo... não tenho humor pra isso.

— Casa? Quer dizer... a cobertura? — O tom de Betsy subiu, surpresa.

— Sim. — Respondeu Isla.

— Mas não se preocupe, depois te explico...

— Vamos sair hoje à noite. — Interrompeu Betsy, decidida.

— O quê? Agora? Betsy, já está tarde.

— Exatamente! — Provocou a amiga.

— Hora perfeita pra relaxar, igual aos velhos tempos. E, convenhamos, o Gabriel provavelmente está com aquela modelo agora, não é?

A menção a Delphine fez o coração de Isla apertar-se dolorosamente. A ideia de Gabriel passar a noite com Delphine queimava em seu peito. De repente, a hesitação desapareceu.

— Sabe de uma coisa? Te encontro em breve.

Ela desligou o telefone e foi direto para o quarto.

Isla abriu a mala, procurando algo que pudesse transformar seu visual para aquela noite. Encontrou uma saia curta bege e uma blusa preta de lantejoulas. Combinou com uma jaqueta marrom e calçou botas marrons de cano alto. Seus longos cabelos loiros e ondulados caíam em cascata pelas costas. Ela se olhou no espelho e sorriu para si mesma.

Naquela noite, prometeu a si mesma que iria aproveitar a noite.

Momentos depois, chegou à casa de Betsy, sua melhor amiga, que já a esperava do lado de fora, com os braços cruzados dramaticamente.

Assim que entrou no carro, Betsy a encarou, espantada.

— O que aconteceu com você? — Exclamou, fingindo choque.

— Cadê a Isla que eu conheço? Quem é essa deusa na minha frente?

Isla revirou os olhos, mas não conteve uma risada.

— Para de drama e me diz logo pra onde vamos.

Betsy sorriu maliciosa.

— Tem um clube novo inaugurando hoje. Precisamos ver. Mas aviso: sua conta bancária vai chorar.

Isla riu, balançando a cabeça.

— Boa tentativa. Você sabe que isso é impossível. E, aliás... qual seria a graça de usar a minha conta? — Perguntou, o tom leve, mas com um toque de travessura.

Betsy levou a mão ao peito, fingindo horror.

— Ah, não! Não me diga que vai usar o cartão do Gabriel outra vez!

O carro parou diante do clube, e o clima entre as duas era leve, animado.

Isla entregou a chave ao manobrista com um sorriso.

Juntas, entraram no edifício.

O lugar era diferente de tudo o que Isla já tinha visto.

Nada de barulho caótico ou gente bêbada esbarrando.

Era elegante. O ar cheirava a perfumes caros e bebidas importadas.

Claramente, aquele não era um clube comum, era um refúgio da elite, o reduto dos mais ricos de Carminton.

Um anfitrião atraente aproximou-se delas com um sorriso acolhedor.

— Sejam bem-vindas, senhoritas. Estão aqui para relaxar ou para uma reunião? Eu serei o anfitrião desta noite.

Isla e Betsy se entreolharam e riram.

— Queremos um canto privado, só nós duas. — Respondeu Betsy com ousadia, depois inclinou-se, piscando.

— Mas... você pode se juntar a nós, se quiser.

O homem riu.

— Por aqui, tenho o lugar perfeito.

Elas o seguiram pelo interior luxuoso do clube.

Mas, antes que Isla pudesse se deixar envolver pela atmosfera, seus passos hesitaram.

Sentiu um olhar sobre si. Um olhar que conhecia bem.

Virou a cabeça e parou.

Do outro lado do salão, em um canto reservado, Gabriel estava sentado com três homens. Pareciam sócios ou parceiros de negócios. Havia papéis e copos de uísque sobre a mesa.

Ele falava, até que seus olhos encontraram os dela.

As palavras morreram no ar.

Os outros homens seguiram o olhar do amigo, curiosos.

Logo viram Isla... e Betsy.

— Ah, Sr. Wyndham. — Comentou um deles com um sorriso malicioso.

— Você tem bom gosto. Mas se me permite dizer... gosto da loira. Ela é deslumbrante, não acha?

O maxilar de Gabriel se contraiu. Seu rosto escureceu instantaneamente. O olhar que ele lançou para o homem foi suficiente para parti-lo ao meio.

Mesmo sem dizer uma palavra, a tensão na sala era forte e todos podiam senti-la.
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