Isla estava no quarto, o celular pressionado contra a orelha.
— Gabriel, por favor, atenda.
Seus dedos brincavam com a barra de sua camisola enquanto esperava que o marido atendesse o telefone. Mas ele não atendeu.
Ela começou a andar de um lado para o outro pelo quarto amplo e lindamente mobiliado.
Não esperava um milagre.
Queria apenas uma coisa: que o marido estivesse presente no dia seguinte, no aniversário de casamento de seus pais.
— Beep... Deixe seu recado depois do sinal.
Nenhuma surpresa. Gabriel nunca atendia. Isla olhou para a tela e sorriu amargo: bilionário, ocupado o tempo todo; nos dois anos de casamento ela o vira menos que a própria secretária.
Mas amanhã era a data dos pais, e eles tinham deixado claro:
— Gabriel tem de vir.
Ela franziu o cenho. Se ele não desse o ar, iria sozinha. As irmãs chegariam com os maridos; seria bom tê-lo ao lado, nem que fosse só por uma noite. Era sempre assim: casamento só no papel, nem quarto compartilhavam.
Casara-se por causa do escândalo. Drogada numa festa, acordara no quarto de Gabriel; fotógrafos os flagraram de madrugada virando manchete. Para proteger a reputação impecável dos Wyndham, o avô Alfred obrigara o neto a casar.
Isla aceitara, afinal sempre o amara em silêncio. Ele só a via como amiga.
Ligou de novo. Desta vez atenderam, mas não era ele.
— Alô, desculpe, ele não pode falar agora. Aviso que ligou.
Click.
A ligação terminou. Isla estava de boca aberta, ainda tentando assimilar o que tinha acabado de acontecer. Ela reconheceu aquela voz perfeitamente. Era a de Delphine.
— Quando ela voltou? — Murmurou.
Agora ela entendeu. Ele não atendia suas ligações porque estava com Delphine.
Delphine era seu amor de infância. Mas ela o havia deixado há três anos. Embora Isla soubesse que o coração de Gabriel pertencia a outra pessoa: Delphine Winthrope, a glamorosa supermodelo que cresceu ao lado dele.
Gabriel foi claro. Ele disse que nunca poderia amá-la e que seu coração pertencia a Delphine. Mas prometeu apoiá-la de todas as maneiras possíveis.
A única coisa a que ela se apegava era a esperança. A esperança das palavras gentis de sua mãe. Elas ecoavam frequentemente em sua mente: "As coisas vão melhorar, querida. Seja paciente com ele."
Essa esperança era a única razão pela qual ela havia suportado esse casamento por dois longos anos.
Ela desistiu de ligar para ele e colocou o telefone na mesa de cabeceira. Subiu na cama, puxou as cobertas e se abraçou. Justamente quando estava prestes a desligar o telefone, a tela acendeu. Uma videochamada de um número desconhecido. Ela não sabia quem era. Seu coração disparou. Rapidamente, sentou-se encostada na cabeceira da cama. Seus dedos alisaram seus longos cabelos loiros. Com a mão trêmula, ela deslizou o botão verde para aceitar a ligação.
O som que a saudou a deixou sem fôlego. Gemidos e suspiros. O som de pele batendo contra pele.
O coração de Isla pareceu parar por alguns segundos. Ela piscou, incapaz de respirar, antes que seus olhos trêmulos e marejados se concentrassem na tela.
Não era um vídeo qualquer. Era um vídeo de Delphine com um homem que parecia Gabriel, seu marido.
O corpo dele se movia sobre o de Delphine enquanto ele segurava as pernas dela contra o peito, seus quadris impulsionando-se contra ela num ritmo que fazia o estômago de Isla revirar de dor.
— Mais rápido, Gabby. Acerte aquele ponto que me deixa louca. — Gemeu Delphine.
O homem obedeceu, seu corpo dando a ela exatamente o que ela queria.
Isla não conseguia mais assistir. Com um grito, ela jogou o telefone para o outro lado do quarto. Ele caiu com um baque surdo, mas o som dos gemidos deles ainda ecoava em sua cabeça.
Seus soluços irromperam, incontroláveis. Ela abraçou os joelhos contra o peito, balançando-se enquanto as lágrimas encharcavam seu rosto. Se soubesse que esse casamento era irremediável, jamais teria concordado com ele. Havia sacrificado dois anos de sua vida, seu coração, seu orgulho, apenas para se agarrar a algo que já estava quebrado.
E agora ela sabia que, não importa o que fizesse, Gabriel não tinha interesse em consertar nada. Delphine a havia ligado porque queria que ela visse isso com os próprios olhos.
Na noite seguinte, todos os que haviam se reunido na casa de seus pais pareciam tão felizes.
O jardim do elegante duplex dos Ainsworth estava iluminado por luzes suaves que atravessavam as árvores, lançando um brilho dourado na noite. Todas as mesas estavam decoradas com flores, e uma música leve tocava ao fundo. Os convidados riam. Pareciam todos felizes. Alguns casais davam as mãos, e o tilintar das taças preenchia o ar.
Era o trigésimo aniversário de casamento dos pais de Isla, e toda a família havia se reunido para celebrar com eles. Presentes caros e calorosas felicitações eram oferecidos aos seus pais.
Isla estava sentada quietamente em uma mesa de canto. Seu sorriso era tênue, e o coração, distante. Mal percebia o que acontecia ao redor. Sua mente ainda repetia os sons horríveis que ouvira na noite anterior.
Por mais que tentasse afastar aquilo, a lembrança voltava sempre — e partia seu coração.
— Querida. — Disse sua mãe, Diana, com suavidade, aproximando-se dela. — Por que está sentada aqui sozinha? Onde está seu marido e a família dele? Eles não disseram que viriam?
Isla rapidamente enxugou o canto dos olhos e se levantou, forçando um sorriso nos lábios.
— Claro que eles virão, mamãe. Gabriel virá mais tarde. Acho que... acho que ele teve algum trabalho no escritório.
A mãe lançou-lhe um olhar demorado, cheio de compreensão.
— Hoje é domingo, Isla. Não tente defendê-lo. Eu posso ver que você está magoada.
Isla abriu a boca para responder, para defendê-lo mais uma vez, mas as palavras não saíram. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, um alvoroço repentino começou perto da entrada. Os convidados se viraram, murmurando, enquanto o som de vozes e passos se espalhava pelo jardim.
Os olhos de Isla seguiram o barulho.
Alfred Wyndham havia chegado. E não estava sozinho. Estava com sua família. E caminhando ao lado deles, alto e imponente, estava Gabriel.
A família avançava com elegância e porte. Praticamente eram donos de quase toda Richbouph, todos sabiam disso.
O rosto de Isla se iluminou. Ela murmurou baixinho, mais para si mesma do que para qualquer outra pessoa:
— Viu, mamãe? Eu disse que eles viriam.