Capítulo 5

Dimitri caminhou pelo quarto e se deitou na cama, respirou profundamente e fechou os olhos. Permaneceu parado em silêncio, os olhos fechados por vários minutos enquanto eu o observava. 

— Então? Não quer mais fazer perguntas, princesa? — perguntou, depois do longo silencio.

Eu caminhei para perto da janela, tentando manter certa distância entre nós. 

— Por que está me sequestrando? 

— Não estou te sequestrando, você está fugindo comigo porque está apaixonada.  

Eu o encarei frustrada. 

— Está bem, princesa, não precisa fazer essa cara de triste. Estou raptando você para que se torne minha esposa. 

— E por que não lutou pela minha mão? Só faltava um homem e você com esse dom que faz com que as pessoas te obedeçam, ele não teria chance. Ainda não é tarde para ganhar minha mão honestamente. — falei, a diplomata em mim se aflorando.

Ele se sentou na cama e me encarou. 

— Se John Chase fosse um cara comum, princesa, com certeza eu não precisaria estar te raptando.  

Eu me aproximei alguns passos, sentindo que a conversa estava começando a jogar mais perguntas no ar. 

— Jonh Chase não é páreo para você. Ao menos que ele seja como você. 

— Ninguém é como ele. — murmurou Dimitri e vi a frustração em seu rosto. — Agora chega de perguntas, eu preciso de um banho. 

Então, para meu espanto, ele se levantou e começou a retirar suas roupas, eu me virei para a janela e o ouvi sorrir.

— Não é nada demais, princesa, não precisa ficar nervosa. Mas quando chegarmos na Ilha do Corvo, a primeira coisa que farei vai ser reivindicar o seu corpo. 

Ao ouvir aquelas palavras não pude refrear o impulso de me virar e protestar contra ele, mas quando fiz isso, congelei ao vê-lo completamente nu. Seus braços eram fortes e sua pele pálida, ele exibia alguns pelos pelo peitoral, e seu abdômen era repleto de músculos, e logo abaixo de sua cintura, estava seu membro completamente rígido. 

Abaixei o olhar para seus pés descalços. 

 — E se eu não quiser me casar com alguém tão atrevido quanto você? 

— Sua outra opção é John, e se você teve a impressão que eu sou atrevido... Bom, lembre-se que na tradição da ilha do Corvo o comandante faz a consumação do casamento diante de todos. 

Eu estremeci ao assimilar suas palavras.

Consumação diante de todos? Com certeza eu não sabia das tradições da Ilha do Corvo, mas isso era absurdo.

— Em sua inscrição ele disse que não viveríamos na Ilha do Corvo, e sim em Ankesth, onde ele tem suas terras. — relembrei o que ele havia dito para o rei. 

— Estou brincando, princesa! — exclamou e riu alto.   

Em seguida ele saiu do meu campo de visão e pude ouvir o barulho do seu corpo entrando na água. Me virei para a janela pensando nessas descobertas quando vi um homem chegar a cavalo na estalagem. 

Congelei ao ver John Chase desmontar de um cavalo negro e entrar na pensão. 

Eu me virei para Dimitri deitado na banheira, e quando seus olhos azuis se encontraram com os meus, ele soube. 

Imediatamente ele se ergueu da banheira e vestiu as calças, correu para a porta e a bloqueou com o guarda roupa, então se virou para mim. 

— Feche os olhos.  

Eu fechei e ele me jogou em seus ombros e correu comigo, mas abri os olhos a tempo de ver ele se lançar pela janela comigo nos ombros e gritei a plenos pulmões. 

 Quando atingimos o chão não foi forma alguma como imaginei. Dimitri conseguiu de alguma forma sobrenatural, cair de pé. Ele me levou para o cavalo de Chase e me jogou em cima dele. 

Antes que ele subisse no cavalo, uma voz o interrompeu. 

— Dimitri, seu trapaceiro desgraçado! — exclamou o comandante John Chase. 

Dimitri se virou para o homem a sua frente e sorriu levantando os braços. 

— Eu trapaceiro? Um Alfa competindo por uma princesa contra um monte de humanos e eu sou o trapaceiro?!. — acusou Dimitri. 

John o encarou e eu vi sua expressão suavizar de repente. Ele respirou fundo como se estivesse cansado demais, como se aquela discussão já tivesse acontecido várias vezes no passado. 

— Irmão, pare de tentar diminuir minha autoridade na Ilha, ou talvez eu ouça os conselhos e decapite você diante de todos.  - John Chase disse isso com uma voz mordaz. 

Dimitri estremeceu um pouco, e então olhou para mim e vi em seu rosto algo mudar. 

— É tarde demais, eu já possui ela. — declarou com toda a malícia que conseguiu. 

Eu o olhei escandalizada com sua afirmação falsa, mas novamente ele fechou aquela porta dentro de mim e eu fui incapaz de me defender. 

John Chase semicerrou os olhos e encarou Dimitri. 

 — Terei que tirar a prova então. 

Eu estremeci involuntariamente. Tirar a prova? Como assim? Eu queria gritar, falar ao menos, mas era como se eu não estivesse ali. 

— Minha palavra não basta? — indagou Dimitri. 

Chase riu com escárnio. 

— Sua palavra vale bosta. — declarou, então seu olhar cruzou com o meu. — Mas eu me contento com a dela. 

Rapidamente Dimitri se virou para mim e enviou um forte comando dizendo para que eu confirmasse. Eu usei todas as minhas forças para tentar desmenti-lo, mas aquela batalha já estava perdida há muito tempo. Antes que eu abrisse a boca para mentir por ele, o comandante levantou uma mão. 

— Quando ela estiver longe de sua influência, é claro. 

Dimitri bufou. 

— Fique aqui e pegue seu barco pela manhã, pode voltar para Ilha do Corvo. Eu mesmo informo sua desistência do torneio, não seria nenhuma surpresa, já que eu era seu adversário.  

O comandante John estava zombando de Dimitri, zombando com a verdade. Naquele momento percebi que Dimitri sabia que não o venceria no torneio e por isso usou de artimanhas. 

O homem que havia me raptado deu uma última olhada em mim e se afastou a passos largos de volta para a estalagem. Quando ele se afastou, eu senti uma corrente se quebrar entre nós.  

Essa corrente se quebrando foi forte o suficiente para sacudir todo o meu corpo e me fez cair do cavalo. O comandante se moveu em uma velocidade fora do comum e me segurou em seus braços enquanto eu perdia totalmente a consciência.

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