Capítulo 6

Eu acordei com a luz do sol queimando meu rosto, quando abri os olhos vi que estava sobre o cavalo do comandante, seus braços fortes estavam ao meu redor guiando o animal por uma estrada.

— Que bom que acordou princesa. — disse ele atrás de mim.

— Para onde estamos indo?

— Para o palácio é claro, não se preocupe, ninguém sabe que você fugiu, sua cunhada Hera a rainha encontrou sua carta e interditou o andar do seu quarto dizendo que você pegou uma virose muito contagiosa, e que apenas a criada dela cuidaria de você, é claro que com o sumiço de Dimitri eu presumi que ele tinha sequestrado você, e isso se confirmou quando vi a guarda pessoal da rainha recebendo ordens secretas para sair em uma busca fora do palácio.

Então Hera havia acobertado tudo... eu não gostava dela, mas sua atitude inteligente havia me poupado de voltar sobre grande vergonha.

Então algo me incomodou.

— O que ele fez comigo? ele espetou o polegar na minha nuca e desde então não consegui mais resistir a ele.

— Dimitri nasceu com o que chamamos de talento da serpente, ele produz no corpo dele um veneno poderoso que influencia na vontade dos outros, basta ele furar com o polegar em alguma parte do corpo do individuo e seu veneno é injetado.

— Como diabos isso é possível?

Ele parou o cavalo perto de um rio e desceu com um pulo, se virou para mim e estendeu a mão para que eu descesse, eu aterrissei com os pés na grama e olhei para seus olhos escuros.

— Por que paramos?

— Ainda falta muito para chegar em Castle real, talvez você queira tomar um banho.

Eu corei imediatamente, e estava há vários dias sem banho, andando pela floresta com aquele estrume do Dimitri, meu vestido estava todo cheio de lama e rasgado em vários partes, meu cabelo completamente desgrenhado, e eu com certeza não precisava de um espelho para saber que meu rosto não estava melhor que minhas roupas.

— Eu trouxe esse vestido que comprei no caminho, acho que serve em você. — John Chase passou um tecido para mim, a costura era simples, um vestido de camponesa, e ainda assim estava muito melhor do que eu estava usando.

Eu fiquei muito grata a ele, mas não o agradeci em voz alta.

Ele apontou para a direção do rio e eu segui para onde ele apontava, quando comecei a caminhar para dentro de uma trilha eu ouvi o barulho da agua corrente, mas quando olhei para trás vi o comandante me seguindo.

— O que você pensa que está fazendo?

Ele me encarou como se fosse óbvio.

— Não pode me assistir tomar banho! — protestei.

Ele riu e levantou as mãos.

— Não sou nenhum pervertido princesa, é para sua própria proteção, tem animais perigosos aqui nessa mata.

— O único animal perigoso aqui nessa mata é você comandante. — rebati.

Quando falei isso ele me encarou e pareceu impressionado, sua expressão se tornou mais divertida e ele deu alguns passos em minha direção.

— Mais um motivo para me querer por perto, se eu sou tão perigoso assim. — ele disse isso a poucos centímetros de mim, seu olhar fixo nos meus, nossos rostos perto demais, quando ele falou eu pude sentir seu hálito quente em meu rosto, seu olhar negro como ônix, aquilo tudo fez meu coração acelerar, e vi aquele sorriso de canto novamente se pronunciando em seu rosto.

— Sei me cuidar. — retruquei e me virei de costas para ele, mas sua mão agarrou meu braço e me puxou de volta para ele, me fazendo bater contra seu peito sólido, dessa vez meu coração acelerou ainda mais e minha respiração também acelerou.

— Você é muito atrevida princesa, porém sua honra não está em perigo comigo, ao menos não hoje. — pronunciou o comandante com o rosto a centímetros do meu, seu olhar estava fixo em minha boca, e com isso meu olhar recaiu sobre a sua, seus lábios eram perfeitos.

Eu fiquei paralisada em seus braços enquanto ele me prendia naquele olhar, até que consegui sair do meu torpor e rebater suas palavras.

— Minha honra? e como sabe que tal honra ainda existe? — plantei a dúvida.

Ele sorriu e inclinou seu rosto em meu pescoço e inspirou meu cheiro, meu corpo todo paralisou com esse gesto inesperado, o que diabos ele estava fazendo?

— Suja, porém não suja dele. — murmurou em meu pescoço.

Eu o empurrei com força.

— O que diabos isso quer dizer!

— Quer dizer que sei que sua honra está intacta, então pare de tentar jogar comigo.

Eu o encarei e o que vi em seus olhos foi um homem decidido a me acompanhar, eu estava muito necessitava de um banho e agora minha única alternativa era ceder a ele, e confiar de que realmente minha honra estava a salvo, ao menos hoje.

Bufei me sentindo derrotada e me virei de volta para a trilha que levava até o riacho.

Quando chegamos ao riacho o comandante manteve uma distância respeitosa de mim, quando eu olhei em seus olhos antes de tirar minhas roupas ele acenou com a cabeça e se virou de costas.

Eu fiquei por longos minutos olhando para ele para ter certeza de que ele não se viraria, ele não se moveu nenhum centímetro, mesmo não me sentindo segura o bastante ainda eu me inclinei e retirei o vestido sujo, andei até o riacho e a agua fria foi uma benção depois do sol forte da estrada, eu mergulhei molhando meu cabelo sujo.

Enquanto nadava pensei na loucura que minha vida havia se tornado desde que começou esse maldito torneio, e um fato que eu ainda não havia prestado atenção me ocorreu.

Não havia mais torneio, Dimitri havia desistido e John seria declarado vencedor...

Eu emergir da agua e olhei em sua direção de costas, eu teria que me casar com o homem que matou Cristhofer...

Isso parecia tão errado... de tantas maneiras.

Mas até eu tinha que reconhecer que ele havia me salvado de Dimitri, o comandante era um homem assustador, porém ele parecia seguir alguma espécie de código de honra, e certamente Dimitri seguia suas próprias vontades... isso em homens era algo muito perigoso.

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