AIYANA
Meus olhos não conseguiam se afastar do cadáver. Durante semanas ele foi tudo, mentor, carcereiro, pai postiço, carrasco. Parte de mim ainda esperava que ele se levantasse com um sorriso zombeteiro, dizendo que aquilo fazia parte do plano. Mais uma ilusão.
Mas ele não se moveu.
— Me desculpe — a voz de Josefina veio baixa, quase gentil. — Eu não aguentava mais ouvir a voz dele.
Ela se ajoelhou ao meu lado, os olhos fixos nos meus. Não havia mais o sorriso sádico, nem a frieza. Apenas um cansaço sombrio. Uma exaustão muito velha para uma garota tão jovem.
— Era como agulhas dentro da cabeça — continuou. — Uma tortura por ano, desde que me entendo p