Capítulo 6 — Pequena Ajuda

Kyra

Estava de volta à mansão, quarto horas antes do meu previsto e confesso que tive mais tempo para organizar certas coisas. Enquanto separava alguns documentos, lembrei de Julie e de como ela era tão frágil. E desde que cheguei aqui, aquela foi a primeira vez que vi Liam sendo gentil com a filha.

Após pagar a mensalidade do apartamento — já mobiliado, por um milagre — olhei o saldo da minha conta e ainda tinha um saldo de mais de três mil dólares. O que signava, que eu poderia pagar aos poucos, comprar roupas novas e guardar para ir levando até o dia do pagamento.

Aproveite e sair novamente. A sensação de que eu estava sendo seguida, estava me incomodando mais do que eu gostaria. Olhei para trás e não vi ninguém. A rua não estava deserta, pois eu sempre evito esses tipos de lugares; vazios, escuros e sem saída. Ele pode estra em qualquer lugar, me caçando como se eu fosse uma fugitiva. Entrei na primeira loja que vi, fingi interesse em um vestido e percebi quando passou um homem, procurando pelos arredores. Meu corpo gelou, eu sabia que ele não demoraria para vir atrás de mim.

— Boa tarde, a senhorita gostou de alguma peça? Temos alguns vestidos, sapatos, tudo que desejar.

Observei o lugar com calma e percebei que entrei no lugar certo. Um brecho, e melhor do que eu esperava. Havia sapatos, vestidos, calças e afins... novos, por um preço ótimo. Com a ajuda da atendente, escolhi alguns vestidos longos, calças jeans, blusas de frios e casacos, bastante casacos. Alguns tênis, um salto e duas bolsas. Além de uma mochila e um guarda chuva. Isso me custou apenas U$400 dólares. Antes de sair, percebi que escondido atrás da bancada, vendia canivete, adagas, spray de pimenta, arma de choque e afins...

Não foi difícil comprar uma arma de choque, spray de pimenta e um canivete, enfim... menos U$75 dólares. Não desisti de seguir meu caminho. Por fim, o homem havia sumido da minha vista. Entrei em outra loja, apenas para comprar uma lingerie, calcinhas e perfumes. Eu adoro andar cheirosa e bem vestida.

Cheguei por volta das 15:20h, mas antes que eu pudesse reagir, percebi que já haviam voltado. Julie correu para me abraçar ao me ver. Enquanto seu pai, permaneceu rígido.

— Eu irei guardar lá em cima até a hora que eu for embora. Espero que não se importe, senhor Blackthorne.

Liam

Ela estava me testando. E todas às vezes que ela ousava me chamar de senhor Blackthorne, me sangue fervia e eu queria reagir. Mas como? Se minha filha estava sempre por perto.

— Sabe que pode voltar quando quiser, senhorita Lystem. — Ela queria brincar, e talvez eu esteja afim de distração. — Aliás, gostaria de saber se poderia dormir aqui hoje. Eu tenho um compromisso de última hora.

— Claro. — Ela não me encarou, fingiu como se eu nem estivesse ali.

— Sinta-se à vontade, por favor. — Sussurrei em seu ouvido, passar por ela, que percebi o estremecer do seu corpo. — Não quero que se sinta uma estranha. Aqui você não é.

— Estranho... porque eu me lembro bem do contrário. Mas não vamos voltar ao assunto, senhor Blackthorne. Por favor. Agradeço a hospitalidade, mas dispenso. A não ser, quando for necessário.

— Como quiser, senhorita!

— Ah, e eu não aceitei aquele dinheiro como desculpas. Irei pagar cada centavo ao senhor.

Antes que eu pudesse responder, ela me deu às costas e subiu apressada para o "seu" quarto.

— Papai, por que a Kyra não foi com a gente?

— Porque ela tinha que resolver um assunto urgente. Mas eu prometo que dá próxima vez ela vai com a gente. — Minha Julie estava radiante, embora vê-la todos os dias me lembrasse que eu estava diante do espelho da sua mãe, confesso que Kyra está se saindo bem melhor do que eu imaginei.

— Ela pode jantar comigo hoje? — Seus olhos brilhantes me encaravam, com o silêncio súbito, esperando apenas uma resposta positiva.

— Claro, se ela aceitar.

Alguns minutos depois, Kyra estava preparando Julie para o jantar. Ouvi as duas conversando através da porta que estava entreaberta.

— Kyra, por que você nunca janta com a gente? Por que você não dorme mais aqui? — Sorri, ao perceber que minha filha tinha a liberdade que eu desejava.

— Porque agora eu tenho uma casa, pequena. E eu sempre janto com vocês, todos os dias.

Então era isso... ela não estava tendo onde dormir há quando tempo? Me questionei em silêncio, observando enquanto ela levava os cabelos de Julie.

— Mas eu estou falando de você jantar com a gente. Você vai embora, Kyra? — Kyra a olhou nos olhos, sorriu e respondeu com a mais pura sinceridade que eu já vi.

— Agora não. Isso significa que terei bastante tempo para você. E adivinha? Hoje vamos dormir juntinhas. Eu vou te contar várias histórias que eu aprendi só para você.

O toque insistente do celular, me tirou do transe e me levou onde eu deveria estar com a minha atenção. Era Jovin, um dos acionistas que ja estava no escritório.

"Onde você está, cara? A reunião vai começar em alguns minutos. E não podemos começar sem você." — A mensagem chegou rápida, assim como suas ligações incessantes. Mas eu sou o dono e não podem começar sem mim.

Já era quase 19h e eu estava mais que atrasado. Não encontrava a chave do carro, até Kyra aparecer de repente.

— Julie acabou de adormecer. — Ela disse sem me olhar diretamente.

— Me ajuda a encontrar minhas chaves, por favor.

E como mágica, ela as encontrou em menos de um minuto. E ao me entregá-las, me olhou como se desafiante a si mesma.

— Você é mais essencial do que eu gostaria de admitir, senhorita Lystem.

— Eu vou adrir a isso como um elogio.

Sem nada a dizer, segui diretamente para a sala onde magnatas me esperavam. Mas, por mim, ficaria em casa apenas observando seus movimentos. Porque essa mulher, está me enlouquecendo sem saber, ou se sabe, ela gosta de brincar com perigo.

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