- Naquela noite ele me pegou no quarto, enquanto eu dormia... – ela limpou as lágrimas, fazendo questão de dizer olhando nos nossos olhos – Simplesmente retirou a coberta de cima de mim e pegou-me pelo braço, levando-me para o escritório. Raramente acontecia no mesmo lugar... E nunca foi no meu quarto.
- Certamente ele tinha medo que você gravasse... Ou conseguisse qualquer tipo de provas... Por isto trocava o lugar. – Pensei alto.
- Eu fiquei feliz quando entrei no escritório – ela sorriu – Sim, pela primeira vez na vida agradeci por ele ter chegado naquela hora e ter me pego... Porque eu sabia que seria o fim de tudo. Quando ele me pôs sobre a mesa, de... De... – ela começou a gaguejar a parecia que a voz não sairia.
Jorel a afagou e disse, chorando inconformado:
- Não precisa contar os detalhes, porra!
- Eu preciso... Porque me calei a vida inteira... – ela engoliu a saliva, parecendo querer limpar a garganta – Ele deitou a parte superior do meu
- E ele pode não crescer mais? – Perguntei – Nunca mais?- Sim... Isto confirmaria que o tratamento o qual fui voluntária foi um sucesso – ela sorriu – Mas não acredito nisto.- Então por que fez?- Porque eu tenho uma filha de 4 anos e não quero que ela saiba no futuro que morri sem tentar.- Não fale besteiras. – Pedi.- Gabe, quando eu me for, quero que você fique com ela.- E eu? – Jorel falou como um menino de cinco anos, até os olhos eram de piedade.- Você será o melhor tio do mundo. Mas não está preparado para assumir uma criança como Rarith, que exige muita responsabilidade.- Ela tem um pai. – Observei.- Sei que ninguém iria contra você, Gabe.- Ele sim. É a filha dele! Ou... Não?- Como eu gostaria de dizer que não... Mas infelizment
- Que porra é isto na sua mão? – Jorel perguntou enquanto observava minhas mãos no volante do Pagani.- Nada! – Tentei retirar a mão esquerda, que ele puxou com força, decifrando as letras de forma atenta.Ouvi a gargalhada de meu irmão, que riu até que as lágrimas caíssem dos seus olhos.- Acha isto engraçado? – fui sério, já que não via motivo algum para deboche – Estamos num lugar perigoso, para pagar a porra das suas dívidas e você se atreve a rir?- Não estou rindo da situação em que estamos! Estou rindo da porra que você fez no dedo! Estava chapado? Fez isto com uma arma apontada na sua cabeça? Olívia o obrigou? Mas... Vocês não estão se divorciando?Eu não respondi. E nem precisava dar satisfações a ele.- Gosta dela tanto assim
Ele começou a rir e acabei rindo também.- É sobre isto, Jorel... Vai encontrar a pessoa.- E como vou ter certeza que é ela?- Tendo! Seu coração vai bater mais forte quando olhar nos olhos dela. E sentirá algo estranho, como se o sangue fervesse e descesse pelas suas costas, bem no meio da espinha... E tudo vai para o seu pau.- Cara, isto é amor à primeira vista! Esta baboseira não existe.- Você acredita em alguma coisa? Já amou algo ou alguém?- Eu acredito que o 7 é o meu número da sorte. E eu amo o som da bolinha na roleta... E também amo o croupier, quando ele diz “Número 7. Vermelho. Ímpar. Primeira dúzia!”- Você é um idiota!Diminuí a velocidade ao entrar na rua de terra batida e imediatamente os olhos se voltaram para nós. Era uma daquelas vielas q
POV OLÍVIA- Ninguém neste mundo é meu amigo... Tudo que o senhor faz é para o meu bem... Preciso me sobressair nesta sociedade cada vez mais capitalista, onde quem manda é o dinheiro e não as relações. Eu sou o futuro da família Clifford. E não posso confiar em ninguém, nem mesmo nos meus irmãos. Sentimentos são as piores fraquezas de um homem!Durante aqueles três dias que Gabe esteve no hospital, já era a segunda vez que falava aquela mesma frase, como se tivesse decorado com a alma.Senti a lágrima morna escorrer pela minha bochecha e cair no dedo dele, exatamente na letra “O”, de “Olívia”, que ele havia tatuado no dedo anelar.- Volta para mim... – Implorei – Eu achei que conseguiria ser forte, mas descobri que não consigo viver sem você, Gabe!- Senhora Clifford, acabou o horário de visita. – A enfermeira disse, com o olhar pesaroso.- Ele falou – expliquei – Ele falou uma frase inteira, com as palavras claras...- Já observamos ele dizer algumas coisas, mas... É de forma involu
- Não! – eu ri, percebendo que meu Gabe estava de volta.- Não quero saber como sobrevivi, nem o que foi feito para me salvar – Gabe deixou claro para o médico – Me sinto bem. Quero ir para casa!Ele tentou levantar e o doutor disse:- Nem pensar, senhor Clifford. Só irei liberá-lo depois de novos exames.- Eu... Preciso trabalhar! – Alegou.- Está louco, Gabe? – Fiquei furiosa. Como ele conseguia pensar em trabalho se estava há três dias no hospital?- Ficará aqui até amanhã, no mínimo, senhor Clifford!- Não, não vou ficar! – parecia uma criança teimosa.- Sim, você vai ficar! – Deixei claro – Se o médico disse que não é seguro, não irá para casa agora.Gabe, a contragosto, não me contestou e voltou a deitar na cama:- Você... Ficará comigo?- Para sempre! – Garanti, não contendo as lágrimas – Por toda a vida!Nunca senti tanto medo como quando eu soube que ele havia sofrido um acidente. Então eu entendi que perder Gabe seria a pior coisa que poderia me acontecer na vida.O médico n
- Não há nada que ligue oficialmente Rowan Irons e nosso pai, seja ele em nome de pessoa física ou jurídica. – Isabelle concluiu fechando o notebook depois de uma minuciosa pesquisa.- E não oficialmente? – Jorel questionou-a.- Se eu disse “oficialmente”, é óbvio que “não oficialmente” entra junto. – Ela explicou.- Na verdade não... Você teria que dizer que nada ligava e pronto. O “não oficialmente” neste caso não precisaria ser usado.- Eu... Estou mesmo ouvindo isto? – Gabe perguntou, atordoado – Você está discutindo com a aprendiz de adolescente algo tão insignificante?- Exatamente – Jorel olhou para o irmão – O “não oficial” é insignificante... Insípido e inodoro também.- Quê? – Isabelle olhou para
- E eu quero? – Gabe arregalou um pouco os olhos, demonstrando certa hesitação.- Não quer?- Sim, eu quero... Mas não pensei que pudesse ser assim... De forma “oficial”... E não, eu não quero discutir aqui o teor da palavra “oficial” dentro do meu discurso. – Brincou.- Vamos lá, Gabe! – Rael provocou – Acho até que deveria pedir a mão de Olívia oficialmente.Gabe fez cara feia para o amigo, que logo desfez o sorriso sarcástico do rosto.- Pode alegar a Rowan que deseja falar sobre o divórcio mesmo! – dei minha opinião.- O que você acha disto tudo? – Rael olhou para Rita, querendo saber a opinião de minha irmã.Rita respirou fundo e disse de forma direta:- Não gosto de você, Gabe. E tenho todos os motivos do mundo para isto.- Eu j&aacut
POV GABEQuando Ernest entrou no quarto, senti imediatamente o ar ficar rarefeito. Era bem difícil para mim olhar para aquele homem e não o culpar. E o pior que não era pelo que aconteceu no passado. Mas porque por dez anos da minha vida eu botei na cabeça que o odiava e que por conta dele havia perdido Mônica e o bebê.Não sabíamos ao certo quanto tempo levaria para Rowan chegar e precisávamos de alguma forma manter Ernest ali para que o encontro entre os dois pudesse acontecer.Na casa do lago, quando percebi alguns momentos de preocupação paterna de Ernest com relação à filha, como quando me deu um soco, cheguei a pensar que poderia estar sendo injusto com aquele homem. E eu amava Olívia com todas as minhas forças, o suficiente para entender que era capaz de “minimizar” o acontecido no passado com o pai dela em nome daquele sentimento.