- Você... Dormiu com a sua própria irmã? – Um nó se fez na minha garganta, como se nada mais pudesse passar por ela, nem mesmo a saliva.Ele riu, de forma debochada. Aos poucos o riso foi ficando mais forte, se tornando uma gargalhada, que me feria quase como uma facada. Do nada o sorriso se desfez em seus lábios e me olhou, as íris num tom azul intenso parecendo o mar num dia de sol... Que escondia a pior das tormentas.- Aneliese não é minha irmã!Desviei os olhos dos dele, ainda mais confusa. Era como se eu tivesse que implorar por cada frase que quisesse ouvir. E não que eu não estivesse disposta a perguntar... Eu só não sabia por onde começar.- Sou filho de Lars Clifford, pai de Gabe e Jorel.- Mas...- Lars conheceu minha mãe e eles se apaixonaram. Mas ela era pobre. A família jamais aceitaria o casamento deles. Então ele casou com a mãe de Gabe e Jorel, porque ela tinha um sobrenome e posses. Logo depois do casamento, minha mãe descobriu que estava grávida. Mas Lars Clifford s
- Eu... Duvido que você sinta qualquer coisa por Rarith! – falei, inconformada com o que aquele homem me dizia.- Quer saber o restante? Eu ainda não terminei!- Por que quer me contar tudo isto?- Não acha que sairemos daqui, não é mesmo? – me encarou, num tom debochado – Por acaso acredita que eu lhe contaria tudo isto e depois nos despediríamos e eu ficaria aqui esperando a polícia me prender? – Gargalhou.- Não sou tão ingênua assim, Rowan.- Que bom! Só assim não cria expectativas quanto ao que fará nas próximas horas, já que sabe que estará morta.Engoli em seco e falei, numa tentativa:- Pode... Fazer suas exigências.- Isto nunca foi um sequestro, Olívia. Você veio aqui por sua própria vontade, para saber a verdade. Não tenho exigências.- Então... – tentei engolir a saliva, que não desceu pela garganta – Pretende se matar?- Não deixei isto claro? Fiquei em silêncio, tentando assimilar aquela parte. Cheguei a pensar que Rowan me deixaria em seu domínio e pediria dinheiro em
- Talvez! – Rowan falou num tom debochado – Talvez tenha sido ela. Ou não! E pouco me importa. Estou feliz que Ernest esteja morto. E que nem precisei fazer isto com minhas próprias mãos.Meneei a cabeça, ainda atordoada. Não era possível que Rose pudesse ter nos enganado por tanto tempo!- Entende agora que seu paizinho nunca foi santo?Sim, ele tinha razão! No que Rose era tão melhor que meu pai? Ambos aceitaram receber dinheiro em troca de causar um acidente, sabendo que certamente ocasionaria mortes. Porém Rose foi pior, porque quando soube que meu pai contaria a verdade, decidiu que acabaria com ele, para não ser envolvida na situação e pagar pelo que fez.Eu não sabia se sairia daquela viva. Mas caso conseguisse me livrar de Rowan, jamais contaria à Rita e Isabelle o que a mãe delas foi capaz de fazer. Elas não mereciam sofrer da forma como eu sofria naquele momento. Na verdade, seria ainda mais doloroso para elas, porque Rose era a mãe, a mulher que as gerou e pariu.- Você...
- Morrerei em minutos, por sangramento maciço e perda de consciência rápida.- Mas tem outra veia aqui, mais perigosa ainda... – Apertou um pouco mais o vidro com o qual me ameaçava.- Não é uma veia, é uma artéria... A carótida.- Hum, eu não sabia que era uma artéria. Parece que você ia bem nas provas de Medicina.- O sangue sai em jatos pulsantes... A morte se dá em segundos, por falta de oxigênio no cérebro.- Existe alguma forma de sobreviver?- É improvável, mas não impossível. Se o corte foi superficial, atingindo apenas a jugular externa e alguém pressionar o ferimento imediatamente com um pano limpo... Há chances.- Acha que Gabe faria isto? Ele saberia como salvá-la?- Eu... Não sei. – Fui sincera.Mas uma coisa eu percebi: ele não sabia a diferença entre a jugular e a carótida, nem o local de cada uma. Ao menos o um ano que estudei medicina parece que me preparou só para uma coisa: aquele momento.- Ligue imediatamente para Gabe. E falará o que eu mandar. – Apertou o vidro
Quando cheguei na casa, minha respiração estava ofegante. E não fiquei daquele jeito pelo fato de correr, já que eu tinha o hábito de me exercitar diariamente. Mas correr de terno e sapato era simplesmente a coisa mais difícil de se fazer.Joguei meu blazer longe e em seguida me desfiz da gravata. Simplesmente chutei a porta com toda minha força, fazendo com que se abrisse, deparando-me com Olívia e Rowan na sala principal.Como não esperava encontrá-los ali e entrar de forma tão fácil, fiquei imóvel por alguns minutos. Foi quando Rowan conseguiu me surpreender, retirando um revólver da cintura e apontado para Olívia.Senti minhas pernas trêmulas e as batidas do meu coração em cada veia que fazia parte do meu corpo.- Deixe-a ir embora – pedi – Ela não tem nada a ver com isto tudo.- Como não, Gabe? – Rowan riu de forma debochada.- Seja homem ao menos uma vez na vida, Rowan.- Eu sempre fui. Você que não soube ser.Dei um passo para frente, adentrando na casa, o que fez com que Rowan
- Sabe que ela não sairá viva, não é mesmo, Gabe?- Você que não sairá vivo! – Olívia revidou, entredentes, ainda sendo contida por ele, com a arma na sua cabeça.- Eu não sairei vivo, com certeza. E um de vocês irá comigo. Mas serei bondoso o suficiente para deixar o outro – riu – Afinal, que graça teria se um não ficasse para sofrer? Aliás, acho que já fiz minha escolha. Olívia morre e Gabe fica. Ele é mais sentimental. – Riu, com deboche.- Qual o seu problema?- Como se sente sabendo que eu serei o responsável pela morte das duas mulheres que você amou?Engoli em seco, confirmando que ele estava envolvido na morte de Mônica. E certamente Ernest também, como cúmplice. Provavelmente em troca de dinheiro deixou a estrada sem sinalização para facilitar que o acidente acontecesse.- Por quê? – minha voz mal saiu – Por que a matou?- Porque ela não queria mais você – me encarou com seriedade – Ela sempre me amou. E quando Mônica pegou o resultado do teste de gravidez, achou que brincarí
- Nosso o pai o escolheu para tomar conta dos negócios... Sequer me deu uma chance! Ele não foi muito justo! – Rowan continuou, enquanto apontava a arma para Olívia, tão próximo da piscina que um passo o faria cair dentro dela.Geralmente haviam boias dentro ou próximas. Mas como Rarith não estava ali, certamente os empregados tiraram todas. A profundidade da piscina era 2 metros na parte mais funda. E talvez 1,5 na mais rasa. Era possível resgatar Olívia com facilidade, se eu tivesse tempo.- Este papo de filhinho abandonado não me convence em nada, Rowan. Poupe sua tristeza e discurso patético para outra pessoa, quem sabe seu terapeuta, porque eu não sou seu pai. E sinceramente, estou me fodendo para ele. O odeia? Entre na fila!As sirenes anunciavam que a polícia já estava na propriedade e pelo jeito com todo pelotão da cidade.- Ligue para Aneliese e me deixe falar com Rarith. – Rowan pediu, num tom não tão seguro e longe de ser sarcástico.- Não! – Fui enfático, principalmente po
Me arrastei com o pouco de força que ainda me restava até a borda da piscina enquanto Olívia tentava, sem sucesso, se manter na superfície, batendo os braços com agonia, como se aquilo fosse impedi-la de ser tragada pela água.Me joguei na piscina e, tentando esquecer a dor insuportável que me atingia, a puxei, numa tentativa de fazê-la alcançar a borda. Em pouco tempo Olívia estava segura. Quanto a mim? Bem, eu pouco me importava. Já fazia um tempo que eu tinha percebido que a vida dela valia mais do que qualquer coisa, principalmente a minha.Ironicamente a pessoa que eu queria fazer sofrer, a fim de que atingisse meu maior inimigo, foi quem me deu um novo rumo para a vida... E me ensinou sobre um sentimento que até então eu achava conhecer, mas que não conhecia: o amor.Eu me mantinha calmo, apesar de tudo, e desta forma conseguia preservar meu corpo de certa forma boiando, enquanto o sangue que escorria do meu corpo tingia a água da piscina de um tom vermelho vivo, que em breve se