- Que porra é isto na sua mão? – Jorel perguntou enquanto observava minhas mãos no volante do Pagani.
- Nada! – Tentei retirar a mão esquerda, que ele puxou com força, decifrando as letras de forma atenta.
Ouvi a gargalhada de meu irmão, que riu até que as lágrimas caíssem dos seus olhos.
- Acha isto engraçado? – fui sério, já que não via motivo algum para deboche – Estamos num lugar perigoso, para pagar a porra das suas dívidas e você se atreve a rir?
- Não estou rindo da situação em que estamos! Estou rindo da porra que você fez no dedo! Estava chapado? Fez isto com uma arma apontada na sua cabeça? Olívia o obrigou? Mas... Vocês não estão se divorciando?
Eu não respondi. E nem precisava dar satisfações a ele.
- Gosta dela tanto assim
Ele começou a rir e acabei rindo também.- É sobre isto, Jorel... Vai encontrar a pessoa.- E como vou ter certeza que é ela?- Tendo! Seu coração vai bater mais forte quando olhar nos olhos dela. E sentirá algo estranho, como se o sangue fervesse e descesse pelas suas costas, bem no meio da espinha... E tudo vai para o seu pau.- Cara, isto é amor à primeira vista! Esta baboseira não existe.- Você acredita em alguma coisa? Já amou algo ou alguém?- Eu acredito que o 7 é o meu número da sorte. E eu amo o som da bolinha na roleta... E também amo o croupier, quando ele diz “Número 7. Vermelho. Ímpar. Primeira dúzia!”- Você é um idiota!Diminuí a velocidade ao entrar na rua de terra batida e imediatamente os olhos se voltaram para nós. Era uma daquelas vielas q
POV OLÍVIA- Ninguém neste mundo é meu amigo... Tudo que o senhor faz é para o meu bem... Preciso me sobressair nesta sociedade cada vez mais capitalista, onde quem manda é o dinheiro e não as relações. Eu sou o futuro da família Clifford. E não posso confiar em ninguém, nem mesmo nos meus irmãos. Sentimentos são as piores fraquezas de um homem!Durante aqueles três dias que Gabe esteve no hospital, já era a segunda vez que falava aquela mesma frase, como se tivesse decorado com a alma.Senti a lágrima morna escorrer pela minha bochecha e cair no dedo dele, exatamente na letra “O”, de “Olívia”, que ele havia tatuado no dedo anelar.- Volta para mim... – Implorei – Eu achei que conseguiria ser forte, mas descobri que não consigo viver sem você, Gabe!- Senhora Clifford, acabou o horário de visita. – A enfermeira disse, com o olhar pesaroso.- Ele falou – expliquei – Ele falou uma frase inteira, com as palavras claras...- Já observamos ele dizer algumas coisas, mas... É de forma involu
- Não! – eu ri, percebendo que meu Gabe estava de volta.- Não quero saber como sobrevivi, nem o que foi feito para me salvar – Gabe deixou claro para o médico – Me sinto bem. Quero ir para casa!Ele tentou levantar e o doutor disse:- Nem pensar, senhor Clifford. Só irei liberá-lo depois de novos exames.- Eu... Preciso trabalhar! – Alegou.- Está louco, Gabe? – Fiquei furiosa. Como ele conseguia pensar em trabalho se estava há três dias no hospital?- Ficará aqui até amanhã, no mínimo, senhor Clifford!- Não, não vou ficar! – parecia uma criança teimosa.- Sim, você vai ficar! – Deixei claro – Se o médico disse que não é seguro, não irá para casa agora.Gabe, a contragosto, não me contestou e voltou a deitar na cama:- Você... Ficará comigo?- Para sempre! – Garanti, não contendo as lágrimas – Por toda a vida!Nunca senti tanto medo como quando eu soube que ele havia sofrido um acidente. Então eu entendi que perder Gabe seria a pior coisa que poderia me acontecer na vida.O médico n
- Não há nada que ligue oficialmente Rowan Irons e nosso pai, seja ele em nome de pessoa física ou jurídica. – Isabelle concluiu fechando o notebook depois de uma minuciosa pesquisa.- E não oficialmente? – Jorel questionou-a.- Se eu disse “oficialmente”, é óbvio que “não oficialmente” entra junto. – Ela explicou.- Na verdade não... Você teria que dizer que nada ligava e pronto. O “não oficialmente” neste caso não precisaria ser usado.- Eu... Estou mesmo ouvindo isto? – Gabe perguntou, atordoado – Você está discutindo com a aprendiz de adolescente algo tão insignificante?- Exatamente – Jorel olhou para o irmão – O “não oficial” é insignificante... Insípido e inodoro também.- Quê? – Isabelle olhou para
- E eu quero? – Gabe arregalou um pouco os olhos, demonstrando certa hesitação.- Não quer?- Sim, eu quero... Mas não pensei que pudesse ser assim... De forma “oficial”... E não, eu não quero discutir aqui o teor da palavra “oficial” dentro do meu discurso. – Brincou.- Vamos lá, Gabe! – Rael provocou – Acho até que deveria pedir a mão de Olívia oficialmente.Gabe fez cara feia para o amigo, que logo desfez o sorriso sarcástico do rosto.- Pode alegar a Rowan que deseja falar sobre o divórcio mesmo! – dei minha opinião.- O que você acha disto tudo? – Rael olhou para Rita, querendo saber a opinião de minha irmã.Rita respirou fundo e disse de forma direta:- Não gosto de você, Gabe. E tenho todos os motivos do mundo para isto.- Eu j&aacut
POV GABEQuando Ernest entrou no quarto, senti imediatamente o ar ficar rarefeito. Era bem difícil para mim olhar para aquele homem e não o culpar. E o pior que não era pelo que aconteceu no passado. Mas porque por dez anos da minha vida eu botei na cabeça que o odiava e que por conta dele havia perdido Mônica e o bebê.Não sabíamos ao certo quanto tempo levaria para Rowan chegar e precisávamos de alguma forma manter Ernest ali para que o encontro entre os dois pudesse acontecer.Na casa do lago, quando percebi alguns momentos de preocupação paterna de Ernest com relação à filha, como quando me deu um soco, cheguei a pensar que poderia estar sendo injusto com aquele homem. E eu amava Olívia com todas as minhas forças, o suficiente para entender que era capaz de “minimizar” o acontecido no passado com o pai dela em nome daquele sentimento.
Olívia fez as apresentações e os dois se cumprimentaram com um simples aceno de cabeça. O silêncio de no máximo um minuto que pairou no ar pareceu de dez.- Eu... Creio que tenha me chamado para falar algo importante – Rowan foi direto – Devo voltar mais tarde? – olhou para Olívia e depois para Ernest.- Não... Eu e meu pai já estamos de saída. – Olívia explicou, vindo até mim e pedindo que a chamasse assim que a conversa encerrasse.Ela saiu com Ernest e enfim fiquei frente a frente com Rowan. E o objetivo inicial nem era aquela conversa franca entre nós dois, mas era o que aconteceria.- Quero saber como está a situação entre você e Aneliese. Lembro que a última vez que nos falamos, mandei que pedisse o divórcio.- Não lembro de termos nos falado – ele sorriu – lembro apenas
POV OLÍVIAFizemos nossas malas mais uma vez. Meu destino desta vez era a casa de Gabe. Rose, meu pai e Isabelle voltariam para nossa antiga casa e Rita havia decidido ficar morando com Jai por um tempo. Os dois acabaram se dando muito bem e dizer que não tive certo ciúme de meus dois irmãos seria uma puta mentira. Mas embora eu sempre me desse bem com minhas duas irmãs, Isabelle sempre foi quem eu tive mais intimidade, mesmo com nossa diferença de idade.Jai não estava em casa naquela tarde, aposto que propositalmente, e eu e Rita acompanhamos Isabelle, Rose e nosso pai até a nossa antiga residência.O motorista retirou as malas do carro e as pôs para dentro da casa, que estava vazia. Rose olhou para tudo e disse, pesarosa:- Já estou com ranço desta casa!- Eu... Preciso falar com você. – Papai disse, hesitante, enquanto Isabelle subia as escadas corrend