capítulo 100

Narrado por Ravi

Era pra ser mais um dia qualquer. Mais um whisky no escritório, mais uma noite dormindo abraçado naquela porra de paz inventada. Mas quando a mensagem chegou, eu soube. A paz tinha prazo. E o meu venceu.

— “Encontro marcado. 23h. Galpão do cais. Vai sozinho.” —

Só isso. Nenhum nome. Nenhuma assinatura. Mas eu sabia. Sabia o cheiro do submundo. Sabia o gosto da armadilha. E fui.

Cheguei antes. Camisa aberta, cigarro no canto da boca, pistola na cintura e o diabo nos olhos. Sozinho? Sempre.

O galpão tava escuro. Mas quem me esperava… já tava ali. Dois homens. Ternos italianos, cabelo alinhado, olhar de quem nunca precisou sujar as mãos. O terceiro… esse era o perigo. Sentado na sombra. Fumando puro. Sotaque carregado no silêncio.

— "Ravi Trajano Telles... O nome que sobreviveu ao inferno."

— "O nome que virou dono dele." — respondi.

Ele riu. Mas não de humor. Riu como quem já sabe o final da história.

— "A gente quer te propor uma cadeira. Alta. De chefia."

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