Narrado por Ravi
Era pra ser mais um dia qualquer. Mais um whisky no escritório, mais uma noite dormindo abraçado naquela porra de paz inventada. Mas quando a mensagem chegou, eu soube. A paz tinha prazo. E o meu venceu.
— “Encontro marcado. 23h. Galpão do cais. Vai sozinho.” —
Só isso. Nenhum nome. Nenhuma assinatura. Mas eu sabia. Sabia o cheiro do submundo. Sabia o gosto da armadilha. E fui.
Cheguei antes. Camisa aberta, cigarro no canto da boca, pistola na cintura e o diabo nos olhos. Sozinho? Sempre.
O galpão tava escuro. Mas quem me esperava… já tava ali. Dois homens. Ternos italianos, cabelo alinhado, olhar de quem nunca precisou sujar as mãos. O terceiro… esse era o perigo. Sentado na sombra. Fumando puro. Sotaque carregado no silêncio.
— "Ravi Trajano Telles... O nome que sobreviveu ao inferno."
— "O nome que virou dono dele." — respondi.
Ele riu. Mas não de humor. Riu como quem já sabe o final da história.
— "A gente quer te propor uma cadeira. Alta. De chefia."
—