Ela ficou me olhando. Um tempo. O peito ainda subindo e descendo com a respiração pesada, o suor escorrendo entre os seios, mas os olhos? Frios. Lúcidos. Claros como faca limpa.
— “Ok.” — ela disse, lenta. — “Deixa eu ver se eu entendi.”
Se afastou um pouco. Desceu do meu colo. Pegou a camisola caída no chão e jogou por cima do corpo, mas sem vestir de verdade. Só pra fingir que tinha alguma proteção entre a pele dela e o mundo.
— “Antes, tu transportava carga pra traficante. Era mula de luxo. Depois virou empresário. Lavou nome, lavou dinheiro. Criou fachada. Saiu da lama com terno e gravata.”
Deu um passo.
Outro.
Os pés descalços batendo no chão do escritório como se cada pisada dissesse “não me enrola”.
— “E agora…” — ela arqueou uma sobrancelha. — “Tu quer virar Don. Don da máfia. Sentar na cadeira do velho, derrubar ele, e assumir o império. É isso?”
Assenti. Firme.
Ela cruzou os braços. O decote da camisola gritando mais alto que qualquer argumento.
— “E tu quer que e