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8 Capítulo: Uma Trégua Silenciosa e Sombras no Horizonte

Os dias que se seguiram à conversa franca com Ethan estabeleceram uma nova dinâmica na mansão, marcada por uma trégua silenciosa e uma distância respeitosa.

Noan aceitou as palavras de Ethan, por mais dolorosas que fossem, e se concentrou em seu trabalho e em Tian. Ele se esforçava para ser profissional e discreto, evitando qualquer comportamento que pudesse ser interpretado como uma busca por algo mais.

Ethan, por sua vez, manteve sua rotina reclusa, mas Noan percebia sutis mudanças em seu comportamento. Ele parecia menos distante com Tian, por vezes até mesmo parando para observar o menino brincar no jardim com um olhar quase nostálgico. Com Noan, suas interações eram ainda formais, mas havia um tom menos áspero em sua voz, e seus olhos ocasionalmente se demoravam em Noan por um instante antes de se desviarem.

Tian, como sempre, era o catalisador de momentos inesperados de leveza. Em uma tarde, enquanto Noan ajudava Ethan a organizar alguns documentos no escritório, o menino invadiu a sala correndo, tropeçou no tapete e caiu nos braços de Ethan, que estava agachado para pegar uma pasta.

Por uma fração de segundo, o rosto de Ethan se iluminou com um sorriso genuíno ao abraçar Tian, antes de sua expressão voltar à habitual seriedade. Noan observou a cena em silêncio, sentindo uma pontada de calor no peito.

Noan encontrava conforto e propósito em cuidar de Tian e em manter a casa impecável. Ele se dedicava às suas tarefas com afinco, encontrando uma certa paz na rotina. Ethan parecia notar sua dedicação, e em algumas ocasiões, Noan o ouviu fazer pequenos comentários positivos para Jonathan sobre seu trabalho.

Uma manhã, Noan acordou com Tian tossindo e com o rosto quente. A febre do menino subiu rapidamente, deixando Noan preocupado. Ele tentou acalmá-lo e procurou por algum remédio na casa, mas não encontrou nada adequado para uma criança. Hesitante, decidiu procurar Ethan.

Encontrou o empresário no escritório, concentrado em seu trabalho. Noan se sentiu hesitante em interrompê-lo, mas a preocupação com Tian falou mais alto.

"Senhor Ethan, me desculpe incomodar, mas o Tian não está se sentindo bem. Ele está com febre alta, e eu não encontrei nenhum remédio para criança na casa."

Ethan ergueu a cabeça, a testa franzida. Ao ver a expressão preocupada de Noan, sua postura se suavizou. "Febre alta? Vamos ver."

Ele seguiu Noan até o quarto de hóspedes, onde Tian estava deitado na cama, tossindo e choramingando. Ethan se aproximou da cama e colocou a mão na testa do menino, franzindo a testa.

"Ele está quente mesmo. Jonathan, peça para Sofia preparar uma compressa fria. Noan, você tem algum remédio que costuma dar a ele?"

Noan explicou que havia ficado sem. Sem hesitar, Ethan pegou o telefone e ligou para alguém. "Preciso que você traga alguns medicamentos infantis para febre o mais rápido possível... Sim, para a mansão."

Enquanto esperavam, Ethan permaneceu no quarto, observando Tian com uma expressão preocupada. Ele até mesmo se sentou na beira da cama e começou a contar uma história para o menino, sua voz surpreendentemente suave e gentil. Noan observava a cena com gratidão, sentindo um calor inesperado em seu coração.

Quando o medicamento chegou, Ethan instruiu Noan sobre a dosagem e permaneceu por perto até ter certeza de que Tian estava mais confortável. Aquele momento de preocupação compartilhada criou um laço sutil entre eles, uma demonstração de que, apesar de suas reservas, Ethan se importava com o bem-estar de Tian.

Alguns dias depois, Liam ligou novamente, sua voz carregada de preocupação. "Noan, você está bem mesmo? Esse silêncio está me deixando apreensivo."

Noan o tranquilizou, contando sobre a doença de Tian e a inesperada ajuda de Ethan. Liam pareceu um pouco menos desconfiado, mas ainda o alertou para ter cuidado.

Em uma tarde tranquila, enquanto Noan e Tian passeavam pela praia, uma figura familiar surgiu ao longe. Era um homem alto e corpulento, com um semblante severo e um olhar frio. O coração de Noan gelou. Era seu pai.

O Sr. Damian caminhou em direção a eles com passos firmes, seu olhar fixo em Tian. Noan sentiu um medo paralisante o invadir. O que seu pai estava fazendo ali? Como ele os havia encontrado?

"Noan", disse o Sr. Damian, sua voz carregada de desaprovação. "O que você está fazendo aqui com essa criança..." Seu olhar se fixou em Tian com desdém.

Noan se colocou na frente do filho, protegendo-o instintivamente.

"Pai, o que você quer?"

"Eu vim buscar meu neto. Você não tem condições de criar essa criança sozinho. É meu dever como avô garantir que ele tenha um futuro decente diferente de você."

As palavras de seu pai eram como facadas, revirando antigas feridas. Noan sentiu a raiva borbulhar em seu peito. "Ele está bem comigo, pai. Nós estamos bem."

"Bem? Você está trabalhando como empregado doméstico em uma mansão isolada! Isso não é vida para uma criança!"

A discussão se intensificou, atraindo a atenção de Ethan, que observava a cena da varanda da mansão. Noan sentia-se encurralado, o medo de perder Tian o consumindo.

De repente, Ethan desceu as escadas da varanda e caminhou em direção a eles, sua expressão séria e determinada. Ele parou ao lado de Noan, colocando uma mão protetora em seu ombro.

"Senhor?", perguntou Ethan, sua voz firme e autoritária, encarando o Sr. Damian. "Posso saber o que está acontecendo aqui?"

O Sr. Damian olhou para Ethan com desconfiança, avaliando-o de cima a baixo. "Quem é você? Isso não é da sua conta."

"Eu sou Ethan, o dono desta propriedade. Noan e Tian estão sob minha proteção. Se o senhor tiver algum problema, terá que falar comigo."

A presença imponente de Ethan e o tom firme de sua voz intimidaram o Sr. Damian. Ele hesitou por um momento, antes de lançar um olhar furioso para Noan.

"Isso não acabou, Noan. Eu vou voltar."

Com essas palavras, o Sr. Damian se virou e se afastou, deixando Noan e Ethan parados na praia, sob o olhar curioso de Tian. A sombra do passado havia retornado, ameaçando o frágil equilíbrio que eles haviam começado a construir à beira do oceano.

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