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Revelações e Decisões -

— Volte para o quarto e fique com as crianças, Laura. Eu cuido disso. — A voz de Lucas era cortante, deixando claro que aquilo não era um pedido, mas uma ordem.

Laura hesitou, mas assentiu lentamente. Não era o momento de discutir. Ele desapareceu rapidamente pelas escadas, a tensão estampada em cada movimento. Ela tentou se convencer de que deveria obedecer e voltar para as crianças, mas a curiosidade era mais forte. Algo estava acontecendo naquela casa, algo maior do que ela podia entender, e ela precisava saber o que era.

Movendo-se silenciosamente, Laura desceu atrás de Lucas, mantendo distância suficiente para não ser notada. Quando chegou perto do escritório, viu a porta entreaberta e o som abafado de vozes exaltadas.

— O que está fazendo com isso? — Lucas perguntava, a voz grave e carregada de frustração.

— Isso? — Vanessa respondeu, com um tom de ironia cortante. — Estou tentando entender como você deixou isso aqui, tão à vista. — A palavra "isso" foi acompanhada de um som de algo sendo colocado sobre a mesa.

Laura se aproximou o suficiente para ver através da fresta da porta. Vanessa segurava uma fotografia. Laura imediatamente reconheceu a imagem: era dela com as crianças no jardim, tirada naquele dia do piquenique. Lucas havia deixado a foto sobre a mesa, junto de outros papéis.

— Eu tirei essa foto porque achei que capturava um momento feliz para meus filhos, Vanessa — explicou Lucas, tentando manter a calma. — Não tem nada a ver com você.

Vanessa bufou, jogando a foto de volta na mesa.

— Nada a ver comigo? Tudo tem a ver comigo, Lucas! Você acha que eu sou cega? Que não vejo o que está acontecendo aqui?

— O que exatamente você acha que está acontecendo? — rebateu Lucas, cruzando os braços, a raiva evidente em seu tom.

Vanessa avançou um passo, o olhar cheio de uma fúria contida.

— Você está deixando essa mulher se aproximar demais. Ela não é só a babá, Lucas. Ela está se intrometendo na nossa vida, na nossa família.

Lucas suspirou, passando a mão pelos cabelos.

— Vanessa, nós não somos uma família. Você precisa parar com essa obsessão de achar que somos.

O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Laura sentiu o estômago revirar. Estava ouvindo algo que não deveria.

Vanessa deu uma risada amarga.

— Não somos uma família? Pois então, Lucas, talvez isso mude sua perspectiva. — Ela deu um passo à frente, cruzando os braços. — Eu estou grávida.

As palavras pairaram no ar como uma bomba prestes a explodir. Lucas deu um passo para trás, chocado.

— O quê? — Ele piscou, como se estivesse tentando processar o que acabara de ouvir.

— Isso mesmo — continuou Vanessa, com um sorriso frio. — Estou esperando um filho seu. Agora, Lucas, você vai ter que tomar uma decisão. Chega de jogos. Chega de fugir. Ou você oficializa nossa união, ou eu...

— Ou você o quê, Vanessa? — Lucas a interrompeu, a voz firme.

Vanessa estreitou os olhos, mas não respondeu. O silêncio era cheio de tensão, cada segundo parecendo uma eternidade. Laura prendeu a respiração, suas mãos suadas enquanto tentava entender o que aquilo significava.

Por dentro, ela sabia que aquele momento mudaria tudo.

De volta ao quarto das crianças, Laura fechou a porta atrás de si, o coração batendo como um tambor. As palavras de Vanessa ecoavam em sua mente: "Estou grávida."

Ela tentou acalmar a mente. Não era seu problema. Não tinha nada a ver com ela. Mas o tumulto interno não a deixava em paz. Lucas parecia preso entre dois mundos, e agora, mais do que nunca, ela sabia que não havia espaço para ela naquela casa.

Sentando-se na beira da cama, Laura olhou para Theo e Shofia, dormindo tranquilamente. Eles eram o motivo pelo qual ela hesitava em partir, mas agora, ela não via outra saída. Sua mãe estava piorando, seu irmão precisava de ajuda, e Lucas... bem, Lucas já tinha problemas suficientes para resolver.

Ela respirou fundo, passando a mão pelo rosto. Amanhã, de manhã cedo, ela iria embora. Faria as malas silenciosamente e deixaria a casa antes que qualquer um percebesse.

Mas, enquanto tentava se convencer disso, uma pontada de culpa a atingiu. As crianças. Como elas reagiriam quando acordassem e descobrissem que ela não estava mais lá?

Eu estou fazendo isso por eles também, ela se lembrou. Sua mãe precisava dela. Seu irmão dependia dela. E ela não podia mais ignorar sua própria vida.

Mais tarde naquela noite, enquanto arrumava suas coisas silenciosamente, uma batida suave na porta a fez congelar.

— Laura? — Era Lucas.

Ela fechou os olhos por um momento, tentando decidir se deveria responder. Mas sabia que ele não iria embora até que ela abrisse.

— Sim? — respondeu, tentando soar normal enquanto abria a porta do quarto.

Lucas estava parado ali, o olhar cansado, mas mais suave do que antes.

— Eu só... queria me desculpar por antes. Não deveria ter gritado com você daquele jeito.

Ela balançou a cabeça.

— Está tudo bem. Você tinha razão. Eu não deveria ter me envolvido.

Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos.

— Não é isso. Você está aqui para cuidar das crianças, mas acabou entrando no meio de algo que... que já estava quebrado muito antes de você chegar.

Laura não respondeu, sentindo que não era sua posição dizer nada.

— Só quero que saiba que eu confio em você, Laura. E as crianças confiam em você. Não quero que isso mude.

Ela forçou um sorriso, mas por dentro, sua decisão já estava tomada. Amanhã, ela iria embora, por mais difícil que fosse.

Laura terminou de arrumar sua pequena bolsa, colocando-a discretamente ao lado da porta do quarto. Mas enquanto olhava para a pequena bagagem, uma dúvida começou a surgir. Ela estava realmente fazendo a coisa certa?

Antes que pudesse responder a si mesma, ouviu novamente passos pelo corredor. Dessa vez, não eram de Lucas, nem de Vanessa. Eram passos leves, apressados, mas decididos.

Quando ela abriu a porta, a visão a fez estremecer: Shofia estava parada ali, os olhos arregalados e as mãos segurando um pedaço de papel.

— Laura... você vai embora? — perguntou a menina, a voz carregada de tristeza.

Laura engoliu em seco, tentando encontrar as palavras certas, mas nada saiu. Tudo o que ela podia fazer era olhar para a menina e sentir o peso de sua decisão se tornando insuportável.

 

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