POV: LAUREN
Cheguei à mansão arrastando os pés, com o corpo e a alma em pedaços. Cada passo era como carregar o peso do mundo nas costas. Meus olhos estavam inchados de tanto chorar no caminho. Eu não conseguia respirar direito, o peito apertado, sufocado por uma dor que queimava por dentro.
Subi direto para o quarto, sem trocar uma palavra com ninguém. Comecei a jogar as roupas na mala com movimentos rápidos, desajeitados, desesperados. Minhas mãos tremiam. Tudo parecia girar. O ar no quarto estava denso, quase irrespirável. Meus dedos agarravam os tecidos como se, de alguma forma, isso fosse me dar controle sobre a situação. Mas eu estava despedaçada.
Foi então que ouvi um soluço atrás de mim. Me virei e vi minha mãe parada na porta. O rosto dela estava pálido, os olhos marejados.
— &Eacut
POV: LAURENDei um passo à frente, estendendo os braços, mas ele recuou, os olhos brilhando de dor e medo. Meu peito apertou com a rejeição dele.— Eu te amo, você sempre será o meu filho. — Eu continuei sentindo minha voz falhar. — E, claro que poderá ver sua irmã. Nada mudará isso.— É uma menina? — Ele parou de recuar. Seus olhos se arregalaram em surpresa e, então, desceram lentamente até minha barriga. Ele a encarou como se só agora percebesse a realidade. — Eu quero vê-la todos os dias. Quero brincar com ela, cantar para ela dormir... dar banho, contar histórias. Você não pode ir embora. Eu não vou deixar. Quero a vovó aqui também!— Theodor, por favor, me escute... — Eu tentei mais uma vez, sentindo meu corpo inteiro estremec
POV: LAURENErgui a cabeça de imediato, sem saber se tinha ouvido certo. Meus lábios se entreabriram, sem conseguir processar o que ele havia dito.— Theo... você é muito novo para entender. — Eu falei com dificuldade, tentando manter a calma. — Esse bebê não tem o sangue do seu tio e...— E daí? — ele me interrompeu, com a voz embargada, os olhos marejados fixos nos meus. — O tio Henry me cria como filho, e ele não é meu pai. Mas me ama como se fosse!— É diferente, garotão... você tem meu sangue, sendo meu sobrinho. — Henry suspirou pesado, se levantando e puxando Theo para um abraço.Mas Theodor o afastou com força.— Então tira o meu sangue! — ele gritou, esticando o braço com raiva. — Pode tirar
POV: LAURENEle se virou então para Carter, apontando o dedo com indignação, a voz embargada, mas cheia de uma coragem que parecia maior do que ele.— Eu achei que você protegeria nossa família. Que cuidaria da fada e da minha irmã como cuida de mim! — A voz dele se quebrou em um soluço, mas ele continuou. — Mas só porque elas não têm o seu sangue, você acha que pode jogar as duas fora?! Eu te odeio por isso!Antes que qualquer um de nós pudesse reagir, Theodor virou-se e saiu correndo, socando a porta do quarto com força antes de se trancar lá dentro. O som reverberou por toda a casa.Fiquei imóvel, como se meu corpo tivesse sido desligado. Minhas mãos tremiam, meu peito ardia e o silêncio que se instalou foi ensurdecedor. Eu não sabia o que dizer. Não sabia o que faze
POV: HENRYFiquei parado um longo tempo observando o carro se afastar, em completo silêncio. O som dos pneus na estrada parecia distante demais, abafado pela pressão no meu peito. Eu não conseguia me mover, não conseguia pensar em mais nada além da imagem dela indo embora. Lauren. Minha Lauren.Minhas mãos estavam frias, mas mesmo assim passei os dedos pelos cabelos, tentando conter o caos dentro de mim. Deslizei os dedos para o bolso e toquei algo que me fez congelar por um instante. Puxei os sapatinhos de bebê rosa. Aqueles pequenos pedaços de tecido pareciam pesar uma tonelada em minha mão. Me sentei nos degraus da escadaria da mansão, encarando os sapatinhos como se fossem a única coisa que restava da família que quase tive.Eu estava pronto para ser pai. Algo que nunca imaginei desejar, mas ela me transformou. Lauren chegou e bagunçou minhas
POV: HENRY— Mas eu vi no jornal... vi as fotos. — Ele bufou, frustrado, cruzando os braços com força. — A fada assumiu o erro dela... você devia assumir o seu também.— E vou. — Eu suspirei, mordendo a parte interna da bochecha. — Mas não agora. Preciso esfriar a cabeça. De verdade. — Fiz uma pausa e engoli em seco. — Mas eu juro que não a traí, Theo. Armaram para mim, e agora tenho como provar.— Então... a gente pode ir atrás da fada? — Os olhos dele se iluminaram de esperança.Senti um aperto no peito ao ver a pureza daquele pedido. Mas a resposta não era simples.— Não, Theo. Eu posso não ter traído, mas Lauren me traiu de outro jeito. Ela me escondeu coisas... mentiu. Me fez acreditar em um sonho sem me contar tudo. &mda
POV: HENRY— De verdade — ela continuou passando a mão pelos cabelos em frustração —, é tão ruim assim aceitá-la por completo? É isso que te impede? Um detalhe que não muda quem ela é?— Sua amiga mentiu para mim. — Eu falei mais para mim do que para ela, tentando justificar uma dor que eu mesmo já não sabia como explicar. Estava cansado, exausto de repetir isso a mim mesmo e de ouvir Lucian tentando fazer com que eu visse o outro lado.— Mande lembranças. — Eu acrescentei, com amargura na voz, prestes a fechar a porta.Kate se aproximou mais, com os olhos brilhando de indignação.— Amadureça, Sr. Carter. Você é um homem de negócios, certo? Acostumado a ver o todo? Então por que agora só enxerga o que te fere?
POV: HENRY— Mia, querida... — Eu sussurrei, deslizando uma das mãos pelo seu rosto com calma, como se houvesse ternura ali. Ela fechou os olhos por um segundo, acreditando que estava vencendo. Foi quando minha mão deslizou para o pescoço dela, firme. E então apertei.— H-Henry... — Ela arfou, a respiração falhando, os olhos se arregalando enquanto eu a forçava para trás, contra a mesa. Seus braços tentavam empurrar meu peito, mas não tinha força. — Está me machucando!Inclinei-me ainda mais, colando meus lábios perto de sua orelha. A voz saiu baixa, fria como gelo.— Isso... não é nem de longe o que você e aquele desgraçado do James merecem. — Meus dedos apertaram com mais força. — Me drogaram. Me expuseram. Tentaram destruir o que eu tenho co
POV: HENRYMe aproximei um passo, e vi o medo renascer nos olhos dela.— A única mulher que eu amei na vida, que ainda amo, e sempre vou amar, é Lauren Becker. E eu não dou a mínima se o nosso casamento acabou. Meus sentimentos por ela não morreram. E nunca vão morrer. — Eu declarei.Lucian ficou me observando, como se tivesse ouvido algo que ele não esperava. Mia, por outro lado, surtou. Cerrando os punhos, ela avançou feito uma fera descontrolada.— Mentira! — Ela gritou, tentando me atingir. — Mentira!Mas Lucian foi rápido e a segurou, imobilizando seus braços enquanto ela esperneava como uma criança mimada em surto.— Me solta, seu merda! — ela berrava. — Este assunto é entre ele e eu! Saia da minha frente, ou eu juro que destruo a vida d