Connor estava bem atrás dela. A possessividade e a adoração em seus olhos profundos, enquanto olhava para Elena, eram algo que eu nunca tinha visto nele antes.
Eu conseguia ouvir outros membros da alcateia sussurrando ao meu redor:
— É aquela a futura Luna do Alfa Connor? Aquele cheiro de Ômega… é tão puro, tão tentador! Se não me engano, aquela gargantilha de pedra da lua que ela está usando… não é algo que apenas a Luna mais nobre pode usar?
— Deve ser ela! Ouvi dizer que eles se conhecem há tempos. O Alfa Connor tem protegido secretamente esta Ômega preciosa, mantendo outros Alfas afastados. Eles provavelmente estão aqui no Departamento de Administração de Lobisomens para finalizar os detalhes da cerimônia de marcação, certo? Ele até construiu um resort para ela nas terras privadas do Alfa.
— Este é o tipo de amor que toda Ômega sonha! Se meu Alfa fosse metade tão dedicado e poderoso quanto o Connor, minha vida estaria feita…
Aqueles olhares invejosos, ciumentos e curiosos perfuravam-me como agulhas.
Perdida em pensamentos, a loba idosa responsável pela minha documentação falou:
— Senhorita Aria? Senhorita Aria? Sua documentação está completa.
Sua voz não era alta, mas chamou a atenção de Connor.
Justamente quando eu estava guardando todos os meus documentos em uma bolsa especial à prova de cheiro, a figura imponente de Connor apareceu diante de mim.
Havia um leve lampejo de pânico em seu rosto, rapidamente mascarado pela postura de Alfa.
— Aria? O que você está fazendo aqui?
Elena deslizou até o lado dele, enlaçando o braço com afeto, seu doce cheiro de Ômega quase me sufocando. Seus olhos, quando olharam para mim, tinham um toque de desafio.
— Você deve ser a… irmã de Connor, Aria, certo? Olá. — Ela deu uma ênfase extra na palavra "irmã".
— Seremos família em breve, então é bom conhecê-la antecipadamente.
Meus olhos percorreram seus corpos próximos e o início tênue de uma marca de mordida possessiva de Alfa no pescoço de Elena.
Forcei um sorriso.
— Futura Luna, bom dia.
— Não é nada demais, apenas estou aqui para resolver alguns assuntos da alcateia para minha mãe. — Menti calmamente.
— Vocês dois podem continuar, não vou atrapalhar.
Virei-me para sair.
Mas Connor deu um passo à frente e agarrou meu braço, seu aperto áspero, sua força de Alfa tornando impossível me libertar.
Ele baixou a voz, falando rapidamente:
— Não entenda mal. Trouxe Elena hoje porque alguns dos anciãos da alcateia pediram. Você sabe, Ômegas de sangue puro como ela são muito preciosos. Os anciãos estão levando esta cerimônia de marcação muito a sério e insistiram que eu a acompanhasse pessoalmente para resolver alguns detalhes.
— Esta noite… os anciãos marcaram um jantar em família, e Elena estará lá. Estou avisando com antecedência para que você não… entenda mal.
Vê-lo "preocupado" comigo assim, de repente, me pareceu ridículo.
Elena era a Luna que ele estava prestes a reconhecer publicamente, a mulher que ele conspirou para elevar.
Agora, com a cerimônia de marcação tão próxima, seu grande drama de vingança estava prestes a concluir.
Para quem era aquela explicação falsa?
— Não se preocupe, eu entendo. Já que é um acordo dos anciãos, você deve apenas fazer isso. Não serei tão irracional. — Disse, tentando manter minha voz estável.
— Vocês podem ir. Vou esperar por você em casa.
Ele pareceu suspirar aliviado, então chamou pessoalmente um carro da alcateia para me levar para casa.
Ele se voltou e levou Elena ao ateliê onde criavam o vestido da futura Luna. No ar, ainda flutuava o doce e triunfante perfume de sua essência de Ômega.