Capítulo 4
A mãe e o pai de Connor sabiam que Elena viria jantar.

Os criados estavam atarefados desde o meio-dia, preparando o banquete.

No momento em que Connor entrou com Elena, os dois anciãos os receberam calorosamente. O pai de Connor chegou a presentear Elena pessoalmente com um antigo pingente de presa de lobo — símbolo de aceitação familiar.

Eu fingi estar indisposta e me escondi no meu quarto.

Mas Connor entrou com uma caixa de presente luxuosa, trancando a porta atrás dele.

Ele prendeu em meu pulso uma pulseira adornada com pequenas pedras da lua; o toque frio me fez estremecer. Em seguida, tirou uma flor da estrela da noite, preservada pelos métodos secretos da alcateia e ainda levemente perfumada, e se ajoelhou diante de mim em um dos joelhos.

Ele me fitava com tamanha devoção, os olhos reverentes, como se eu fosse sua única deusa.

— Sei que é injusto com você, estar comigo assim, sem nenhum título oficial. Mas depois da cerimônia, ainda serei seu Alfa mais próximo. Sempre viverei ao seu lado, como antes, envolvendo você com meu cheiro todas as noites para que possa dormir tranquila. — Seus dedos acariciavam sugestivamente meu pulso.

— Aria, não fique brava comigo, tudo bem?

Olhei para a pulseira de pedra-da-lua. O totem de lobo gravado nela era idêntico ao do colar de Elena, apenas menor e mais discreto.

— Tudo bem, não vou ficar brava. — Respondi suavemente.

— Vá ficar com seus convidados. Eles se prepararam para sua chegada durante muito tempo.

No andar de baixo, brindes e bênçãos ecoavam.

Mamãe estava de pé junto à mesa, visivelmente desconfortável, diante de uma radiante Elena e de um orgulhoso Connor.

Como sempre, Connor pedia à mamãe que servisse mais comida para Elena, que ajustasse sua cadeira.

Naquele instante, toda a dor, raiva e desespero que se acumulavam em mim explodiram como um vulcão.

Reuni cada lembrança, cada roupa, cada joia que Connor havia me dado em nome de sermos "companheiros" ao longo de seis anos e, sem pensar duas vezes, joguei tudo na lixeira no canto do quarto.

Quando a tampa da lixeira tombou por estar cheia demais, Elena surgiu na porta como um fantasma.

Ela olhou para a bagunça no chão, para todos aqueles objetos que um dia simbolizaram meu "relacionamento íntimo" com Connor, e um sorriso satisfeito, nada disfarçado, espalhou-se por seu rosto.

— O que foi? Já não aguenta mais? — Entrou graciosamente, deixando seu cheiro de Ômega se espalhar propositalmente ao meu redor.

— Aria, você é ainda… mais fraca do que eu pensava.

— Afinal, o que esperar da filha de um traidor e de uma amante? Deve ser difícil ver sua mãe correndo feito empregada lá embaixo, enquanto eu, a futura Luna, desfruto do afeto exclusivo do Alfa, não é?

Olhei para ela friamente, sem qualquer calor no olhar.

— O que está tentando dizer?

Elena riu baixo, cobrindo a boca com a ponta dos dedos, os olhos cheios de desprezo.

Tirou o celular e o balançou diante de mim, mostrando minhas fotos íntimas com Connor, e até mesmo imagens explícitas — momentos privados que apenas companheiros deveriam compartilhar.

— Ah, aposto que você não sabia disso, não é? Todas as noites, durante aqueles "momentos íntimos" que você tem com Connor, ele me manda alguns trechos mais… interessantes, para meu "prazer pessoal".

— Se os velhos anciãos da alcateia vissem isso, não diriam que sua mãe falhou em educar a filha? Não a desprezariam ainda mais?

— De um lado, sua própria filha; do outro, o enteado, herdeiro de um poderoso Alfa. E os dois, às escondidas, se divertindo todas as noites na residência do Alfa…

— Como ousa!

Não consegui conter a fúria que queimava em meu peito.

Levantei a mão e, com toda a força, dei um tapa em seu belo rosto.

O estalo seco ecoou alto no quarto silencioso.

Elena gritou e caiu no chão, derrubando o porta-retratos da mesa de cabeceira com o braço.

O sangue brotou de imediato de sua delicada palma branca.

Connor irrompeu pela porta, sua aura de Alpha irradiando pura raiva. Ele agarrou a trêmula Elena em seus braços, protegendo-a.

Seus olhos, ao me encarar, transbordavam fúria e desprezo.

— Aria, o que você está fazendo? Está louca?!

— Elena só veio gentilmente convidar você para o jantar! O que deu em você?!

O pai de Connor também surgiu à porta, o rosto tomado por severidade.

Minha mãe correu, aflita, tentando explicar:

— Connor, Aria não quis… Deve ter sido um mal-entendido…

— Aria, peça desculpas para Elena, agora!

Elena, com os olhos marejados, se agarrou a Connor como uma corça assustada, seu cheiro de Ômega carregado de medo.

— Desculpe, Connor… Eu só queria convidar Aria para a nossa… cerimônia. Não sei por que ela me atacou de repente…

— Não a culpem. Aria provavelmente... não quis fazer isso. — Disse ela, toda piedosa, mas eu percebi o brilho de triunfo em seu olhar.

Um sorriso frio tocou meus lábios. Olhei diretamente para os dois, grudados um no outro.

Ele ignorou minha expressão, olhando-me como se eu fosse lixo.

— Aria, peça desculpas! — Rugiu, sua pressão de Alfa me esmagando sem misericórdia.

Minhas unhas se cravaram nas palmas, gotículas de sangue escapando entre meus dedos.

— Não fiz nada de errado. Por que deveria pedir desculpas? — Minha voz era baixa, mas firme.

— São vocês que deveriam pedir desculpas!

Nos olhos de Connor havia decepção… e uma sombra de satisfação mal disfarçada.

— Aria, quando foi que você ficou assim? Está sendo… totalmente irracional!

Antes que eu pudesse responder, o pai dele se adiantou e ajudou Elena a se levantar com cuidado.

— Vamos levá-la à sala de tratamento primeiro. O cheiro aqui está caótico demais; não é bom para um Ômega. Eu resolvo o resto.

Connor carregou Elena embora sem olhar para trás, sussurrando consolos ao longo do corredor.

Minha mãe seguiu atrás, pedindo desculpas repetidas vezes, humildemente.

Seis anos de amor falso, seis anos de fingimento meticuloso, rasgados em pedaços naquele instante, reduzidos a cinzas.

Com a pequena mala que já havia preparado, deixei aquela casa de mentiras e humilhações e me hospedei em uma pensão decadente, nos arredores do território.

Antes de partir, enviei a Connor o talismã da alcateia que ele havia me dado — símbolo de sua proteção de Alfa — junto com a câmera escondida que retirei do ursinho de pelúcia.

Imaginei que ele receberia esse "presente de congratulação" justamente no dia da cerimônia de marcação.

Achei que, com meu desaparecimento completo, toda aquela farsa finalmente teria um fim.

Mas, naquela noite, Connor me enviou uma mensagem criptografada, em tom entre sua costumeira imposição e "reconforto":

[Elena concordou em colaborar comigo para essa cerimônia. É o que a alcateia precisa, e também uma forma de retribuir a ajuda dela no passado. Você a feriu, o que me deixou em situação difícil com os anciãos. Mandar você se desculpar foi apenas para apaziguar, para que aqueles velhos não criem problemas para sua mãe. Não pense demais sobre isso.

Descanse. Mandei fazer um vestido sob medida para você; vai usá-lo no dia da cerimônia. Seja boazinha. Lembre-se: não importa o que aconteça, eu sou o seu único Alfa. Isso nunca vai mudar.]

Mas eu sabia que aquele espetáculo não era para os anciãos.

Era para mim.

Somente meu desaparecimento absoluto poderia encerrar aquela vingança ridícula.

Nos dois dias seguintes, não voltei para aquela chamada "casa".

Ele também não me procurou.

Provavelmente estava ocupado com os preparativos do grande ritual de Marca.

Ocupado escolhendo joias e roupas finas para sua preciosa Ômega, Elena — símbolos da honra de uma Luna.

O presente que ele prometera, eu nunca recebi.

O que soube foi que, para acalmar a assustada Elena, ele gastou uma fortuna em um terreno próximo ao Lago da Lua — uma área repleta de energia espiritual — para ser a propriedade exclusiva da futura Luna.

Um lugar sagrado, cobiçado por todos os lobisomens, dito capaz de aumentar a fertilidade de uma Ômega.

Na manhã da cerimônia, fiz uma última ligação para ele.

Ele parecia ocupado, dando ordens ao seu Beta, Marcus, a voz impaciente e excitada. Não atendeu de imediato.

— Está tudo pronto com aquelas gravações? Assim que a filha do traidor entrar, comece a exibir. Quero que todos vejam sua verdadeira face, e os "crimes" de seu pai e de sua mãe! — Ordenava Connor.

— Tem certeza disso? Depois que for público, não haverá volta. E… isso é cruel demais para Aria. — Hesitou Marcus.

— Faça o que mandei! Esperei seis anos por este dia! — A voz de Connor era dura como ferro.

— E vigie aquela inútil da mãe dela. Garanta que não tente nada desesperado na cerimônia!

Só depois que Marcus saiu, ele percebeu minha chamada perdida e atendeu.

— Aria? A cerimônia está prestes a começar. Vou buscá-la pessoalmente. Espere por mim em casa. — Sua voz trazia uma ponta de expectativa difícil de definir.

— Vou te contar um segredo. Na tradição ancestral da alcateia, o único que o Alfa conduz pessoalmente à cerimônia é sua verdadeira Luna. Não parece que… estou me casando oficialmente com você outra vez? — Sua voz soava brincalhona e suave.

— Não fique chateada, está bem?

Olhei para a passagem aérea internacional em minhas mãos — aquela que me levaria para longe de tudo — e um sorriso sarcástico surgiu em meus lábios.

— Connor, parabéns a você e à sua Ômega pelo casamento.

Ele pareceu atônito por um instante, depois riu, como se tivesse ouvido uma piada.

— Por que está me chamando assim justo hoje? Prefiro quando me chama de algo mais íntimo, docinho.

— Espere por mim, já estou indo.

Ele desligou. Virei-me e embarquei resolutamente no avião que me levaria a outro país.

Ao mesmo tempo, apaguei todos os rastros de contato que me ligavam a ele.

A cerimônia de marcação estava prestes a começar.

Minha curta e calma ligação se repetia na mente de Connor, e aquela sensação incômoda só crescia.

Quando estava prestes a sair para "me buscar", Marcus entrou correndo, desesperado, segurando o talismã da alcateia que eu havia enviado de volta, agora sem brilho.

— É grave! Connor! O talismã que você deu para Aria… ela o devolveu! E… parece que Aria também descobriu sobre as gravações!

— Ela embarcou num voo internacional cedo esta manhã! Mas… esse voo… acabou de ser noticiado… entrou numa tempestade de energia em pleno ar… caiu… desapareceu!
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