A Alfa dos lobos
A Alfa dos lobos
Por: AneteSalvatore
começo

Capítulo 1

Fênix Souza

Até hoje, mesmo com tanto tempo, me pergunto onde é que possam estar os meus pais. Me pergunto se eles foram devorados por lobos ou se simplesmente foram embora e me deixaram aqui. Pensar assim dói muito, então prefiro imaginar que eles estão por aí, em alguma missão. Quando eles sumiram, eu tinha 10 anos. Agora estou com 30. Nunca saí desta floresta para ir procurá-los. Às vezes, quando estou caçando para comer, vejo alguns homens estranhos cortando árvores, mas todas as vezes meus lobos dão cabo deles. Com apenas um uivo, eles saem correndo e gritando. Fico só escondida, rindo dos coitados.

Neste momento, estou tratando a carne de um javali que meus lobos pegaram. Toby e Mimi estão comigo desde o tempo em que meus pais desapareceram.

— Auuuuuuuuu! — uivam Toby e Mimi.

— O que aconteceu, Toby?

— Auuuuuuuuu!

— Está me dizendo que tem alguém com uma energia sinistra muito forte aqui por perto?

— Auu!

— Então vamos logo! Vamos voltar para o templo. Já está quase anoitecendo, e hoje é noite de lua cheia.

Não estou com medo, mas meus pais sempre diziam que muita coisa pode acontecer na floresta em noites de lua cheia. Peguei o javali já tratado e voltei com meus amigos para o templo. Assim que chego, vou até a cozinha, pego a faca e recorto todo o animal. Pego o sal — aqui no templo tem uma fonte de água salgada, então coleto sal natural. Meus pais me ensinaram.

Começo a salgar a carne após limpá-la. Aproveito e pego um pote de temperos e ervas conservantes. Meus pais deixaram uma grande plantação no quintal do templo: cebolas, alho, orégano, tomate, pimenta, pimentão, tomilho, manjericão, salsa, coentro, alecrim etc.

Eu mantive a plantação em perfeito estado, caso eles voltem e queiram cuidar da horta. Peguei o tempero, coloquei sobre a carne e levei tudo para fritar em um tacho com a banha do próprio javali. O cheiro está delicioso. Quando começa a ferver, coloco um copo de água e deixo aferventar.

Vou até lá fora com Mimi tomar um banho. Não posso ir até o lago — já é tarde e preciso descansar. A água está um pouco fria, então trato de acelerar o banho. Volto para a cozinha e a carne já está quase pronta. Preparo um prato bem generoso para mim e coloco dois pedaços grandes e crus para Toby e Mimi.

Começo a comer, sentindo a carne derreter na minha boca. Amanhã vou preparar uma sopa de legumes para o almoço e jantar.

Olho pela porta da cozinha e vejo como hoje a lua está linda. A claridade entra pela fresta da porta. Após terminar de comer, guardo a carne assada em um enorme pote, lacro bem a tampa e coloco no armário onde guardo os mantimentos em conserva.

— Vamos dormir, Toby e Mimi? Amanhã preciso acordar cedo para fazer a limpeza no templo e rezar para o Deus do Sol — digo, bocejando.

— Auu!

— Auu!

Acordo com os raios do sol iluminando o telhado do meu quarto. Os pássaros já cantam lá fora. Me espreguiço e levanto, pronta para trabalhar e deixar o templo limpo. Toby e Mimi saíram cedo, talvez para fazer suas necessidades. Vou até a cozinha preparar um chá de erva-cidreira e cozinho cinco ovos de galinha da mata e dois de codorna. Preciso comer bem antes de pegar no pesado.

Uma hora depois...

— Que estranho! Toby e Mimi não voltaram ainda? O que será que aconteceu?

Pego a vassoura feita de galhos de árvores e começo a varrer as folhas. Eles devem estar no cio, provavelmente namorando por aí.

Um porquinho-da-índia que mora no templo passa por mim. Dei a ele o nome de Nozes.

— Nozes! Você viu para onde o Toby e a Mimi foram?

— Cui! Cui, cui, cui!

— Você está me dizendo que eles sentiram uma presença estranha aqui perto e foram lá ver?

— Cui, cui!

— Certo. Obrigada, Nozes. Na cozinha tem um tomate fresquinho pra você, vá lá comer.

Ele é bem pequeno e fofinho, mas rápido. Sai correndo rumo à cozinha para tomar o café da manhã dele. Nozes é mais um dos meus bichinhos de estimação. Além dele, tem a namorada, Amora. Ela é bem fofinha também — parece mesmo uma amora.

Termino de varrer ao redor do templo e escuto alguém se aproximando. Me viro para ver se são meus amigos de volta... mas não.

— Ora, ora, veja o que temos aqui, irmão... um templo antigo. Uma mulher? E sozinha? Vamos nos aproveitar dela — disse um deles, com um sorriso malicioso.

— Sim! Oi, gracinha, o que faz nesse lugar deserto? — disse o outro, se aproximando.

— Você segura ela, irmão, e...

Sem deixar que ousassem me tocar, pego a vassoura e dou uma surra em um deles até quebrar o cabo todo.

— Ora, sua maldita! — disse o outro, vindo pra cima de mim.

Num movimento rápido, acertei cinco chutes entre as pernas dele, que caiu no chão urrando de dor.

— Como vocês ousam invadir um lugar sagrado e ainda macular a honra da sacerdotisa do fogo deste templo?! — digo, concentrando uma bola de fogo na mão e me aproximando dos dois, que tremiam como vara verde.

Akira Muniz

Acordei mais um dia bem cedo para ir à empresa. Como um CEO bem-sucedido, tenho que dar o exemplo. Fiz meus exercícios, peguei minha roupa — uma peça íntima, calça social preta, camisa branca e gravata vermelha. Coloquei tudo sobre a cama e entrei no banheiro, tirando a roupa e colocando-a no cesto.

Após sair, lavo o rosto, penteio o cabelo — que é grande, um pouco abaixo dos ombros. Algumas pessoas perguntam por que deixo o cabelo grande. Sempre digo que gosto dele assim, é o meu estilo. Já ouvi piadas de alguns colegas da empresa me chamando de Sansão, mas não dou atenção.

Já pronto, desço até a cozinha para tomar o café da manhã e ler o jornal antes de ir trabalhar.

— Bom dia, senhor Muniz. O que o senhor deseja para o café da manhã? — pergunta Carlos, o mordomo da minha mansão.

— Bom dia, Carlos! Uma xícara de café e duas panquecas, por favor — disse com um sorriso, voltando a atenção para o jornal.

Tomei o café e, ao terminar, chamei Carlos para pedir à arrumadeira que preparasse minha mala de sempre. De lá mesmo eu sairia da cidade, como faço todos os finais de semana, para o meu chalé — meu refúgio, onde relaxo e fujo do estresse da semana.

Apesar de ser um CEO bem-sucedido e valorizar o que faço, amo a natureza. Gosto de estar sob a luz da lua, tomar banho de cachoeira, fazer trilha, acampar, caçar... Meu chalé é grande, como uma casa de campo. Lá tem um cuidador e a esposa dele, que tomam conta de tudo.

Cheguei à empresa e fui direto para a sala de reuniões, onde os funcionários já me esperavam para discutirmos o trabalho. Minha empresa é do ramo de perfumes e cosméticos.

— Bom dia! — disse ao entrar na sala.

— Bom dia! — responderam todos em uníssono.

— Senhor Muniz, trouxe os documentos que o senhor pediu — disse minha secretária, sorrindo.

— Obrigado. Daqui a pouco pode mandar servir café expresso para o pessoal.

— Sim, senhor.

A reunião era com alguns consultores. Gosto de estar por dentro de tudo o que acontece na minha empresa — afinal, sou o dono.

— Senhor Muniz, o novo perfume com fragrância de café e canela está fazendo muito sucesso. Aqui está o relatório deste mês — disse um deles, entusiasmado.

— Muito bom! Isso é música para os meus ouvidos. E quanto às vendas do creme hidratante com fragrância de cereja com morango? — perguntei, olhando para outra consultora.

— Está bombando, senhor. Vendendo todos os estoques! As clientes estão muito satisfeitas com o resultado na pele. Aqui está o relatório — disse a moça, sorrindo.

Peguei os relatórios e comecei a analisá-los, satisfeito com os resultados de vendas e com a organização todos.

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