Pov Isadora
O silêncio do quarto era interrompido apenas pelo som suave da respiração de Sofia. A meia-luz dourada do abajur se espalhava pelo ambiente, misturando-se com o perfume amadeirado de Dante que impregnava os lençóis.
Eu tinha passado o dia inteiro fora, e agora, de volta ao hotel, sentia o peso doce do cansaço e a estranha ansiedade que me acompanhava desde a reunião.
Enquanto tirava o colar e o deixava sobre a penteadeira, Dante apareceu à porta, sem dizer nada. Estava com o celular na mão, o semblante fechado.
— Vi as fotos — ele disse, a voz rouca, grave, o tipo de tom que precedia conversas difíceis.
Meu coração parou por um segundo.
— Fotos?
— Da reunião. — Ele ergueu o celular. — Você e o tal Raul Menezes.
Meu estômago se revirou. A internet não perdoava. Bastou uma hora para que os blogs literários publicassem a “primeira aparição da autora do momento com seu novo parceiro de escrita”. Eu não tinha visto nada ainda, não tive tempo, não sabia da existência delas.
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