POV Isadora
A tarde estava silenciosa demais.
Depois de dar de mamar para Sofia, a embalei devagar no colo até que seus olhinhos pesados se rendessem ao sono. O quartinho ainda cheirava a tinta fresca e madeira envernizada, mas já era impregnado também com o perfume doce da minha filha, uma mistura de leite, talco e aquele cheiro inconfundível de recém-nascido que parece embrulhar o coração da gente.
Deitei-a no berço com cuidado, ajeitei a cobertinha rosa clara sobre o corpinho pequeno e fiquei apenas observando por alguns segundos, como se precisasse me convencer de que era real. Sofia existia. Sofia era minha. Minha e de Dante.
Suspirei, apoiando as mãos na grade do berço.
E então o pensamento veio, como uma sombra que não me largava desde que nos mudamos para a mansão: será que o preço para manter Sofia segura não está sendo alto demais para Dante?
Ele havia voltado para o lugar que mais odiava, para as paredes que sufocaram sua juventude, só por nós. Por mim e por nossa filha. E