Se apaixonar nem sempre é uma coisa boa, ainda mais para Neelam que está tentando seguir em frente após um relacionamento ruim, mas um misterioso admirador passa a persegui-la, exigindo que ela não se aproxime de ninguém. Neelam comete um erro ao não fazer o que ele manda e alguém se machuca por isso. Presa em um jogo doentio, ela precisa descobrir quem é seu admirador antes que surja a próxima vítima.
Leer másParada em frente ao espelho, Neelam encarava a si mesma, feliz por seu uniforme novo ter lhe servido. Ela sofrera nas férias para perder peso e agora estava convencida de que, diferente de como fora em seu colégio anterior, ela não chamaria a atenção por causa de sua aparência.
— Já está pronta querida? Vai se atrasar. — Disse Mikaela ao bater à porta do quarto de sua filha.
— Sim. Mamãe, desço em um minuto. — Respondeu Neelam.
Ao chegar em Harmony High School, Neelam foi até a diretoria, pedir ajuda para encontrar sua sala, e a diretora a mandou ir até o Grêmio falar com Killian, o presidente do Grêmio.
Neelam entrou timidamente no grêmio e se aproximou de um rapaz loiro que estava de costas para ela, mexendo em alguns papéis.
— Com licença… — Neelam disse.
— Sim, em que posso ajudá-la? — Killian disse se virando e a encarando com seus penetrantes olhos cor de âmbar.
— Eu me chamo Neelam Ferraz e estou aqui porque a diretora pediu para que viesse falar com você.
— Prazer, sou Killian Werner, o presidente do Grêmio. — Apresentou-se ele, estendendo a mão para um aperto formal. — Em que exatamente posso ajudá-la?
— É sobre uns papéis. Eu acho. Não entendi bem. — Disse Neelam apertando a mão dele.
— Sua ficha de inscrição? — Tentou adivinhar Killian.
— Isso mesmo. — Disse Neelam.
Killian deu uma olhada na pasta que ela lhe entregou e lhe explicou que ainda faltavam alguns papéis e pediu para que ela os providenciasse o quanto antes. Em seguida, deu-lhe instruções de como fazer isso.
— Obrigada. Trarei o que me pediu. — Disse Neelam antes de deixar a sala.
Caminhando apressada, ela tomou o corredor à sua esquerda e sem querer, esbarrou em um garoto magricelo que usava óculos. Com o impacto da queda, o garoto deixou seus livros caírem no chão.
— Oh, me desculpe? Eu sinto muito. — Disse Neelam nervosa e abaixou-se e ajudou o garoto a recolher seus livros.
— Não. A culpa foi minha. Não sua. Eu estava distraído. — Falou o garoto enquanto recolhia seus livros.
— Mil desculpas. — Disse Neelam após ajudá-lo a recolher seus livros do chão.
— Tudo bem. Não foi sua culpa. — Disse ele, ajeitando seus óculos.
— Prazer. Eu me chamo Neelam Ferraz, mas pode me chamar só de Neelam.
— Sou Kendall Maldonado, mas pode me chamar de Ken. — Disse ele sem jeito. — E então, você também é nova aqui?
— Sim. A propósito, você completou sua ficha de inscrição? — Disse Neelam.
— Sim. — Respondeu Kendall. — Precisa de ajuda com a sua?
— Sim, eu sou nova aqui e ainda não sei nem onde fica o banheiro. — Disse Neelam.
— Seria um prazer ajudá-la. — Falou Kendall.
Dessa forma, ele a acompanhou e a ajudou a completar sua ficha de inscrição. Os dois foram até o grêmio. Neelam entrou na sala e Kendall a esperou do lado de fora. Neelam entregou os papéis a Killian. Ele os conferiu e pediu a ela que entregasse os mesmos à diretora. Após fazer isso, Neelam e Kendall foram para a sala de aula.
As duas primeiras aulas de História foram bem tranquilas. No entanto, no terceiro tempo, na aula de Geografia, um ruivo, vestido como um roqueiro entrou na sala e passou por Neelam, a encarando de uma forma que ela não pode discernir se era malícia ou deboche ou os dois. Ele sentou-se atrás dela.
— Pode me emprestar um marcador? — O ruivo sussurrou em seu ouvido.
Neelam abriu seu estojo e apanhou o marcador e a entregou ao ruivo. Ele sorriu malicioso e piscou para ela. Neelam permaneceu séria e se virou.
Cinco minutos depois, quando o professor se distraiu, o ruivo sussurrou no ouvido dela:
— Obrigado.
Ela assustou-se!
— Ops… — Disse o ruivo ao derrubar de propósito o marcador na gola do suéter dela.
Neelam sentiu o marcador escorregar por seu busto e se virou, irritada, enfiando a mão em seu suéter e o pegando.
— Qual o seu nome? Eu sou o Duke Benson. — Ele sussurrou outra vez no ouvido dela.
— Não te interessa. — Neelam respondeu.
Duke recuou e não voltou a incomodá-la.
Na hora do almoço, Neelam e Kendall tiveram uma prévia de como seria o restante do ano letivo para ambos, quando foram ignorados pelos outros estudantes, que prefiriram se apertar nas mesas próximas a se juntarem a eles.
— Que bom que temos privacidade. — Kendall sorriu amargo.
A duas mesas de distância da deles, estava um grupo de amigos que não tinha nada melhor a fazer a não ser tentar reunir alguma informação e adivinhar quem eles eram.
— Será que são irmãos? — Blair Oneil disse. Ela era baixa e magra. Seu cabelo era tingido em um tom violeta, e seu cumprimento era acima dos ombros. Seus olhos eram de um azul-cinzento. Ela tinha um ar doce que combinava com sua personalidade introvertida.
— Não. Eles não parecem irmãos… Nem de longe. — Mattew Mckinney disse. Ele era irmão gêmeo de Anderson (Dru) Bertolini, mas ambos não possuíam o mesmo sobrenome porque foram adotados por famílias diferentes. Os irmãos eram idênticos fisicamente, mas tinham personalidades opostas.
— Talvez, sejam namorados… — Brielle Wilkins disse. Ela era naturalmente ruiva, com olhos azuis, e costumava deixar seus cabelos presos em duas tranças.
— Nossa! Dá para sentir a paixão daqui. — Mattew disse, sarcástico.
— Então… Não que eu seja uma fofoqueira, mas… — Willow McDaniel sorriu com a segurança que somente alguém muito bem informado demonstraria. — Eles foram transferidos de colégios diferentes. Ela veio de outra cidade, na verdade. — Willow passou a mão por seu cabelo louro platinado e olhou rapidamente para a mesa de Neelam e Kendall.
— Foi a Savannah que te contou, não foi? — Mattew disse, desconfiado.
— Eu nunca revelo minhas fontes. — Willow se inclinou para frente como se fosse contar um segredo a seguir. — Por acaso, um passarinho me contou que ela chamou a atenção do Duke.
— Coitada! — Mattew riu alto. — O Duke é terrível! Se ela for esperta, ficará bem longe dele.
— Oh, oh… — Blair disse, nervosa.
Mattew seguiu o olhar dela, e Willow se virou, deparando-se com a chefe das líderes de torcida que estava parada atrás de Willow, ouvindo o que ela dizia.
— Gillian? Não quer se sentar? — Mattew disse, sorrindo com raiva. — Você não tem nada melhor para fazer que ficar ouvindo a conversa alheia?
Gillian Werner o ignorou e se voltou a Willow, lhe perguntando:
— Quem é essa garota que estão falando?
— Que garota? — Willow se fez de boba.
— Neelam! Ela está ali! — Blair apontou a direção.
— Quieta! Traidora! — Mattew disse a Blair.
— Muito obrigada, Blair. — Gillian sorriu, satisfeita e se afastou.
— Você ficou louca, Blair? Por que fez isso? — Brielle disse sem compreender.
— Eu não quero mais a Gillian pegando no meu pé. Estou cansada de ser o saco de pancadas dela. — Blair disse, abaixando a cabeça, chateada.
— Só que você não será melhor que ela se permitir que ela faça com os outros o que faz com você. — Mattew disse.
† † †
Gillian se aproximou da mesa de Neelam e ficou parada, a encarando. Neelam tentou ignorá-la, mas foi impossível.
— Você quer alguma coisa?
— Não. — Gillian sorriu. — Na verdade, sim. Estou tentando descobrir porque você chamou a atenção do MEU namorado!
Neelam encarou Kendall, vermelha.
— Por que não me disse que tinha uma namorada?
— O quê? Não. Ela não é minha namorada! — Kendall disse.
— Não seja ridícula! É do Duke Benson que estou falando! — Gillian bateu na mesa.
— Eu não sei quem ele é nem me interessa saber. Você está me confundindo, garota. — Neelam disse.
— Você é Neelam, certo? — Gillian disse.
— Já disse que não conheço esse cara. Me deixe em paz! — Neelam disse.
— Fique longe do meu namorado. Vadia! — Gillian esbofetou a face de Neelam.
Neelam notou que os outros à sua volta pararam para prestarem atenção ao que acontecia e, além da vergonha, ela sentiu raiva. Sem pensar se levaria ou não a pior, enfrentando aquela garota, ela se levantou e devolveu o tapa que recebeu. Gillian se enfureceu e a agarrou pelos cabelos. Os alunos deixaram suas mesas e se amontoaram ao redor das duas, ávidos pelo desfecho daquela briga.
Kendall tentou apartar a briga, mas os outros o detiveram, segurando-o pelos braços.
Killian abriu espaço entre a multidão a cotoveladas e conseguiu chegar até onde as garotas estavam. Ele puxou Gillian, tirando-a de cima de Neelam, e quando Neelam se levantou do chão e tentou avançar em Gillian, Killian se colocou entre as duas e disse com autoridade:
— Parem!
— Foi ela que começou! — Neelam disse.
— Não me interessa quem começou. Vamos ao Grêmio, agora! — Killian agarrou Gillian pelo braço, a arrastando.
Gillian protestou, mas não adiantou. Neelam abaixou a cabeça e seguiu Killian.
— Estou desapontado com as duas. Especialmente com você, Gill! — Disse Killian encostando a porta do grêmio para que não fosse interrompido. — Vocês tem noção do papel ao qual se prestaram hoje? O que fizeram foi ridículo!
— Sinto muito. — Disse Neelam sem coragem de encará-lo.
— Como chegaram a isso? — Perguntou Killian.
— Foi ela quem começou, Killian! — Disse Gillian.
— Mentirosa! Você veio até a minha mesa e me acusou de estar envolvida com o seu namorado, mas eu disse que NÃO tenho a mínima ideia de quem seja ele! — Disse Neelam.
— Vadia! Mentirosa! — Disse Gillian. — Sei que você foi se oferecer a ele.
— Parem com isso! — Falou Killian dando um murro na mesa.
As garotas se calaram.
— Vá para a sala, Gill! Conversamos depois! — Falou Killian.
Gillian deixou a sala resmungando e bateu a porta ao passar. Killian encarou Neelam por algum tempo, esperando que ela se defendesse, mas ela não disse uma só palavra.
— Vou ter de comunicar a diretora o que houve e, além da detenção, talvez, você seja suspensa. A política desse colégio é bem rígida e não tolera agressão física. — Falou Killian.
— Eu só me defendi. O que eu deveria ter feito? Apanhado calada? — Neelam disse.
Killian suspirou, cansado, e pensou antes de dizer:
— Droga. Não. Eu sei que a minha irmã é terrível.
— Ela é sua irmã? Sinto muito por você. — Neelam disse.
— Olhe? Infelizmente, preciso comunicar a diretora sobre o que houve, mas… Eu poderia usar a minha influência e convencer a diretora de que dessa vez a culpa é da Gillian, se você me fizesse um favor. — Killian disse.
— Mas a culpa é realmente dela… — Neelam disse.
Killian balançou a cabeça e disse:
— Você é novata, então, não entende… Quando a diretora perguntar aos outros alunos o que houve, todos dirão que foi você e não a Gillian quem começou porque a Gill é o demônio e ninguém quer irritá-la.
— Pelo visto, nem você. Então, por que? — Neelam disse.
— Tem outro demônio pior que ela e se você pudesse enfrentá-lo por mim, seria ótimo. — Killian disse.
— E quem seria esse demônio? — Neelam inquiriu.
— Duke Benson. — Killian respondeu.
Ambar estava acordada quando Alex e Juno voltaram para a casa. Juno tomou água e foi direto para o quarto, muito cansada. Alex notou pela cara de Ambar que a morena precisava conversar com ela, por isso, ficou com a desculpa de fazer um chá.—O que aconteceu? — Alex perguntou a Ambar quando as duas ficaram a sós.—O Killian seguiu a Neelam. Quando eu saí do banheiro do pub, ele estava falando com ela. — Ambar disse.—Esse cara não desiste. — Alex disse com raiva. — Acho que ele precisa de uma lição.—Eu falei com a Neelam, aconselhei ela a ir embora de cidade se ele continuar a perseguindo assim, antes que o pior aconteça. — Ambar disse.—É como o Zen disse... Ele só vai parar quando raptar a Neelam. Não podemos deixar isso acontecer, ou o chefe ficará furioso. — Alex disse.—Você tem alguma id
Zandra Dellucci estava parada em um canto trocando mensagens com seu namorado quando ouviu risos e ergueu a cabeça, olhando na direção do som. O dono do riso era ninguém mais ninguém menos que Duke Benson. Zandra sorriu, mordendo o lábio e digitou uma última mensagem antes de desligar o celular e guardá-lo no bolso de sua calça. Ela caminhou com confiança até o ruivo e disse-lhe:—Oi, Duke? Não sabia que tinha voltado.Quando a viu, Duke ficou feliz de reencontrá-la e alguns flashes de seu último encontro com ela lhe vieram a mente: Muita bebida, dança e uma noite intensa de paixão. Ela fora de longe, a melhor noite dele.—Me desculpe se não te liguei, mas eu perdi seu número. — Duke disse.—Não, eu acho que não te dei meu número. — Zandra disse, enrolando as pontas do cabelo castanho claro nos dedos.Ashley alternou o olhar entre Duke e Zandra, entendendo o que estava acontecendo ali e achou melhor se afastar. Duke não notou quando ela se foi.—É mesmo? Isso expli
Quando Alex alcançou Neelam, entrou na frente dela para ter sua atenção. Neelam não conseguiu encará-la, as lágrimas vertendo sem que tivesse algum controle sobre as mesmas. Ela só queria voltar para a casa Bellatrix, pegar suas coisas e ir embora.—Espere? Não vai fazer nenhuma besteira.—Besteira eu fiz quando me transferi para cá. Não basta eu viver com medo. Agora, todos sentirão pena de mim, também. — Neelam disse, balançando a cabeça.—Eu imagino que seja difícil, mas você não pode se importar com o que falam de você, ou vai enlouquecer. — Alex disse.Neelam riu.—Só que eu já sou louca! Não reparou que tomo remédios?—Tá. Você tem problemas. E daí? Vai deixar isso te definir? Você não tem de se envergonhar por nada. O que q
As duas primeiras semanas que Neelam passou na casa Bellatrix foram tranquilas. Ambar tinha uma alegria contagiante e só de estar perto dela, Neelam conseguia relaxar e esquecer de seus problemas. Alex, por outro lado, era doce e prestativa. As outras garotas também pareciam legais, embora Neelam interagisse minimamente com elas. Ela fazia de conta que o quarto era um apartamento que dividia com duas colegas, as demais garotas eram apenas suas vizinhas barulhentas que adoravam falar pelos cotovelos e rir alto. Neelam ainda estava com medo de Killian, por isso, estava evitando sair da fraternidade sem necessidade, e quando saía, era sempre acompanhada pelas colegas. No intervalo entre as aulas, Neelam se sentou em um banco enqu
Neelam não se sentia muito disposta a continuar naquela festa. Na verdade, ela nem teria vindo se Anderson não tivesse marcado de encontrá-la ali. Ela estava exausta e morrendo de sono. Tudo o que mais queria era ir embora e se jogar na cama. Pensando nisso, e com a sensação de dever cumprido, afinal, ela já havia entregado o diário de Merlyn a Anderson, ela se virou e caminhou rumo à porta.—Neelam? Ei, aonde você vai? — Perguntou Kendall se aproximando dela.Neelam se virou e suspirou. Havia se esquecido dele. Droga.—Foi uma péssima ideia eu ter vindo. Eu quase não dormi noite passada, por isso, estou exausta. Sinto muito, mas eu tenho de ir. — Ela colocou a mão na testa por um instante enquanto evitava encará-lo.—Pelo menos, beba um pouco comigo? Só para não parecer que eu levei um fora. —Kendall riu nervoso enquanto ofe
Neelam demorou a pegar no sono e quando finalmente adormeceu, sonhou que estava no apartamento de Killian e que ele a violava e depois zombava dela. Neelam despertou, sobressaltada e chorou baixinho. Então, levantou-se, ligou o abajur e foi até o closet. Trocou sua camisola por um vestido e uma jaqueta. Calçou um sapato, pegou sua bolsa e saiu do quarto, indo dar uma volta pelo campus. Ela não fumava há muito tempo, mas a primeira coisa que fez quando voltou para aquela cidade foi comprar uma carteira de cigarros, como se ela soubesse que cedo ou tarde, precisaria fumar para se acalmar. Agora, ela estava em seu terceiro cigarro, parada embaixo de uma árvore, quando ouviu risos. Se virou e viu algumas mulheres voltando de uma festa, parecendo embriagadas. Do outro lado, tinha outra mulher parada, ela estava de cabeça baixa, mas Neelam a reconheceu ainda assim.— Não é possível... — Neelam dei
Último capítulo