Dominic não foi embora no dia seguinte.Ele disse a si mesmo que precisava de mais vinte e quatro horas. Apenas isso. Resolver algumas pendências. Encerrar as doações. Agradecer às pessoas que tinham ajudado. Fechar o ciclo de forma correta.Mas a verdade era mais simples e mais perigosa:ele não conseguia ir embora sabendo que Lia existia ali, a poucos quarteirões, vivendo uma vida que já não o incluía.Isso não era raiva.Nem desejo bruto.Era fixação silenciosa.Dominic passou a observar mais do que agir.Sentava-se na cafeteria da praça no fim da tarde. Não para ser visto. Para ver. Via Lia atravessar a rua depois do trabalho, conversando com colegas, rindo baixo. Via Miguel buscá-la algumas vezes, outras não. Anotava mentalmente horários, caminhos, rotinas.Não para invadir.Para entender.Era o tipo de obsessão que não ultrapassa limites físicos, mas ocupa todos os espaços da mente.E havia Aria.Ela surgia nos pensamentos de Dominic como uma ferida aberta que nunca cicatrizou d
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