CAPÍTULO 37 – LINHAS INVISÍVEISANAO silêncio daquela casa nunca foi realmente silencioso.Naquela manhã, ele tinha peso.Theo estava sentado no tapete da sala, montando um quebra-cabeça com a concentração absoluta que só uma criança tem. Eu observava, tentando ignorar a sensação de estar sendo… observada.William estava ali.Não perto.Não longe.Presente demais.— Você não dormiu bem — ele disse, sem me olhar.— Dormi o suficiente — respondi.— Não parece.Levantei devagar.— William, se quer dizer algo, diga.Ele me encarou.O olhar era firme, intenso, controlador — e havia algo novo ali: consciência.— Eu ultrapassei um limite ontem.Não era um pedido de desculpas.Era uma constatação.— Sim — respondi, com calma.Ele respirou fundo.— Não gosto da ideia de você ir embora.Meu estômago apertou.— Eu nunca disse que ia.— Mas pensou.Não neguei.— Pensar não é crime.— Para mim, é — ele respondeu, seco.O ar entre nós ficou denso.Theo levantou os olhos.— Vocês brigaram?— Não, m
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