— A Freya…As palavras mal saíram da boca de Daniel e Mark pisou com força no freio. Os pneus chiaram contra o asfalto.— Me desculpe, senhor Falkner! — Ele se apressou em dizer, com o suor frio escorrendo pelas costas.Inesperadamente, Daniel não se irritou. Apenas ergueu o olhar e o fitou pelo retrovisor.— Isso é realmente tão chocante assim? As mãos de Mark tremiam no volante. Chocante? Não era bem isso. Era algo que desmontava tudo o que ele achava que sabia. Mas ele não ousou dizer o que pensava. Suavizou as palavras:— É que… parece que o senhor trata a senhorita Jarman muito bem. Melhor do que trata a senhorita Seymour…— Porque ela tomou uma facada por mim. — Respondeu Daniel.Massageou as têmporas e se recostou no banco de couro. Do lado de fora, as luzes da cidade passavam, refletindo no perfil firme de seu rosto. Os olhos, normalmente frios e controlados, traziam um raro traço de cansaço. Fechou os olhos e as lembranças voltaram, como uma onda. Ele era o ga

A voz de Serena subiu num tom agudo. A cor sumiu do seu rosto.— Danny, o que você disse? Que não tem sentimentos por mim? Não pode ser! Você claramente…As sobrancelhas de Daniel franziram. Sua voz ficou fria, quase cruel.— Desculpe se te dei a impressão errada. Aquelas herdeiras não me deixavam em paz naquela época. Eu precisava de um escudo.Um escudo? O rosto de Serena empalideceu.Ele fez uma pausa e continuou:— Como compensação, eu depositei cinco milhões de dólares na sua conta todos os anos. Achei que você soubesse que era só um acordo. Depois, você levou uma facada por mim e quase morreu, então deixei você ter tudo o que queria desde então.Seu olhar se fixou com calma no rosto dela, completamente sem cor.— É isso. Nada mais.A sala explodiu em murmúrios. Os olhares admirados se transformaram em desprezo e zombaria. Sussurros começaram a se espalhar pelo salão, crescendo como uma onda que se voltava contra Serena.— Viu? Um homem como o Sr. Falkner nunca olharia

Freya estava sentada em seu quarto, um pouco atordoada, o olhar vagando pelos montes de artigos de luxo. Desde que chegou à Mansão Gaskell, as empregadas não paravam de trazer mais e mais coisas. Vestidos de alta costura, jóias de edição limitada e bolsas de grife se acumulavam até quase tomarem o quarto inteiro.— Senhorita Seymour, este é o broche de diamante rosa que o senhor Gaskell acabou de ganhar no leilão.— Este vestido veio de Meralden. É da coleção mais recente. O senhor Gaskell disse que a senhorita gosta de vermelho e encomendou a coleção toda.— E essas bolsas…Freya finalmente ergueu a mão.— Olhem para este quarto. Onde é que a gente vai colocar mais alguma coisa aqui?As empregadas trocaram olhares inquietos.Uma delas tocou o fone de ouvido e disse baixinho: — Senhor Gaskell, a senhorita Seymour disse que o quarto é pequeno demais.Freya parou. — Não foi isso que eu quis dizer!Com a maior seriedade, a empregada respondeu:— O senhor Gaskell deixou cla

— Os Gaskell de Velport e os Falkner de Belcaster sempre mantiveram seus círculos separados. Aquele é o Sr. Falkner? O que ele está fazendo aqui? Um murmúrio percorreu o salão. Todos os olhares se voltaram para a porta, onde uma figura alta acabava de aparecer. Daniel permaneceu imóvel, com o olhar escurecido como uma tempestade prestes a desabar. — Por que o Sr. Falkner está olhando para a Srta. Seymour desse jeito? Ele veio roubar ela?Quase ao mesmo tempo, Xavier colocou o braço diante de Freya e a puxou para perto, protegendo-a como se quisesse envolvê-la em si mesmo. Freya se acalmou aos poucos. Voltou-se para Daniel com um sorriso súbito.— Sr. Falkner, o que o traz aqui? Veio entregar um presente de casamento?A frase atingiu Daniel como uma lâmina no peito. Sua mandíbula se contraiu, uma veia pulsando em sua têmpora. Quando falou, sua voz soava rouca, gasta.— Freya, volte comigo.O sorriso dela se alargou.— Voltar pra quê? Pra continuar vendo você se desdobrar

Ao amanhecer, o helicóptero pousou na pista central de uma ilha particular. O barulho das hélices foi diminuindo até restar apenas o som das ondas batendo contra o recife.Daniel desceu com Freya nos braços. Assim que seus pés tocaram o chão, ela se soltou e o empurrou com força.— Sequestro agora!? — Zombou. Com o vestido de noiva esvoaçando ao vento. — Desde quando você se rebaixa a esse ponto?Daniel não se irritou. Apenas soltou uma risada baixa.— E se eu tiver me rebaixado?Ele passou os dedos de leve em seu rosto. O toque era gelado, mas o olhar ardia como fogo.— Freya, você é minha. Não pense em se casar com mais ninguém pelo resto da vida. Depois de mostrar a ilha, Daniel a levou para a mansão principal.— Tudo aqui é seu. — Ele escancarou as portas de vidro, deixando o vento salgado entrar. — O jardim, a piscina, a biblioteca... até o mar.Freya não se moveu.— Quero voltar. Freya, vamos esquecer o que aconteceu antes. — Ele a envolveu por trás, o queixo pousado