O JANTAR COM MARLAA sala de jantar estava envolta em uma luz amarelada, com a mesa decorada para duas pessoas e o aroma delicado do risoto preparado pela cozinheira flutuando no ar. — Marla desceu parecendo radiante, vestindo um leve vestido azul que destacava sua barriga arredondada de seis meses. — Você está com uma aparência péssima — observou ela ao se sentar à mesa, quase como uma mãe se preocupando com a saúde de um filho ausente. — Eu não consigo parar de pensar — admitiu Adric, passando a mão pelos cabelos, como se estivesse tentando desatar os nós de uma preocupação que o prendia. — Isso está me incomodando — confessou Marla, bufando com preocupação e carinho, como uma amiga tentando consolar outra em tempos difíceis. — Ela saiu daqui sem deixar rastro algum.—A sala de jantar estava envolta em uma luz amarelada, com a mesa decorada para duas pessoas e o aroma delicado do risoto preparado pela cozinheira flutuando no ar. — Marla desceu parecendo radiante, vestindo um l

Marla permaneceu alguns segundos em silêncio, fixando o olhar na porta por onde o detetive havia saído. Em seguida, virou-se lentamente para Adric, como se pesasse cada palavra que ia pronunciar. — Agora… — a voz dela soou baixa, mas firme — após tudo o que o detetive descobriu… até mesmo eu estou preocupada. — Ela cruzou os braços, o cenho levemente franzido, e seus olhos refletiam uma mistura de ansiedade e determinação. — Tenho plena certeza, Adric, de que você tem razão em estar inquieto com o que pode ocorrer quando ela retornar. — Marla respirou fundo, como se estivesse reunindo coragem para as próximas palavras. — A verdade é que… ela não agiu por impulso— pensou em tudo, planejou cada detalhe com uma precisão que beira a frieza. — E apagou todos os rastros dela, isso é assustador, especialmente porque dá a impressão de que essa é uma jogada dela, um movimento calculado em um jogo onde as regras não param de mudar. — Adric, reflita, essa não é a Elara que conhecemos. —

DEZ DIAS DE UM LAÇO IMPOSSÍVELA noite se derramava sobre o mar como um manto de veludo azul-escuro quando Lara e Nathaniel ocuparam a mesa na área reservada aos funcionários do transatlântico. Ali, entre luzes âmbar que suavizavam os rostos cansados e o perfume de comida recém-preparada, havia uma atmosfera de aconchego que parecia pertencer apenas a eles dois.Curioso como o tempo, dentro daquele navio colossal, assumia outra forma. Os dias corriam como água entre os dedos, e mesmo assim pareciam cheios de vida, de descobertas, de conversas que se encaixavam com naturalidade. Era como se o oceano inteiro, com sua imensidão silenciosa, os empurrasse um para o outro sem que percebessem.Lara ajeitou discretamente uma mecha solta atrás da orelha e permitiu-se observar o restaurante com olhos curiosos. Parecia que tudo ali era novo novamente.— Nathaniel… — ela começou, com um sorriso espontâneo que iluminou seus olhos azuis — você já paro

A PRIMEIRA NOITE Eu achava que estava preparada. Que era apenas mais uma noite a bordo daquele navio colosal. Que um jantar com Nathaniel seria como os outros dez que compartilhamos. Mas não era. Havia algo diferente no ar — algo quente, pulsante, indescritível. Quando saímos do restaurante dos funcionários, senti meus passos perderem a firmeza. A brisa do corredor era fresca, mas meu peito queimava. Eu caminhava ao lado dele, e cada aproximação, cada respiração compartilhada, cada toque acidental parecia multiplicar as sensações dentro de mim. Nathaniel caminhava silencioso. Mas era aquele silêncio confortável, cheio de significado. Ele não tinha pressa. Eu também não. A porta do elevador abriu com um suspiro metálico. Entramos. E então o mundo encolheu de no

Nathaniel atravessou a ala técnica do Hotel 2, onde o suave som dos tacos de madeira ecoava sob seus pés. Ele estava imerso em um ambiente que unia a rigidez da técnica e a despreocupação do luxo. — O ar estava impregnado com a mistura dos aromas dos produtos de limpeza, que destacavam a organização do espaço, e o perfume discreto dos modelos que passavam, infundindo a atmosfera ao seu redor com um toque de glamour. — Ao notar a presença do gerente do setor, fez um gesto para que se aproximasse, rapidamente se transformando de observador em agente ativo, como um diretor que deseja ensaiar a cena perfeita.O gerente, segurando uma prancheta e mantendo uma postura respeitosa, perguntou: — Senhor, em que posso ajudar? — Com a confiança de um supervisor-geral que não apenas lidera, mas também inspira, Nathaniel respondeu de forma assertiva: — Preciso saber se houve alguma movimentação estranha nesta ala nos últimos dias. — Sua voz carregava um peso que não p