24. Vanessa
A rodoviária fervilhava de sons: malas arrastadas, anúncios ecoando pelos alto-falantes, conversas misturadas num ruído contínuo. Em meio à multidão, uma jovem mulher desceu dos degraus do ônibus com a postura de quem tenta passar despercebida, mas chama atenção mesmo assim.O cabelo longo, castanho-escuro, preso em um rabo de cavalo simples, realçava ainda mais o rosto bonito, delicado, cheio de traços suaves. Usava uma camisa de algodão clara, calça jeans escura e um casaco fino cinza. Nada chamativo. Nada caro. Nada que denunciasse o quanto era atraente. Discrição parecia ser sua regra de sobrevivência.Ela segurava firme uma única mala de rodinhas, já um pouco gasta nas extremidades, e um celular com a tela trincada. Ajeitou o casaco nos ombros, respirou fundo como quem se prepara para recomeçar, e caminhou em direção à saída da rodoviária.Lá fora, o ar fresco da manhã a recebeu. Ela levantou o braço e fez sinal para um táxi. Um carro branco parou imediatamente, e o motorista, um
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