ETHAN PETTERSONO vapor do chuveiro fez pouco para esfriar a irritação que fervia na minha mente. Depois de me vestir, desci para o meu escritório, fechando a porta atrás de mim. Ao menos esse cômodo elas não resolveram bagunçar. Sentei-me em minha cadeira e liguei para Nico. A casa estava quieta. Silenciosa demais. Elas deviam estar limpando, como ordenei. —...e sobre os Ross, quero que você comece uma investigação discreta sobre as finanças de Vicente. Encontre qualquer irregularidade, qualquer investimento questionável. Quero ter munição para quando eu decidir puxar o gatilho — eu dizia, girando uma caneta entre os dedos, o mundo novamente sob meu controle. — Por enquanto, deixe-os pensar que não farei nada.— Entendido, senhor. A nota de pronunciamento que recebeu a aprovação final foi postada há trinta minutos.— Vou ver agora. Mantenha-me informado sobre o progresso com...A porta do meu escritório se abriu.Levantei o olhar, sentindo a irritação voltando com força total pela i

ETHAN PETTERSONAcordei com a claridade da manhã e com o peso quente e macio de Cristina aconchegada em meu peito. A cabeça dela estava aninhada sob meu queixo, uma de suas pernas entrelaçada com as minhas, e sua respiração era um sopro suave contra minha pele. Um sorriso satisfeito se formou em meus lábios.Na noite anterior, eu havia aumentado o nível da punição. Priorizei a dor sobre o prazer e submissão sobre a sedução. E, para minha profunda satisfação, ela adorou. Cada golpe da régua, cada estocada que a forçava contra o vidro, só a deixara mais molhada, mais desesperada. O sexo fora tão violento, tão fundamentalmente visceral, que agora, com a luz do dia entrando no quarto, eu mal conseguia me lembrar do que exatamente havia me irritado tanto antes dele. A bagunça na sala de estar? Sua conversa sobre divórcio? Parecia trivial e insignificante, um problema de outro homem em outro dia. Tudo o que importava era a mulher em meus braços e a forma como seu corpo se moldava perfeit

CRISTINA SANTIAGO— Você não está grávida, né?A pergunta de Rosália fez o mundo que estava girando, parar de repente com um solavanco, arremessando todos os meus pensamentos para longe.— O quê? — Abri os olhos, encarando-a como se ela tivesse acabado de sugerir que eu me juntasse a um circo. — Não! Claro que...As palavras morreram na minha garganta. Um filme mudo começou a passar em alta velocidade na minha cabeça. Cenas. Fragmentos de noites e manhãs com Ethan. Corpos entrelaçados, beijos, o sexo selvagem em casa e as rapidinhas no trabalho. E em nenhuma dessas cenas, em nenhum desses momentos febris e apaixonados, havia a presença de um preservativo. Nem uma única vez.A realidade me atingiu como uma parede de tijolos. Eu não estava tomando pílula. Eu havia parado pouco antes de terminar meu casamento com Heitor. E com Ethan... a questão da proteção nunca foi levantada. Jamais. Nós simplesmente... nos jogamos um no outro, sem espaço para a lógica ou a precaução.O sangue fugiu do

ETHAN PETTERSONDUAS HORAS ANTES...O trabalho era meu refúgio. Cada ligação, cada e-mail, cada ordem dada era um passo para reestabelecer a ordem no meu universo. Foi no meio de uma análise de risco sobre um novo empreendimento em Dubai que a porta do meu escritório se abriu sem aviso. — Senhor. Peço desculpas pela interrupção. — É bom que seja importante, Nico. — Seu pai está aqui. Com o Sr. Sterling e o Sr. Dubois. Eles convocaram uma reunião de emergência com o conselho. Sterling e Dubois eram tubarões velhos, homens da geração do meu pai que detinham fatias significativas da empresa desde a sua fundação. Levantei-me, ajeitando o paletó. — Reunião sobre o quê? — Seu casamento, senhor.Caminhei para a sala de conferências, com Nico em meu encalço. Abri as portas duplas e os encontrei sentados ao redor da longa mesa de vidro, como abutres esperando por uma carcaça. — Ethan. Sente-se — disse meu pai, sem preliminares. — Estou bem em pé. O que é tão urgente que justifica t

CRISTINA SANTIAGOHeitor me guiou até sua sala. Assim que a porta se fechou o pânico em seus olhos foi substituído por aquela velha e familiar arrogância. — Conversar? Sobre o quê, Cristina? Veio implorar para eu me retratar na mídia? Tarde demais. O mundo inteiro já sabe quem você é. Agora, se me dão licença, estou no meio de uma crise real, ao contrário das suas. — Na verdade, Heitor, eu não vim implorar nada. — Falei, tão calma que o fiz parar. — Eu vim confirmar o que eu já sei. Ele se virou lentamente, cruzando os braços, tentando parecer entediado. — E o que você acha que sabe, hein? Rosália, ao meu lado, fingia estar fascinada pelo celular, parecendo completamente desinteressada com a situação. — Eu sei que a Miranda Ross te aconselhou a vazar essa história. — Comecei, não como uma pergunta, mas como uma declaração de fato. — E eu sei... — continuei, dando um passo à frente, invadindo seu espaço — que o irmão dela, investiu em você para conseguir que me acusasse.