CRISTINA SANTIAGO Saí da sala ainda sentindo o olhar de todos queimando minhas costas. Minha mãe ainda murmurava algo sobre eu estar ficando maluca, meu pai resmungava que eu era uma “perfeita mentirosa”, e a Cobratriz, tinha aquela cara de nojo e deboche. Enquanto caminhava pelo corredor até a porta, ouvi meu pai gritar: — Cristina, você sempre foi uma vergonha! Vai acabar acreditando nas próprias mentiras! Respondi sem olhar para trás: — Pois então se preparem para engolir cada palavra, porque em breve vão ver ele com seus próprios olhos. Fechei a porta com força. Respirei fundo e segurei as lágrimas de ódio. E foi então que notei o carro estacionado do outro lado do portão. Um sedã Mercedes-Benz preto, inconfundível, de vidros escuros. Meu estômago deu um salto quando vi o vidro baixar e Ethan acenou para me aproximar. Acho que é a primeira vez que o vejo no banco do motorista. Abri o portão, tentando manter a compostura, mas por dentro eu estava derretendo, não acr

CRISTINA SANTIAGO DIAS DEPOIS... Os dias passaram voando, como se alguém tivesse apertado o botão de avanço na minha vida. Fevereiro tinha acabado de começar, mas parecia que semanas inteiras estavam sendo engolidas em um piscar de olhos. A festa de noivado da Cobratriz com o Heitor aconteceria no próximo domingo. Só de pensar nisso meu estômago embrulhava. Não porque eu ainda sentisse algo por ele, já tinha passado dessa fase e o único homem que ocupava minha mente era Ethan. Era só porque aquilo significava ter que encarar de frente a traição dos dois. Minha irmã e meu ex-marido, sorrindo juntos, depois de tudo que me fizeram. Para o Heitor não dou a menor importância, o que dói foi ser traída assim por minha única irmã. Mas enfim, foi uma escolha dela, se não sente nada a respeito disso, então eu também não devo sentir. Mas ainda havia Ethan. Os pais dele começaram a pressionar e agora ele tinha começado a preparar nosso suposto casamento. Casamento. Eu não sabia se qu

ETHAN PETTERSON Depois que Cristina saiu do escritório, ela passou o resto do dia me dando um olhar fulminante a cada vez que nos cruzamos. Ver ela me encarando com tanta raiva daquele jeito era excitante. Ela ficava gostosa quando estava emburrada, com os olhos brilhando de raiva e a boca apertada tentando não gritar todos os xingamentos que passam por sua cabeça. Eu tinha que morder a língua para não rir alto. Ela achava mesmo que podia sair andando só porque deu vontade? Ah, minha Cristina ainda tinha muito a aprender sobre mim. Cristina estava se debatendo em aflição e culpa, quando minha esposa era ela mesma, isso não é divertido? O que não me agradava era essa história de “encerrar”. Ela já era minha. No corpo e no papel também. Algo me diz que ela me odiaria ainda mais se soubesse que a esposa é ela do que outra. Eu estava rindo sozinho desse pensamento quando meu celular vibrou sobre a mesa. Peguei sem olhar e atendi. — Alô. — Oi, filho. — Oi, mãe, como você está? — f

ETHAN PETTERSON — Como assim? Ela está em coma?! — perguntou, com os olhos quase saindo das órbitas. Sinceramente, de onde ela tira essas ideias? — Você tem um talento impressionante em tirar conclusões, Cristina. — respondi, sem confirmar nem negar. Ela bufou, visivelmente frustrada, mas aquele jeito dela só me fazia querer provocá-la mais. — Se sua esposa está nessas condições. Eu vou continuar te ajudando… mas não dá pra ir adiante com isso. Então você vai ter que dar um jeito antes do dia do casamento. Sorri satisfeito. — Boa garota. — Mas não quero mais ter um envolvimento sexual com você. — Aham, claro. — Ela finge que é verdade e eu finjo que acredito. Ela revirou os olhos, mas não retrucou. Ao invés disso, voltou para o provador e saiu minutos depois com um vestido novo, que parecia finalmente não esmagar sua alma. Eu fiquei sem ar por um momento. Simples, elegante, e ainda assim destacava cada curva deliciosa do corpo dela. — Esse é perfeito. — falei, sem hesitar.

CRISTINA SANTIAGO Quando se acerta um tapa no rosto de alguém deveria haver um impacto, certo? Depois, Heitor deveria me olhar assustado, cobrindo a bochecha com a mão, sem acreditar que tive coragem, não é? Então porque ao invés disso acontecer, havia uma mão com grandes unhas pintadas de vermelho afundando na minha pele? Meu olhar segue da mão para o braço, até encontrar o rosto da pessoa intrometida que me impediu de desfrutar de uma pequena vingança. Para meu completo desprazer, lá estava a Cobratriz, com um olhar furioso, pronta para me dar o bote por quase pisar no seu Heiscorpião. — Quem você pensa que é pra tentar bater no meu homem?! — Tenho que mencionar que a voz da Cobratriz é irritante, mas quando ela grita não tem tímpano que suporte. — Por que não pergunta ao "seu homem" o que ele fez para uma dama tão centrada como eu, chegar ao ponto de partir para a violência. — Puxei me braço da sua mão sentindo as unhas dela arranharem minha a pele. Mas a raiva era tanta q