ETHAN PETTERSON Passamos a manhã no campo dos girassóis, discutindo onde ficariam as cadeiras, por onde ela entraria e onde ficaria a orquestra. Voltamos para o chalé perto da hora do almoço. O sol já estava alto e Dante começava a ficar resmungão, exigindo sua soneca sagrada. Enquanto Cristina amamentava e colocava Dante para dormir, fui resolver o plano da noite. Cheguei ao quarto anexo do chalé e bati na porta dela. — Sr. Petterson — a babá temporária atendeu prontamente, ajeitando o uniforme. — Sônia, hoje à noite... Cristina e eu vamos sair. — Claro, senhor. O pequeno Dante ficará em ótimas mãos. Eu já verifiquei o estoque de leite que a Sra. Petterson extraiu, as fraldas estão organizadas por tamanho, e eu tenho o número de um pediatra na discagem rápida. — E o meu número. E o da Cristina. E o da segurança da vinícola. E o da embaixada, se necessário — acrescentei, meio brincando, meio sério. — Vá tranquilo, Sr. Petterson. Vocês precisam de um tempo para serem ma

CRISTINA SANTIAGO Os dias que se seguiram ao nosso retorno de Napa passaram em um ritmo acelerado, mas surpreendentemente calmo. Ethan não estava brincando sobre a eficiência. Na segunda-feira de manhã, uma equipe de três mulheres lideradas por uma cerimonialista chamada Vânia (que parecia ter a capacidade de ler pensamentos), estava na minha sala de estar. Elas não trouxeram problemas. Trouxeram soluções. — Sra. Petterson, aqui estão as paletas de cores baseadas nos girassóis e no tom de pedra da vinícola. — Vânia estendeu tecidos de seda e linho sobre a mesa de centro. — O Sr. Petterson nos informou que a prioridade é o conforto e a elegância natural. Eu me sentia uma rainha. Não precisava ligar para ninguém. Não precisava negociar preços. Eu apenas olhava, tocava e dizia "sim" ou "não". A lista de convidados foi, talvez, a parte mais complicada. Sentei-me no escritório com uma taça de chá gelado, o tablet na mão e a lista aberta. "CONVIDADOS DA NOIVA." Digitei os

CRISTINA SANTIAGO Ethan parecia um gigante sobre mim. Os músculos dos braços e do peito estavam tensos, definidos sob a luz suave, gotículas de água ainda brilhavam na pele dourada. O cheiro dele inundou meus sentidos, embriagando-me mais rápido do que qualquer vinho. Ele olhou para mim com uma intensidade que parecia queimar minha pele. Não importava o que acontecesse lá fora, aqui dentro eu era a rainha do mundo dele e ele estava prestes a me venerar no altar daquela cama. — Você está linda — ele sussurrou, a voz grossa e os olhos fixos no meu rosto. Ele baixou a cabeça e me beijou.Foi um beijo faminto, urgente, desesperado. Nossas línguas se encontraram frenéticas, tentando compensar semanas de abstinência, semanas de toques proibidos e limites médicos. Senti os dentes dele roçarem no meu lábio inferior, senti a barba por fazer arranhando meu queixo, e cada sensação era um choque elétrico de prazer que fazia meus dedos dos pés se curvarem. As mãos dele desceram pelo meu

ETHAN PETTERSON O mar Tirreno se estendia diante de nós como um lençol de safira líquida, brilhando sob o sol do Mediterrâneo. Estávamos a bordo do The Legacy, meu iate privado, ancorado ao largo da Costa Amalfitana. O mundo parecia distante daqui. Não havia reuniões de conselho, não havia trânsito, e o único som era o das ondas batendo suavemente no casco e das gaivotas distantes. Olhei para o deck inferior. Cristina estava deitada em uma espreguiçadeira larga e acolchoada, usando um chapéu de aba larga e óculos escuros enormes que a faziam parecer uma estrela de cinema italiana dos anos 50. Ao lado dela, protegido por um guarda-sol estrategicamente posicionado e cercado por almofadas de proteção, estava Dante. Decidimos trazê-lo. A ideia de passar três semanas longe dele, mesmo com a melhor equipe de cuidados do mundo em casa, causou um ataque de pânico tanto em mim quanto nela. Então, a lua de mel virou uma "lua de família". A babá, estava a bordo, descansando em sua cabi

ROSÁLIA DUARTEO amor é uma coisa engraçada. E quando digo "engraçada", quero dizer naquela categoria de coisas que variam entre "absolutamente aterrorizante" e "comercial de margarina com filtro do Instagram".Eu estava sentada em uma das cadeiras de madeira branca estrategicamente posicionadas na borda da pista de dança improvisada sobre a grama. Na minha mão direita, girava preguiçosamente uma taça alta contendo um coquetel degradê de laranja e rosa (uma invenção do barman que ele chamou de "Pôr do Sol em Napa") e que tinha gosto de frutas cítricas e más decisões, exatamente o meu tipo de bebida.Meus olhos, no entanto, estavam fixos no centro do palco.Cristina e Ethan.Eles estavam dançando. A cabeça dela estava apoiada no ombro dele, os olhos fechados, uma expressão de paz que eu não via no rosto da minha melhor amiga há anos. A mão de Ethan estava espalmada nas costas dela, segurando-a.Suspirei, tomando um gole generoso do meu drink.Eu estava feliz. Deus sabe que eu estava. V