O Peso das DecisõesO relógio marcava pouco depois das nove quando o celular de Luccero vibrou em cima da mesa, imediatamente ele reconheceu o toque e olhou o nome que aparecia na tela: Chiara. Por um instante, pensou em deixar tocar, suspirou fundo e atendeu, sem muita emoção.— Bom dia, Chiara, em que posso ajudar?— A voz dele saiu formal, quase cansada.Do outro lado, o tom dela veio suave, mas carregada e com timbre de urgência.— Bom dia, Luccero, desculpa importunar, mas o assunto é inadiável, preciso falar com você com urgência.Ele recostou-se na cadeira, massageando as têmporas.— Hum, ando muito ocupado, tenho várias reuniões hoje, ando sobrecarregado de serviço.Houve um silêncio breve, antes de Chiara soltar um suspiro firme:— Você vai morrer trabalhando, Luccero? E sabe o que vai acontecer com você ? O trabalho vai ficar, outro vai assumir o seu lugar, e a sua vida passou diante dos seus olhos. — A voz dela

O impacto me atingiu como um soco quando meus olhos encontraram aquela imagem em preto e branco. Dois pequenos corpos, duas vidas.— Quatorze semanas,— minha voz saiu embargada. — Três meses e meio, bate exatamente o tempo em que não nos víamos.Chiara me observava, a pele ainda mais pálida que o habitual, as mãos trêmulas sobre o colo.— Eu precisava te contar — disse, com a voz quebrada, mas firme. — Nós nunca tivemos compromisso, Luccero, nossos encontros eram de dois adultos. Eu não quero grilhões, nem que você pense que estou querendo te prender ao meu lado. Apenas achei certo te avisar que estou grávida.Um silêncio pesado caiu sobre nós.— O sexo dos bebês ainda não sei, — ela continuou — a médica disse que, em duas semanas poderei confirmar. Ela falou que eu posso fazer o exame de sexagenagem. Mas eu prefiro esperar as duas semanas. Acredito que a surpresa na tela do ultrassom será mais emocionante.Antes que eu pudess

Na manhã seguinte, entrei no escritório com a alegria de sempre. Eu gostava de começar o dia cumprimentando todos, deixando um rastro de bom humor, como se carregasse comigo o jardim que eu tanto amava.Qual não foi a minha surpresa ao ver o doutor Luchero já sentado à mesa, olhando alguns papéis com o cenho franzido. Ele estava diferente… havia um peso no olhar dele.Aproximei-me com minha pasta em mãos.— Bom dia, doutor Luchero. — sorri, com a mesma leveza que sempre usava. — O senhor deseja um café antes de começar o dia? Chegou mais cedo hoje.Ele ergueu os olhos para mim, demorando um segundo para responder, como se tivesse voltado de longe.— Sim, um café seria ótimo. Ainda não tomei nada hoje.— Então já volto. — respondi prontamente. — Vou trazer seu café, e enquanto o senhor come, eu passo a sua agenda.Fui até a copa e preparei a bandeja com cuidado: café fresco, suco natural, uma pequena salada de frutas, pães, bolo simples

O Desabafo de Luchero Luccero respirou fundo, os olhos fixos na toalha da mesa, como se não tivesse coragem de encarar nem a mãe nem o pai. A voz saiu mais baixa, embargada:— A Chiara,— ele suspirou. — Ela tem o trabalho dela, vocês sabem. É uma estilista reconhecida, viaja, dá entrevistas, é chamada para eventos. Nunca foi uma mulher frágil, pelo contrário, sempre tão firme. E talvez por isso mesmo eu acreditasse que ela nunca desejaria a maternidade. Sempre deixou claro que tinha medo de perder espaço, de interromper a carreira. E também pensei que não era o momento.Ele passou as mãos pelo rosto, tentando organizar os pensamentos.— Mas eu admiro a coragem dela. — fez uma pausa, a voz falhando. — Porque diante de tudo, ela decidiu ter os bebês. Não pensou em fugir, nem em se esconder. Não pediu nada para mim. Apenas disse: “Eu precisava que você soubesse”.A mãe apertou a mão dele em silêncio, sentindo a dor do filho.— Ela

O Conselho de Uma MãeO silêncio que pairava na sala era denso, quase palpável. O som dos talheres repousados sobre a mesa foi o último eco antes que a voz serena de minha mãe rompesse o ar.— Luccero, querido,— ela começou, olhando-me com aquele misto de ternura e prudência que só as mães sabem ter. — De tempo ao tempo, meu filho. Vamos esperar para ver como vai progredir a gravidez da Chiara , e se ela vai se sentir confortável com certas decisões.Aquelas palavras vieram como um alívio e um peso ao mesmo tempo, abaixei o olhar, sentindo a garganta apertar.— Mamãe, só não quero errar, eu sou um tubarão na empresa, mas em minha vida pessoal, estou um caos. Não quero que pensem que estou fugindo das responsabilidades.Ela pousou a mão sobre a minha.— E ninguém vai pensar nisso, você já mostrou que é um homem responsável. Só está tentando encontrar o caminho certo — e esse caminho, às vezes, leva tempo para ser visto.Meu pai cruzou os braços, observando, mas deixou que ela continua