A Verdade sobre LilibetJeffrey chegou em casa com o semblante abatido.O relógio da sala marcava quase nove da noite quando ele entrou, jogando a chave sobre a mesa e afrouxando a gravata. O corpo estava cansado, mas o que realmente o pesava era a alma.Lily veio ao seu encontro, preocupada. — Jeffrey, o que aconteceu? Você está pálido.Ele respirou fundo, passando as mãos pelos cabelos, o olhar perdido. — Eu fui até a casa da Clarice. Falei com a Lilibet.Lily o observou em silêncio, esperando que ele continuasse.— Ela está grávida. — As palavras saíram como um golpe. — Disse que o filho é do Leon.Lily levou uma das mãos à boca, surpresa. — Meu Deus…Jeffrey balançou a cabeça, amargo. — Eu ainda tentei dar o benefício da dúvida, Lily. Mas… ela me disse com todas as letras que era acompanhante. Que sempre foi. E ainda disse que gostava do que fazia. Que agora, com a gravidez, estava “garantindo o futuro”.Ele fez aspas com os dedos, a voz embargada de frustração. — A minha filha, a

O silêncio da sala foi quebrado por uma risada seca.Lilibet virou-se devagar, o olhar cortante, e perguntou com ironia:— Como assim “já amo”? — a voz dela soou alta demais para o ambiente tranquilo. — Esses bebês nem são teus, Evy. Quem tem que amar é o Leon, e não você.Evy a olhou, serena, mas com um brilho firme no olhar.— O amor, Lilibet, não é posse. É empatia, é respeito pela vida. — Ela pousou o olhar na tela do ultrassom, onde os dois pequenos corações continuavam a pulsar. — Mesmo que não sejam meus filhos, eles não têm culpa das escolhas erradas dos adultos.Lilibet bufou, revirando os olhos. — Ah, por favor… poupe-me desse discurso de santa. Você nunca gostou de mim e eu também nunca fiz questão de gostar de você.A médica tentou disfarçar o constrangimento, trocando o tom de voz. — Bem, Lilibet, nós terminamos aqui. Eu vou imprimir as imagens e o laudo.Leon continuava em silêncio, observando cada palavra.Seu semblante, porém, mudava a cada segundo — o desprezo evident

Já ao lado de fora da clínica, o vento fresco da manhã é um alívio silencioso.Lilibeth caminhava apressada em direção ao carro, mexendo no celular, enquanto Leon a seguia atrás e estava pensativo, e com Evy ao lado dele.Evy olhou de relance para a irmã — o semblante altivo, o olhar frio — e respirou fundo.Sabia que por trás daquela máscara de arrogância, havia uma mulher perdida, sufocada pelas próprias escolhas, e pensando em ajudar disse...Quando chegaram ao estacionamento, Evy parou de repente.— Lilibeth, espere um instante, preciso conversar com você.Lilibeth virou-se impaciente. — O que foi agora, mais alguma imposição?Evy deu um passo à frente, e com voz calma, mas firme ela propôs.— Quero te fazer uma proposta, sei que nunca nos demos bem, mas...Lilibeth arqueou uma sobrancelha. — Proposta, o que você está planejando Evy? O que você planeja com essas palavras? Não sei se posso confiar em você.— Venha

Na manhã seguinte, o escritório de Evy estava tranquilo. O som dos teclados e o aroma suave de café se misturavam no ar quando a recepcionista apareceu à porta com um arranjo exuberante de flores brancas e lilases — lírios, orquídeas e rosas.— Senhorita Evy, entregaram isso para você — anunciou, com um sorriso curioso.Evy arqueou as sobrancelhas, surpresa. — Para mim?Pegou o arranjo e encontrou o pequeno cartão preso entre as flores, o coração acelerou um pouco quando leu a caligrafia firme:“Obrigado por tudo.Pela empatia, pela força e pela luz que você trouxe nesses dias difíceis.— Leon Clifford.”Um sorriso doce se desenhou em seus lábios, era simples, mas sincero — e mostrava o quanto ele estava mudando.Ela pegou o celular e digitou uma mensagem curta, porém cheia de ternura:Evy: “Leon, obrigada pelas flores. Foram uma surpresa linda. Fico feliz em saber que seu avô está se recuperando bem.”

Lilibeth chegou à mansão como uma tempestade, os saltos ecoando alto no mármore do hall.Nem havia tirado os óculos escuros, já começou a reclamar do calor, do cheiro do almoço e da “falta de luxo” do lugar — mesmo cercada de conforto.Lily, que estava supervisionando os funcionários na arrumação do quarto dos bebês, observou a cena em silêncio por alguns instantes, respirando fundo antes de se aproximar.— Lilibeth, posso te fazer uma pergunta? — disse, com o tom firme, mas educado.Lilibeth ergueu as sobrancelhas, com um sorrisinho debochado.— Mais uma? Desde que eu cheguei, parece que essa casa virou uma entrevista.— Por que você é tão desagradável? — perguntou Lily, sem rodeios. — Todo mundo aqui está tentando te acolher, e você faz questão de ser grossa com todos.Lilibeth riu, uma risada seca e artificial.— Não sou desagradável, minha querida, apenas vivo minha vida, como sempre gostei.Estava muito bem vivendo a min