Os comentários subiam tão rápido na tela que parecia uma chuva de corações e frases piscando.— Aimée, você e o Ryan formam um casal lindo! Quando vai ser o casamento? — perguntavam em coro.Aimée abriu um sorriso maroto e respondeu, com aquele jeito debochado que já conquistava todos:— Em breve… eu acredito que esse final de semana eu vá no Walmart comprar o meu vestido de noiva lá.O chat explodiu em mensagens: “Não acredito!”, “Noiva de bilionário comprando vestido no Walmart?”, “Você está brincando, né?”Ela ergueu o queixo e falou firme:— Sim, vou. Porque ele é bilionário, eu não. Então, eu vou comprar o meu vestido de noiva no Walmart. Eles vendem vestidos lindíssimos, e isso não quer dizer que não tenham qualidade. Gente, nós temos que ter consciência. Em vez de gastar fortunas em uma roupa que vamos vestir só uma ou duas vezes, precisamos pensar que um luxo para a gente pode alimentar uma família durante um ano ou mais.

Aimée apagou a luz do quarto, mas o coração continuava em turbilhão. Deitou-se e, com as mãos entrelaçadas sobre o peito, fechou os olhos. Um suspiro profundo escapou e, então, ela murmurou:— Papai... me mostra... me mostra o que é pra ser feito. O senhor aí no céu, cuidou de mim até os meus cinco anos... depois partiu. Mas eu sei que nunca deixou de olhar por mim. Papai, eu quero um amor igual ao teu e da mamãe. A mamãe nunca se casou depois que você se foi. Ela sempre disse que não precisava... porque amou só um homem. E eu quero isso também, papai. Eu quero muito que o Ryan tenha mudado. Que ele seja como o senhor foi pra mamãe. Eu não sou o tipo de mulher que ele anda, que ele gosta, o senhor sabe. Eu puxei pro lado da mamãe... eu sou gordinha. Mas eu sou feliz do jeito que eu sou. Então, por favor, conversa aí com Deus... pede pra Ele dar juízo ao Ryan. Que o que ele falou pra mim hoje seja verdade. E me dá uma luz, papai, pra que eu saiba dar essa resposta a ele... p

Ryan entrou em seu escritório, ainda com o peso da manhã estampado no rosto. Fingira naturalidade diante da Aimée, mas no fundo, a presença inesperada de Lucy o deixara inquieto.Sentou-se em sua poltrona de couro, puxou um copo d’água e respirou fundo.Na mesa, uma pequena luz piscava. Era o painel que conectava as câmeras de segurança internas da empresa. Ele não costumava usá-las — detestava a sensação de vigilância — mas desde que Aimée entrara em sua vida, havia passado a recorrer a cada detalhe. Não por desconfiança, mas por um ímpeto de protegê-la.Curioso, ele reviu as gravações da sala externa à sua. Lá estava Aimée, diante de Lucy, firme, altiva, irônica até.O sorriso dele surgiu involuntário.Meu Deus… como eu pude achar que essa mulher era só uma funcionária comum? Como eu pude confundir essa Fiona atrevida com uma figura qualquer?Aimée não se intimidava. Ela encarava Lucy de igual para igual, com frases afiadas, com a c

— Ele respira fundo, aproxima-se da mesa e apoia as mãos. — Há três meses e meio, eu fiz uma coleta do meu sêmen para armazenar em criogenia. E adivinha quem estava comigo no laboratório? A Lucy. Enquanto eu fazia a coleta, ela ficou na sala ao lado, conversando com o médico, ajeitando papéis… E hoje o laboratório me confirmou que essa amostra sumiu.Aimée leva a mão à boca, surpresa.— Você está me dizendo que…Etienne completa:— Exatamente. Ela pode ter furtado o material e usado para inseminar os próprios óvulos em outro laboratório.Ryan se aproxima de Aimée, com a voz carregada de decisão:— Aimée, eu sei que você ainda não concluiu sua faculdade de Direito, mas você já me provou várias vezes que tem raciocínio jurídico afiado. Eu não quero desculpas, eu não quero justificativas. Se essas crianças forem minhas — e eu tenho certeza de que são — eu não vou deixá-las com a Lucy. O que eu posso fazer, juridicamente, para tomar essas crianças

No meio do jantar, Ryan não resistiu. Largou os talheres de lado, segurou o rosto de Aimée e a beijou com intensidade, daqueles beijos de cinema que deixam qualquer um sem fôlego. Aimée, surpresa, retribuiu, segurando-o pela nuca. O celular, apoiado no tripé, registrava tudo.Quando o beijo terminou, Aimée, rindo e ainda ofegante, virou-se para a câmera.— A melhor parte, gente, é a do beijo.Os comentários explodiram na tela.— “Ai, que fofos!”— “Esse casal é tudo!”— “Beija de novo, beija de novo!”Aimée abanou a mão, fingindo repreensão.— Depois do beijo... isso aí já é privado. É só entre eu e ele. Eu não vou levar o celular para vocês verem o que nós fazemos no nosso quarto, né?Ryan gargalhou, dando outro selinho nela, e a plateia virtual enlouqueceu com coraçõezinhos. Foi quando, no meio da enxurrada de comentários, surgiu um que saltou da tela:— “Até parece... quem está grávida dele sou eu, não é você.”