“Tic-tac, tic-tac... Tic, tic, tac, tac...”Wellington cantarolava a melodia, que começou vibrante e terminou arrastada como uma torneira mal fechada. Gastou uma hora inteira nesse refrão interminável.Enquanto isso, seus olhos rodavam em volta de Roberto sem parar. Se somasse todos os exercícios de visão que fizera na escola, ainda não daria a quantidade de voltas que dera naquele dia.Tinha vindo porque recebera um telefonema. Desde que chegou, Roberto não pronunciara uma única palavra, apenas ficara ali, sentado.E Wellington já entendia o motivo.Provavelmente era para flagrar um caso!Só que essa palavra, diante de Roberto, ele não tinha coragem de dizer em voz alta.— Roberto, vou ali dar uma mijada. — Avisou, com a bexiga prestes a explodir.O outro não respondeu. Apenas permaneceu meio reclinado, numa postura relaxada demais. Se dissesse que estava vivo, ninguém acreditaria, pois não emitia nem um suspiro. Se dissesse que estava morto, os olhos dele, abertos e fixos, desmentiri
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