HannaEu estava completamente destruída, talvez se caísse do cavalo, ao invés de quebrar meu pescoço, eu apenas dormiria. Não aguentava mais.Da próxima vez que ele ordenar que faça uma viagem, vou me esconder em um buraco qualquer, um fundo o suficiente para não ser encontrada.Ele também não respondia minhas perguntas, eu nem sabia o que esperar do nosso destino final, apenas podia agradecer por estar viva.Meu pé estava melhor, mas não podia vacilar, se pisasse em falso ou forçasse, iria piorar. Eu não queria perdê-lo, por isso ficava quieta quando parávamos.Mas isso era o de menos, há dias que não me lavava adequadamente, mal bebia água. Os outros humanos estavam acostumados, trabalhavam diretamente para Oryan e já tinham saído do reino para várias missões. E mesmo me ajudando, eu não consegui evitar o cansaço. Antes eu pensava que poderia enfrentar qualquer coisa, afinal, também não era fácil trabalhar no campo. Mas eu me enganei.Estávamos chegando, já sentia o vento mais for

Oryan— Eu apenas me fiz de morta para não envergonhá-lo com minhas palavras rudes. Seja grato.— Então era isso? Me preocupei sem motivos então.— Tanto faz — retrucou, cansadaHanna olhou o próprio corpo, analisando os arranhões e sangue, mas não conseguia ver seu ombro devido a dificuldade de mexer a cabeça. Ela estava bastante machucada, mas apenas superficialmente. As únicas coisas graves eram a mordida e o corte na cabeça.— Você precisa lavar os ferimentos, ou pode infeccionar.— Eu vou… ai… — Ela tentou levantar, mas sentiu o pé doer, o mesmo que tinha machucado antes. — Espere aqui que vou preparar o banho. — Tomei a frente e a ajudei a sentar novamente. — Você?— Sim.Hanna enrugou a testa, desconfiada.— Tudo bem — conformou-se. — Isso é culpa sua de qualquer forma, é justo que me recompense.Era bom ver seu atrevimento, isso mostrava que sua cabeça estava boa após a pancada. Apesar disso, Hanna estava muito calma, o que era muito estranho, pois ela costumava ter reações

Oryan— Mesmo que seja uma transformada, é incomum vampiros quererem servir outros vampiros.— Eu servia à princesa antes de me transformar e quando aconteceu, optei por não me afastar.Estranho demais. Mas por hora decidi ignorar.Voltei a caminhar sabendo exatamente onde deveria ir, foram poucas vezes que estive nesse reino, mas o suficiente para memorizar sua estrutura.Não foi demorado chegar no gabinete de Zyon, esse que era tão grande quanto o de Lucyan, porém o luxo era exagerado. A família Morvain sempre esbanjou as suas riquezas.Mas era apenas ela, o povo sofria com uma vida regrada e algumas vezes, miserável. Isso também incluía os vampiros, havia muitos desfavorecidos.— Já estava a ponto de ir buscá-lo — disse Zyon assim que abri a porta.— Não seja impaciente, Zyon.— Eu não sei o que é ter paciência há um bom tempo, meu amigo. Cada vez que olho meu reino morrendo, mais distante ela fica.— Infelizmente terá que ter. Esse problema não é tão simples de resolver.— Por que

Hanna— Gostaria de recompensar de alguma forma. Oryan veio pessoalmente ajudar, então agradar sua serva, também o agradará.— Eu entendo, mas…— Sei que não deve estar acostumada com isso, mas por favor aceite.Não consegui dizer não ao seu sorriso. Olhei para a serva que estava ao lado da mesa e ela, apesar de não estar sorrindo, tinha o semblante leve e não parecia estranhar as atitudes da sua princesa, embora, ela claramente fosse uma vampira. Isso era estranho também. Um vampiro servindo outro? Enfim, era outro reino, outros costumes.Valkyra conduziu-me até o lugar que eu deveria sentar e em seguida, acomodou-se na cadeira da ponta da mesa, o que julguei perto demais.A refeição estava quente e salivei ao imaginar o sabor, parecia tudo muito bom. A louça era refinada e havia talheres demais, alguns eu nem sabia como usar. Isso me deixava mais nervosa. Como eu poderia comer na sua frente? Eu não tinha modos refinados.— Pode comer, Hanna. Nossa cozinha é a única coisa que está f

HannaFui puxada bruscamente para trás, o braço firme agarrou minha cintura e assim que falou, reconheci.— O que pensa que está fazendo?— Nada, vossa alteza. Estávamos apenas conversando.— Minha serva não é alimento, apenas eu tenho direito para tocá-la. Entendeu?Que direito? Que besteira ele estava falando agora?— Isso que viu foi apenas um mal entendido. Eu não ia mordê-la. Ela estava curiosa para saber como era ser um vampiro transformado, então estava explicando.— Vou deixar passar, mas que não se repita.— Perdão, vossa alteza.Vi quando ela se curvou e passou por nós, em direção a saída do corredor, mas eu ainda estava atordoada e paralisada.Que diabos ela fez?Oryan agarrou meus ombros e olhou-me. Ele parecia preocupado.— Eu disse para não abrir a porta para ninguém, serva. Por que insiste em me desobedecer?— Eu… — balbuciei, mas não pareceu sair certo.Por que meu corpo não reagia? Era como se eu fosse uma espectadora em minha própria cabeça, não conseguia executar na