O calor que resta depois da guerra é onde se forja o amor que não se nomeia.O primeiro raio de sol escorregava pelas frestas das cortinas quando Zayn despertou. Ainda não havia barulho algum no palácio — nem passos, nem vozes, apenas o silêncio que antecede os dias que nascem marcados por decisões importantes.Isabela ainda dormia, o rosto sereno apoiado em seu peito. Os dedos dela estavam entrelaçados aos seus, como se em algum ponto da madrugada tivesse buscado, instintivamente, aquele abrigo. Zayn não se moveu. Apenas a observou por longos minutos, sentindo a forma como o coração dela batia em ritmo constante contra seu corpo.Ali, entre lençóis suaves e sombras douradas do amanhecer, ele não era o sheik, o guerreiro, o estrategista. Era apenas um homem que segurava em silêncio o que mais queria proteger.Quando Isabela começou a se remexer, ele deslizou a mão por suas costas com cuidado, subindo até seus cabelos, afastando-os do rosto.— Bom dia, amalî — murmurou, com a voz rouca

Ela se virou de lado, apoiando a cabeça no peito dele. O coração dele batia com calma... mas o corpo estava em alerta. Ela o conhecia. Sentia. Cada respiração tensa. Cada músculo sob a pele esticada.Então ela se ergueu sobre os cotovelos e o olhou.— Quero você — sussurrou.Zayn abriu os olhos, surpreso pela firmeza do tom.Ela subiu em seu colo, devagar, sentando-se sobre ele com controle. As coxas dela o cercaram como um convite sagrado. E ele não resistiu — as mãos pousaram na cintura dela, os olhos cravados nos dela.— Amalî... — ele murmurou, mas a voz estava falha.Ela o silenciou com um beijo.Era suave, quente, e não pedia permissão — era entrega.Os dedos dela desceram para desfazer os botões da camisa dele. As mãos exploraram o peito firme, os ombros largos, o pescoço que ela tantas vezes desejou beijar... e agora beijava, lentamente, com os lábios abertos e respiração pesada.— Me deixe cuidar de você essa noite — disse, com a boca contra a pele dele.Ele fechou os olhos,

Às dez da manhã, o escritório estava em pleno movimento.Isabela estava cercada por arquivos, papéis e telas divididas com diferentes planilhas, e os cabelos estavam presos de qualquer jeito em um coque alto. Os olhos percorriam nomes, datas, cláusulas.Ela rabiscava com caneta vermelha os contratos suspeitos e grifava em azul os trechos que haviam sido repetidos demais — como se alguém tivesse copiado cláusulas padrão apenas para parecer legítimo. Mas ela já sabia: quanto mais repetição, mais provável era a fraude.Sobre a mesa, havia anotações manuais conectando empresas, contratos fictícios e ramificações que levavam a nomes disfarçados em holdings menores.Isabela inclinou o corpo para frente, mordendo a ponta da caneta.— Marwan Thakir.. de novo você. — Sussurrou para si mesma. — Aonde está tentando se esconder dessa vez?Na sala ao lado, Zayn estava em uma chamada de vídeo com dois diretores internacionais. Usava uma camisa preta, sem paletó, mangas dobradas até os cotovelos. O

A tarde seguia densa, como se o ar de Al-Qadar pressentisse que algo estava prestes a mudar.Isabela organizava os relatórios finais da manhã em sua mesa, mas os dedos estavam mais lentos. Desde que Zayn retornara da reunião com Imad Harun, ela o observava à distância, atenta ao modo como os ombros dele estavam mais tensos. Havia algo em sua postura... um silêncio que não era cansaço, mas cálculo.Zayn não entrou direto em sua sala. Passou por ela, apenas roçando a mão nas costas de sua cadeira, e seguiu para a sala de segurança avançada da empresa — uma sala isolada, à prova de som, onde só se entrava com três autorizações simultâneas.Hakim o seguiu.Kareem já esperava dentro, diante de uma parede de telas e gráficos.— Temos o nome — Zayn disse, direto. — Hassan Ghareeb.Kareem levantou os olhos da tela.— O consultor de acordos internacionais?— Exatamente. Três contratos adulterados. O traidor está sentado no coração da empresa.Hakim fechou a porta com o corpo inteiro, como se s

O entardecer em Al-Qadar tingia o deserto de tons dourados e acobreados quando Kareem entrou no escritório de segurança com os olhos semicerrados, o tablet colado ao peito e a respiração tensa.Zayn ergueu o olhar do painel interativo e imediatamente captou o clima.— Temos algo? — perguntou, seco.Kareem assentiu.— Hassan tentou transferir 300 mil dinares para uma conta nas Ilhas Viridis. Nome de laranja: Youssef Thamir. Mas o sistema travou a operação.Hakim entrou em seguida, entregando um envelope com imagens impressas.— E temos isso também. Hassan foi visto hoje cedo entregando um envelope lacrado a um estagiário do setor fiscal. Fizemos o rapaz falar. Era um pacote de documentos falsos.Zayn respirou fundo.— Chegou a hora, então.Ele olhou para os dois guardas.— Quero que preparem a sala de reunião da ala leste. Não a principal. Avisem Hassan que ele foi convocado para uma reunião urgente de “ajuste de contratos”. Isabela estará presente. Vocês também. Mas ele não precisa sa