Narrado por MaiteAs semanas seguintes foram um turbilhão de emoções. Monstro, ou melhor, Lui, como ele agora quer ser chamado quando estamos sozinhos em casa, se tornou o novo dono da Rocinha.Fiquei sabendo que primeiro ofereceram para o Fumaça, mas ele não quis aceitar, alegando que queria ficar no morro de Gabriel. Em outras palavras, ele não quer me deixar sozinha, pois sei que se ele assumisse, a Bruna com certeza aceitaria ir com ele.Eles me contaram que estão firmes e que estão namorando. Por mais que Fumaça seja bem mais velho que ela, sei que ele será o par perfeito para ela. Ela precisa de um homem que tenha cabeça e não um moleque que não consiga guardar o pau dentro das calças.A partir de hoje, Bruna está indo morar com ele. Vou sentir saudades de acordar todos os dias e ir encher o saco dela. Bem, isso é só um drama da minha parte, pois Fumaça comprou uma casa ao lado da do Gabriel.Quanto a mim, as tonturas e ânsias estão cada dia mais fortes, mas ainda não tive corag

Narrado por MaitêSaí do hospital tremendo, uma mistura de medo e felicidade envolvendo meu coração. Ouvir o som do coração do meu bebê me fez entender que, não importa o que aconteça, eu escolherei ele sobre todos ao meu redor.Não vou negar que ainda estou tremendo ao pensar em contar isso ao Gabriel e temo sua reação, mas não posso permitir que isso me afete, por mais difícil que seja.O Fumaça me disse que o baile será no sábado, e hoje é quarta-feira. Ainda tenho alguns dias para arrumar tudo o que preciso, para planejar a revelação da melhor forma possível.Chego em casa e vejo que o Gabriel está sentado no sofá com uma expressão fechada, o que me deixa confusa, já que de manhã ele estava bem. O clima já parece tenso, e algo dentro de mim diz que a conversa que precisaremos ter será difícil.— Oi, amor, está tudo bem? — Pergunto ao me aproximar, tentando suavizar a tensão no ar.— Isso que eu gostaria de saber, está tudo bem, Maitê? O que o Fumaça veio fazer aqui? Para onde você

Narrado por Maitê Diante de toda a turbulência do dia, uma determinação silenciosa se instala em mim. Mais do que nunca, tenho certeza de que quero o nome do Fumaça em minha certidão. Depois de algumas semanas que já estava recuperada e os desmaios haviam diminuído um pouco decido sair de casa e ir falar com a advogada com quem já estava em contato.O caminho até o escritório da advogada parece mais longo do que nunca, mas mantenho minha determinação. Chegando lá, entro decidida, pronta para dar os próximos passos rumo ao meu objetivo.Sentada na sala de espera, deixo minha mente repassar os eventos do dia, reafirmando minha decisão.— Oi, doutora Mirela, meu nome é Maitê. Preciso tirar algumas dúvidas com você. Fui registrada com um sobrenome que não pertence ao meu pai biológico. Eu gostaria de saber se há alguma possibilidade de alterá-lo e adotar o sobrenome do meu verdadeiro pai. — Minha voz sai trêmula, e sinto como se meu coração estivesse prestes a saltar pela boca.A advoga

(continuação narrada por Bruna)As consultas com o psicólogo têm sido mais difíceis do que eu imaginava, mas a cada dia estou conseguindo lidar melhor com o luto. A perda de Cobra, com todos os sentimentos confusos que ela carrega, continua sendo um peso pesado. Deixar que eles se vão, mesmo com tudo o que fizeram, parece algo impossível. Mas sei que, de alguma forma, é necessário.Gabriel tem sido meu alicerce nas horas mais difíceis. Ele é meu porto seguro, minha estabilidade em meio ao caos. Não é fácil, especialmente com as constantes confusões das mulheres do morro, que agora parecem ter se voltado contra mim. Elas se aproximam de Gabriel, se intrometem no nosso relacionamento, e as redes sociais não param de divulgar fofocas. Eu queria ter a calma da Maitê. Queria ser como ela, que se mantém distante, fria, não se importando com as fofocas. Mas eu não sou assim. Se alguém me desafiar, se alguém se meter no meu caminho, vai sentir o peso da minha ira.Maitê tem estado diferente u

narrado por MaitêFiquei deitada na cama, a coberta puxada até o rosto, tentando esconder o turbilhão de sentimentos que me consumia. Gabriel havia sido insuportável, mas ao mesmo tempo, algo em suas palavras, em seus gestos, ainda me tocava. Ele estava tentando, pelo menos, tentando de uma forma que eu não conseguia entender direito. Como se ele ainda acreditasse que havia alguma chance para nós dois, mas eu já sabia, lá no fundo, que o que existia entre nós havia se perdido faz tempo.Eu tentei ignorar a dor e a frustração, mas era impossível. Ver Gabriel ali, insistindo, tentando de todas as maneiras fazer algo certo, me fazia questionar a minha própria postura. Ele estava ali, me ajudando, cuidando de mim como se a vida dele dependesse disso. Mas, no fim, quem estava realmente perdido nessa história era eu. Eu, que não sabia mais o que sentia por ele. Eu, que me sentia cada vez mais sozinha, apesar de estar cercada de pessoas.A gravidez, que deveria ser um momento de alegria, de