- Bom dia, meninas. - Andrew anunciava sua chegada, Hélène deu uma risadinha baixa ao ser chamada de 'menina', o filho beijou-lhe o rosto e à mim no alto da cabeça, como diariamente o faz, parando alguns instantes para verificar os pontos quase cem por cento cicatrizados. - Bom dia. - eu disse. - Bom dia, querido. - Hélène colocava sobre a mesa as panquecas recém saídas do fogão, ainda estavam fumegando. - Acho que na próxima semana você pode retirar os pontos. - ele comentou pegando duas panquecas com o fargo e as colocando em seu prato. Um lampejo de esperança sintilou em meus olhos. - Então eu posso voltar à escola? Ele mastigava um pedaço de panqueca cortado, ponderando o meu pedido. - Vamos ver o que a médica vai dizer, daí decidimos. - ao menos não timha sido um "não". Ele repetiu o processo, cortando outro pedaço de panqueca e o abocanhando, foi quando notei que não estava usando seu uniforme policial. - Não vai trabalhar hoje? - perguntei unindo as sobrancelha

Eloira fora sucinta: roupa preta e maquiagem, e assim eu fiz. Fora necessária uma hora e meia de frente para a penteadeira mas gostava do resultado no reflexo: um olho marrom bem esfumado com um delineado gatinho e um batom vermelho. O cabelo fora repuxado em um rabo de cavalo alto, agora que felizmente os pontos estavam com os dias contados para serem tirados e eu já não sentia mais dor para pentear. - Nell, filha, a Eloira chegou. - ouvi minha avó chamar do primeiro andar.- Já desço! - respondi na porta do quarto, a fechando em seguida para dar a última checada pelo espelho de corpo inteiro que fora instalado atrás da porta. Eu estava vestindo uma camisa da A7X preta, costumisada com um corte nas mangas e na barriga, deixando o umbigo um pouco à mostra. Uma saia drapeada em estilo colegial com algumas correntes penduradas como adereço e calcei meus coturnos herdados, contra gosto, de Sarah quando ainda viva. A jaqueta preta de couro falso fora a no antebraço, o sol ainda se pu

- Você está pronta? - Gerard me perguntara, sua voz era um sussurro rouco ao pé do meu ouvido, eu engoli em seco e assenti. - Ergua os braços. - ele ordenou e eu o obedeci. Suas mãos frias roçaram as laterais da minha cintura e ele puxou para cima minha camisa de banda, a dobrando e colocando sobre um divã marrom no canto do seu quarto, repetindo o processo com minha saia após descer seu zíper na parte de trás e ela cair sobre meus pés já descalços. Ele não tinha pressa em me despir, em mim aumentava a ansiedade, nele, a excitação. Seus dedos foram ágeis ao tirar meu sutiã, que deslizou as alças por meus braços e o bojo roçou nos meus mamilos tom de malva já enrijecidos. Ele descartou a peça com o mesmo cuidado das anteriores, me deixando apenas de calcinha. Sua mão fora até o laço que prendia meu cabelo no rabo de cavalo e ele libertou os fios castanhos que caíram sobre meus ombros.- Prefiro quando estão soltos. - ele disse. Sua mão afastou um punhado de cabelo, deixando meu p

Os dias tornaram-se semanas e as rosas já não apareciam mais na minha janela pela manhã, o pequeno buquê que eu formara morreu e dessa vez deixei que as pétalas secassem, não as trouxe de volta à vida, mas ainda não tinha coragem de me livrar delas. A aliança, assim como o relicário, ficaram guardados dentro de uma gaveta no móvel ao lado da cama. - Então é mesmo o fim, amiga? - me perguntara Thomas em uma de nossas ligações semanais. - Sim. - eu me limitava a monossílabos quando se tratava dele, até proferir seu nome me doía. Por semanas passei noites à sua espera, sentada no sofá abaixo da janela, esperando pela sombra dele à sair dos arbustos do bosque, mas ele nunca mais regressara. Pelas manhãs eu olhava a janela vazia, com o desejo de encontrar uma rosa vermelha no parapeito que silenciosamente diria: "eu estive aqui, eu ainda estou aqui, eu vou esperar", mas isso nunca aconteceu. Se não fosse pela aliança e pelas rosas mortas, talvez sua lembrança não passasse de um mero d

Trazer os documentos sobre o caso de Stella fora um ato impensado, instintivo, mas de muita 'sorte' por assim dizer. Haviam similaridades entre o caso dela e o de Brian, a começar pela forma como o ataque ocorrera: os corpos de ambos estavam brutalmente mutilados, e mesmo que o de Stella tivesse uma mordida no pescoço, o de Brian não, e aí que uma frase antiga de Andrew voltara à minha mente: "Vampiros são muitas coisas, cruéis em especial, mas não têm o costume de atacar com a selvageria no caso de Stella", o que me fez concluir que o que matou os dois não foi um vampiro, mas que em Stella foi feito para parecer ter sido um vampiro. Nos dois casos, também, pude constar não ser um ataque de animal, por mais que a floresta ao redor da cidade fosse lar de animais selvagens que predam para sobreviver, a criatura que os atacou, seguindo as imagens feiras pelos legistas, aparentava não ser um ataque por fome mas por sim por... ódio. Um animal faminto ataca para se alimentar, o que que