A luz dourada da manhã invadia suavemente o interior do carro enquanto Gabriel dirigia em direção à nova casa. Camila, ao lado, descansava com a cabeça encostada no ombro dele, os dedos entrelaçados aos seus. A lua de mel havia sido um sonho, mas agora o recomeço ganhava forma no lugar onde construiriam suas lembranças mais preciosas.— Lar doce lar — murmurou ela, sorrindo ao ver o portão se abrir automaticamente diante deles.A casa parecia os esperar. As janelas abertas deixavam o vento dançar pelas cortinas brancas, e o jardim — aquele mesmo que Gabriel havia projetado anos antes — estava florido como nunca. Ele havia contratado uma equipe para deixar tudo pronto durante a viagem: cada detalhe, cada vaso de flores, cada travesseiro perfumado. Camila levou as mãos à boca ao cruzar a entrada.— Gabriel... você deixou tudo tão lindo. Parece que essa casa sempre foi minha, mesmo antes de eu conhecê-la.Gabriel a puxou para perto e sussurrou:— Porque desde que te conheci, eu sonhei em

Narrado por Clara O perfume das flores frescas na mesa de jantar se misturava com o aroma dos pratos recém-preparados. A casa nova de Gabriel e Camila era mesmo linda. Clara nunca tinha visto Gabriel tão feliz e radiante. Era como se cada detalhe daquela casa fosse um reflexo da nova fase que ele estava vivendo ao lado da mulher que amava. — Não acredito que vocês pensaram até nas velas aromáticas pra hoje — comentou Clara, sorrindo para Camila enquanto observava a decoração impecável da mesa posta. Camila riu e ajeitou a franja que insistia em cair nos olhos. — Foi ideia do Gabriel. Ele ficou animado com tudo. Disse que queria que esse almoço fosse inesquecível. E estava sendo. A mesa já reunia os amigos mais próximos: Caio e Bruna conversavam com Eduardo e Jaqueline, os irmãos de Gabriel. Do outro lado, os pais de Camila e os de Gabriel riam com Júlia, a irmã de Clara, que era sempre a mais falante. Clara sentou-se ao lado de Lucca, que segurava sua mão por debaixo da mesa. El

Os dias passaram e, junto com eles, as emoções de Bruna e Caio oscilavam entre ansiedade e esperança. Cada amanhecer era um lembrete de que o momento tão esperado se aproximava. A primeira consulta no centro de fertilidade estava marcada para uma manhã de sexta-feira, e na véspera, o nervosismo já tomava conta dos dois.Bruna mal dormiu naquela noite. Ficava se perguntando como seria, o que ouviria do médico, se o tratamento seria longo, caro, doloroso… Mas, acima de tudo, se daria certo. Já Caio tentava manter a calma, mas por dentro sentia um misto de medo e empolgação. Queria ser forte por ela, mas também precisava lidar com suas próprias inseguranças.Na manhã do tão aguardado dia, o casal saiu cedo de casa. O céu estava encoberto, com nuvens cinzentas anunciando uma possível chuva, mas isso não atrapalhou o brilho nos olhos deles. No carro, o silêncio era confortável, mas repleto de pensamentos que se cruzavam. De vez em quando, um olhava para o outro e sorria. Não havia necessid

Eduardo estava atrasado. A manhã já avançava e o relógio parecia zombar dele com cada segundo que passava. No prédio, o elevador insistia em não funcionar, deixando-o refém das escadas apertadas e mal iluminadas. Irritado, decidiu descer o mais rápido que pôde, pensando no café que havia esquecido em casa e no trânsito que enfrentaria até o trabalho. No meio da descida, numa curva estreita do corredor, seu corpo colidiu com uma mulher que carregava uma caixa volumosa. O impacto foi suficiente para que a caneca de café que ela segurava tombasse, espalhando o líquido quente e escuro pela camisa branca impecável de Eduardo. — Que droga! — ele exclamou, olhando para a mancha que parecia ter surgido para arruinar seu dia. Ela ergueu os olhos, mostrando um sorriso atrevido que só aumentava a irritação dele. — Ops! Foi mal, não te vi — disse ela, sem demonstrar nenhum remorso. Eduardo sentiu a raiva crescer rápido, como se fosse um fogo prestes a explodir. — Não me viu? Claro, com tant

(Narrado por Lorena)Joguei a caixa no chão com um baque seco e fechei a porta do apartamento com o pé. O silêncio tomou conta do lugar assim que me livrei da bagunça da mudança. Eu nem tinha pendurado as cortinas, mal sabia onde estava a cafeteira nova, e já tinha arrumado confusão com um vizinho.Vizinho não… um chato metido a sabe-tudo, de cara amarrada, cheio de postura de superioridade. Eduardo. O nome dele parecia ter sido cuspido com raiva da própria boca.— Idiota — murmurei, jogando os cabelos pra trás.Peguei um pano de prato e comecei a limpar os respingos de café que tinham caído na caixa. Que bom começo, Lorena. Mal chegou e já virou assunto no prédio.Mas que culpa eu tinha? Ele que desceu feito um touro desgovernado, sem olhar por onde andava. E ainda quis jogar a culpa em mim, como se a camisa dele fosse feita de ouro.— Acordou com o ego doendo, só pode — reclamei para o nada.Mesmo assim... aquele olhar. Intenso. Incômodo. E aquela voz firme, autoritária... Eu devia