Chase HarrisonDevia me esbofetear por ter mandado o Dario ir atrás da infeliz, na casa da amiga dela. Nunca terceirizei nada que fosse importante, porra, e justo agora, quando mais importava, deixei outro resolver o que só eu podia resolver. Covardia disfarçada de estratégia.Mas precisava tê-la por perto. Não importava se não estava mais na minha cama. Precisava que estivesse sob as minhas vistas, aonde eu pudesse controlar, aonde eu soubesse que não teria outro homem sobre ela. Caralho, não era difícil. Eu a manteria em segurança, e porra, talvez também a mim mesmo. Porque o que acontecia quando Harper Ward sumia do meu alcance era sempre pior.E sabia, no fundo, muito bem, que acabaria me perdendo por ela em algum momento, ao tê-la sob o mesmo teto. Era inevitável. Cedo ou tarde, eu a arrastaria para a cama de novo, porque nunca fui homem de resistir ao que queria. Ainda assim, tentei me convencer da mentira mais estúpida que já contei a mim mesmo: fazia isso somente pelas criança

Harper WardThomas me encarou como quem julgava até meus pensamentos. E sob o silêncio da biblioteca, passei a procurar pelo celular. Havia uma organização rígida no ambiente, que não combinava em nada comigo, ou minha bagunça.— Vai atender ou vai deixar essa coisa apitando dentro da minha cabeça o dia todo?O encarei, enquanto as mãos continuavam a trabalhar para encontrar o telefone. — O nome disso é celular. E o que está dentro da sua cabeça é só mau-humor. — Brinquei.Thomas estreitou os olhos. — Menina insolente.— Velho rabugento.Thomas riu, e tentou esconder por trás do livro que lia, o colocando em frente ao rosto.— Oi, Dario… — Atendi sem pensar muito, a voz baixa, cansada de quem estava dormindo mais do que deveria. — Aconteceu alguma coisa com as crianças?O silêncio do outro lado não era o silêncio de Dario. O reconhecimento da respiração, do peso contido, me acertou antes da voz. E ao preparar-me para desligar, entendi porque nunca o atendi. Não teria podido desligar s

Harper WardNão sabia que estava encrencada até entrar no maldito salão. Não foram as flores ou os quadros a me fazerem perder o juízo, fora ver o Tyler, e saber que, seu chefe estaria ali também. Não tinha ideia de que Chase chegaria, ou que seria o anfitrião. Jamais teria vindo, ou aceitado o convite se a informação fosse completa.Nervosa, e temendo a aproximação iminente a segundos de acontecer, agarrei o braço do Thomas, que, conversando com um velho amigo, sequer notou minha tensão. Segurando-me a mão entrelaçada ao braço oposto, e continuando a conversar como se não se vissem a meio século.Em desespero, tive-me nervosa por todo o maldito segundo em que me restou apenas tentar respirar, e aguardar a voz autoritária que não demorou a surgir, fazendo com que meu corpo inteiro se arrepiasse com a presença.— Boa noite, senhores... — Chase praticamente decretou. Não de forma social, mas autoritária, como quem deixava claro que não era o governador na minha presença. Era o homem. Irr

Harper WardSaí correndo sem olhar para trás, como se o chão pudesse ruir sob meus pés a qualquer segundo. O coração disparava tão rápido que parecia querer rasgar minhas costelas por dentro, e a respiração vinha curta, falha, como se tivesse sido sugada para fora de mim. Tudo o que eu queria era distância dele. Do olhar, da voz, do toque que, mesmo sem me alcançar, ainda queimava.Foi quando bati de frente com alguém. O corpo alto, firme, envolto em perfume forte e distinto de tabaco caro e vinho, quase me derrubou. Me afastei um passo, assustada, mas logo reconheci o rosto marcado pelo tempo e pelos anos que não o tornavam frágil, mas ainda mais imponente.— Harper? — A voz de Thomas soou entre surpresa e preocupação.Olhei para trás, e vi a silhueta larga de Chase a poucos metros, a passos de me encontrar, o olhar predador cravado no salão, ciente de que me acharia, como se fosse me devorar inteira ali mesmo, diante de todos, ao ter suas mãos em mim outra vez.Não. Eu não suportari

Harper Ward— Não precisa vir comigo, se não quiser. — Disse, mais para mim mesma do que para Thomas.Thomas perguntou se eu estava brincando, como se aquela fosse uma piada mal contada em mesa de bar. — Não perderia a oportunidade de ver isso por nada. — disse, ajeitando o corpo na poltrona com uma calma que me irritava. Então abaixou os óculos, os olhos azuis fixos em mim, afiados como bisturi. — Mas o que me intriga mesmo é porque você não recorreu à modernidade como as mocinhas de hoje em dia.— Como assim? — perguntei, sem paciência, pensando que faria uma piada sem graça.— Um teste rápido. — Ele sorriu de lado, venenoso. — Aquelas meninas que querem esconder a gravidez, depois abortar sem que ninguém descubra. — A pausa foi cruel. — É isso que você pretende, menina? Ir direto a uma clínica, saber a idade do bebê para poder tirá-lo?O estômago virou. O sangue pareceu secar nas veias. — Deus, não! — soltei, tão alto que algumas pessoas na recepção viraram a cabeça. Respirei fund